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IPO do Nubank atrai recorde de 815 mil investidores

Banco digital estreia hoje na Bolsa de Nova York, como maior instituição financeira do Brasil em valor de mercado

Nubank: como se mais de 20% de todos os investidores diretos da bolsa decidissem participar de IPO (Nubank/Divulgação)

Nubank: como se mais de 20% de todos os investidores diretos da bolsa decidissem participar de IPO (Nubank/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 9 de dezembro de 2021 às 10h36.

A oferta pública inicial (IPO) do Nubank atraiu 815 mil investidores pessoas físicas que compraram BDRs, as frações de ações que serão negociadas na B3. O banco digital será listado na Nyse, mas também terá recibos de ações aqui na bolsa brasileira. Esse número transforma a operação em uma das maiores do mundo em termos de adesão do varejo. Para o Brasil, é de longe um recorde.

Apenas para efeito comparativo, o IPO da Mosaico, em fevereiro deste ano, foi altamente demandado por investidores do varejo. O total de participantes foi pouco superior a 31 mil. Considerando as empresas já abertas, o Nubank terá uma base de investidores individuais maior do que a grande maioria da B3. Normalmente, as de maior destaque possuem pouco mais de 1 milhão de acionistas pessoas físicas.

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Depois de reduzir o intervalo da faixa de preço sugerida, a operação saiu no teto estimado, com as ações em US$ 9. Com isso, a super fintech foi avaliada em mais de US$ 41 bilhões e já é a instituição financeira com maior valor de mercado do país. O Itaú encerrou o pregão de ontem, dia 8, avaliado em US$ 37,9 bilhões.

A comparação entre ambas é recorrente. O Itaú representa o incumbente maduro, com lucros trimestrais bilionários, enquanto o Nubank é o desafiante ainda em fase de expansão e, por isso, com a última linha do balanço negativa.

O IPO é, sem sombra de dúvidas, a operação do ano, quiçá da década. É emblemática porque representa o teste mais importante da economia digital no mercado de capitais. O Nubank é, junto com o alemão N26, um dos primeiros bancos digitais do mundo, fundado em 2013. Desde então, construiu uma ascensão meteórica, bastante concentrada nos últimos anos.

Tem hoje uma base de clientes próxima dos 50 milhões, com mais de 35 milhões de usuários ativos, que juntos geraram uma receita de R$ 2,5 bilhões para a instituição no terceiro trimestre de 2021. O Itaú, por exemplo, teve lucro líquido de R$ 6,8 bilhões nesse mesmo intervalo.

Junto com a oferta de ações, os fundadores David Velez, Cristina Junqueira e Edward Wible decidiram também aproveitar o momento para fazer uma ação de marketing e de educação financeira simultaneamente. Os clientes ativos do banco digital puderam receber de graça um BDR, equivalente a 1/6 de uma ação. Com a oferta a US$ 9 dólares, cada recibo ficou em US$ 1,5, ou R$ 8,36. Segundo comunicado do Nubank, 7,5 milhões de usuários aceitaram receber os títulos. Eles vão passar por um processo de “educação” a respeito do mercado ao longo dos próximos 12 meses, antes de poderem negociar o título. Até lá, a posição fica bloqueada.

Apenas para efeitos comparativos, existem atualmente pouco mais de 4 milhões de contas de pessoas físicas em corretoras para negociar ações diretamente na bolsa. É como se mais de 20% delas tivessem voluntariamente decidido reservar BDRs e como se esse número pudesse ser quase triplicado pelo programa para clientes usado no IPO.

O Nubank passa a contar com US$ 2,6 bilhões para investimentos ou R$ 14,2 bilhões em capital próprio, captados no IPO. Mais do que isso, o mercado vai poder acompanhar, daqui para frente, passo a passo como a instituição vai seguir com seu projeto de rentabilizar a atual base de clientes e, ao mesmo tempo, seguir com seu processo de expansão, que inclui operações no México e na Colômbia, além de algumas iniciativas de menor porte em outros mercados da América Latina.

Esse é o maior desafio do Nubank, junto com manter o custo e a complexidade de operação baixos.

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