Equipe do Inter na sua estreia na Nasdaq em 2022: Pregão de hoje teve uma das maiores altas desde então (Inter/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 18h36.
O Inter acelerou a concessão de crédito e entregou um balanço praticamente em linha com o esperado, com lucro de R$ 315 milhões, alta de 53% ao ano anterior. Ainda assim, as ações dispararam 14% na Nasdaq nesta quarta-feira, num dos melhores pregões da companhia desde a estreia na bolsa americana em 2022.
Parte do desempenho veio do bom humor com as ações brasileira: o EWZ, índice de ações do país em dólar, subiu 2%. Mas a inadimplência controlada do banco e um upgrade do BTG (do mesmo grupo de controle de EXAME), que elevou sua recomendação para compra, deram gás aos papéis do banco dos Menin.
“O mercado estava com muito medo da inadimplência”, afirma o analista de uma gestora que acompanha de perto o papel. “No passado, quando houve aumento dos atrasos, o banco puxou o freio do crescimento. Agora, não só a inadimplência não veio, como o Inter acelerou a concessão de crédito”.
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Em outras palavras: o caminho parece livre para que o banco siga expandindo a concessão, tanto em linhas com garantia que são seu carro-chefe, como home equity, FGTS e o novo consignado privado, como também em cartão de crédito e PIX finance, modalidades com maior risco, mas mais retorno.
O bom momento foi reforçado por uma mudança de recomendação do BTG, que carregava um call 'neutro' para o papel desde novembro de 2023.
Na época, o Inter operava com um ROE de 5% e negociava a um múltiplo de 1,6x o seu valor patrimonial – um patamar considerado justo à época pela equipe liderada por Eduardo Rosman, mesmo considerando o potencial de crescimento à frente.
Hoje, após um crescimento de três vezes do lucro no ano passado e no caminho para entregar uma alta de 50% neste ano, e com o ROE já beirando os 14%, o múltiplo não acompanhou. Nas contas do banco, o Inter segue estacionado nas mesmas 1,6 vezes.
“Em outras palavras, a ação passou por um de-rating, mesmo com uma redução importante do risco na tese de investimento”, resumiu Rosman. O preço-alvo foi mantido em US$ 8,17, um potencial de alta de 25% em relação ao fechamento do pregão de ontem. “Mas com 20 meses de entrega consistente vemos razões suficiente para dar upgrade para buy”
Como avenidas de crescimento, a equipe reforçou o forte potencial do Inter no novo consignado privado, um produto que guarda boa semelhança com o DNA de modalidades com colateral oferecidas pelo banco. Apesar de a linha ter começado apenas em abril, o banco já está beirando R$ 1 bilhão em concessões – e vê espaço para ser um dos líderes neste mercado.
Outro ponto destacado pelo BTG é boa execução da estratégia de ‘hiper-personalização’ da experiência para o usuário do banco. Ajustes no layout do app, interface e no marketing, encorajando o cliente proativamente a fazer o cadastro da chave PIX, por exemplo – fizeram as taxas de ativação dos clientes nos 30 primeiros dias após o cadastro saírem de 35% para 51%.
Desde então, o Inter fez uma transformação para moldar a jornada do usuário baseado no uso individual do produto. Agora, diz o BTG, essa estratégia também está sendo estendida para PMEs, nas quais o Inter está explorando iniciativas de customização específicas por vertical.
“Apesar de as PMEs responderem por apenas 5% da base de clientes do Inter, elas respondem por 50% dos depósitos altamente rentáveis. Se a estratégia continuar a ser bem executada, ela vai se traduzir em uma receita maior à frente.”