Inter: PIX financiado não vai ser bala de prata, mas deve aumentar rentabilidade (Inter/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 9 de maio de 2024 às 08h26.
Última atualização em 9 de maio de 2024 às 09h21.
Mantendo uma sequência de melhoras no resultado, o banco Inter reportou um novo trimestre de lucro recorde, desta vez de R$ 195 milhões – alta de 22% em relação ao quarto tri e mais de 7 vezes superior aos R$ 24 milhões dos três primeiros meses de 2023.
O destaque no balanço ficou por conta da melhora do índice de eficiência, que mede o quanto das receitas são consumidas por custos e despesas operacionais (quanto menor, melhor).
O indicador caiu 306 pontos-base em relação ao fim do ano, para 47,7%, abaixo pela primeira vez dos 50%.
É uma aceleração da tendência verificada nos dois trimestres anteriores, quando o banco da família Menin vinha entregando uma redução da ordem de 100 bps.
“Mantemos o nosso patamar de despesas no mesmo nível do fim do quarto trimestre de 2021. É uma prova clara de quanto o nosso modelo de banco digital é escalável e gera valor”, diz o CFO Santiago Stel.
Desde o fim de 2021, a receita por funcionário do Inter praticamente triplicou, num momento em que o banco vem acelerando a receita. No primeiro trimestre, a receita bruta avançou 27% na comparação anual, chegando a R$ 2,3 bilhões.
“A pandemia deixou claro que tinha havido um ‘overhiring’ e mostrou como a podíamos operar e usar nossa equipe com mais eficiência”, pondera Stel.
No primeiro trimestre, o Inter conquistou mais 1 milhão de clientes ativos, chegando a 17,4 milhões. Ao todo, são 31 milhões de clientes, considerando também aqueles que não utilizaram o banco nos últimos meses.
A taxa de ativação dessa base subiu 0,9 ponto percentual, chegando a 54,9%.
“O engajamento com os clientes vem aumentando, tanto por meio de novos produtos, como o Inter Loop [programa de fidelidade] e a Conta Global, quanto pela maior assertividade em capturar o cliente logo que ele abre conta no banco”, aponta Stel.
O crescimento das receitas foi impulsionado principalmente pelas receitas com juros. A carteira de crédito novo aumentou R$ 500 milhões em relação ao fim do ano, chegando a R$ 32 bilhões, puxada principalmente pela linha de FGTS e home equity.
O crédito via PIX parcelado também avançou, com o Inter com 8% do market share na categoria.
Num período sazonalmente mais pressionado após os gastos do fim de ano, a inadimplência da carteira subiu de 4,6% para 4,8% considerando os atrasos em 90 dias – menor que o avanço de 30 pontos-base verificado no primeiro trimestre do ano passado.
“Considerando a safra de crédito, essa está bem melhor do que a que verificamos em 2020, 2021 e 2022”, aponta o CFO, acrescentando que o efeito é fruto de um mix mudança de portfólio e do ciclo de crédito começando a melhorar.
O Inter opera com uma carteira de crédito mais conservadora, com cerca de 70% colateralizada e apenas um terço sem garantias. A estratégia do banco é aumentar a presença nessa última modalidade, com margens maiores, mas o crescimento deve vir de maneira consciente, sublinha o CFO.
“Não queremos ter o first mover ‘desadvantage’ de assumir mais risco na frente, mas vemos um cenário mais propício para crescer na carteira sem colateral”, diz.
O Inter encerrou o primeiro trimestre com um retorno sobre patrimônio (ROE) de 9,7%, a quinta alta consecutiva do indicador, desta vez de 1,15 ponto percentual.
O banco trabalha com o plano que batizou de 60/30/30 para 2027: 60 milhões de clientes e taxas de 30% tanto para o indicador de eficiência quanto o ROE. E hoje acredita que pode atingi-las antes do prazo.
“Estamos avançando mais rápido que o esperado em todas as métricas”, diz Stel.