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Insurtech criada em 2020 capta R$ 44 mi para ser “Nubank dos seguros”

A 180º Seguros está usando o capital semente recebido para construir uma plataforma que permite que qualquer empresa possa vender seguros

Franco Lamping, Mauro Levi D’Ancona e Alex Körner, fundadores da 180º Seguros: o aporte na companhia foi liderado pelos fundos Canary, Dragoneer e Rainfall (Higor Blanco/Divulgação)

Franco Lamping, Mauro Levi D’Ancona e Alex Körner, fundadores da 180º Seguros: o aporte na companhia foi liderado pelos fundos Canary, Dragoneer e Rainfall (Higor Blanco/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 5 de maio de 2021 às 06h00.

Última atualização em 5 de maio de 2021 às 11h03.

Depois de quatro anos no Nubank, onde liderava a área de investimentos, Mauro Levi D'Ancona decidiu deixar o emprego dos sonhos para empreender. Seu objetivo era construir um negócio inovador no mercado de seguros brasileiro. Confiante de que o segmento seguirá os passos do setor bancário e sofrerá uma grande transformação nos próximos anos, o empreendedor convidou os amigos Alex Körner (ex-líder da insurtech do Santander) e Franco Lamping (ex-engenheiro de software do Nubank) para se aventurarem na jornada com ele. Em outubro do ano passado, o trio lançou insurtech 180º Seguros no mercado brasileiro.

A empresa, que ainda nem completou o primeiro ano, anuncia nesta quarta-feira, 6, ter captado um investimento de R$ 44 milhões para financiar os primeiros meses da sua operação. O aporte foi liderado pelos fundos Canary, Dragoneer e Rainfall. "Estamos muito orgulhosos de apoiar a 180º desde seus primeiros passos. Mauro, Alex e Franco têm muita experiência tanto no setor de seguros quanto em startups e reúnem as habilidades necessárias para revolucionar o jeito que os brasileiros consomem seguros", diz Marcos Toledo, sócio da Canary.

A 180º segue um modelo batizado de “insurance as a service” (seguro como serviço, em português). Como uma corretora, a startup faz a ponte entre 17 seguradoras do mercado nacional e outras empresas que têm interesse em disponibilizar seguros para seus clientes. Por conhecer o mercado e atuar como uma mediadora, a insurtech consegue ajudar as duas pontas a identificar oportunidades e desenhar produtos específicos para as necessidades do cliente final. 

Segundo D’Ancona, uma das principais vantagens do modelo é poder reduzir o custo do seguro ao entregar um produto feito especificamente para as necessidades do cliente e na hora que ele precisa. “Uma empresa da construção civil pode vender um seguro para o imóvel e estender seu relacionamento com o cliente, por exemplo”, afirma o cofundador. Nos primeiros meses de operação, a startup já conquistou mais de 20 clientes corporativos, entre eles grandes empresas e startups dos setores imobiliário, financeiro e varejista.

Além de ajudar a construir o seguro, a 180º ajuda as companhias clientes a estruturar seu modelo de venda e, uma vez que o seguro seja vendido, a startup oferece seu serviço de atendimento ao cliente. A princípio, a empresa vai cobrar pelos serviços com uma taxa sobre cada venda feita. “Acreditamos que nossa visão de mercado e estratégia de empresa fez com que fundos tão importantes e que nunca investiram em startups no Brasil no estágio de seed confiassem no nosso modelo de negócio”, diz D’Ancona. 

Com o investimento, a startup pretende dobrar o tamanho da sua equipe, de 25 para 50 pessoas, até o final do ano. Segundo os fundadores, não há uma grande meta de receita ou número de clientes para 2021. O plano é conseguir colocar na rua os produtos dos 20 primeiros clientes e ajustar o modelo de negócio.

Mesmo rendendo bilhões de reais por ano, o mercado brasileiro de seguros ainda é um gigante inexplorado. A penetração dos seguros ainda é muito baixa no país. O seguro de vida, por exemplo, é usado por 15% da população brasileira contra 44% da americana. Apesar disso, o setor tem mostrado crescimento constante, mais do que dobrando de tamanho na última década. As receitas, que em 2009 somavam pouco mais de R$ 95 bilhões, chegaram a R$ 273,7 bilhões no ano passado, segundo a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras).

Movimentos de flexibilização do mercado por parte da reguladora Susep (Superintendência de Seguros Privados) também animam as empresas do setor. No ano passado, a reguladora fez um aceno à inovação com o lançamento do seu sandbox regulatório, que permite que startups operem por até três anos com custo menor enquanto desenvolvem seus modelos de negócio.

Essa conjuntura dá confiança ao trio de fundadores da 180º e a seus investidores de que o mercado brasileiro de seguros está à beira de uma transformação sem volta. “Temos oportunidades no mercado, estamos capitalizados e montando um time bom. A bola está do nosso lado agora”, diz D'Ancona.

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