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Iguá: sócios canadenses CPPI e AimCo garantem R$ 3,3 bi em aportes

Recursos serão usados para financiar aquisição de bloco 2 da Cedae, por R$ 7,3 bilhões, que fará companhia dobrar de tamanho em 3 anos

Vista da Barra da Tijuca: principal região do bloco 2, conquistado pela Iguá na privatização da Cedae (Ricardo Azoury/Pulsar Imagens/Exame)

Vista da Barra da Tijuca: principal região do bloco 2, conquistado pela Iguá na privatização da Cedae (Ricardo Azoury/Pulsar Imagens/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 1 de maio de 2021 às 01h06.

Última atualização em 1 de maio de 2021 às 01h36.

A Iguá Saneamento deixou clara a força dos acionistas que conseguiu atrair e inaugurou sua nova fase de vida, em que o foco é a expansão. A companhia saiu vitoriosa no leilão da Cedae, realizado nesta sexta-feira, dia 30,  e levou o bloco 2, uma tacada de nada menos do que R$ 7,3 bilhões. Os sócios do bloco de controle, os fundos Canada Pension Plan Investiments e Alberta Investment Management Corporation (AimCo), já aprovaram injetar novos R$ 3,3 bilhões na empresa, contou ao EXAME IN o presidente da empresa, Carlos Brandão.

Os recursos fazem parte do pacote que financiará esse passo do plano de crescimento. Após a integração do bloco conquistado, que inclui a Barra da Tijuca, Jacarepaguá e mais as cidades Miguel Pereira e Paty dos Alferes, a Iguá vai dobrar de tamanho. A expectativa, segundo o executivo, é que isso leve de dois a três anos.

O EXAME IN apurou que a Sabesp pode entrar em sociedade no projeto, na forma de consórcio, mas a questão não está completamente definida. Por enquanto, a conquista da outorga carioca é apenas da Iguá. O assunto ainda é considerado sensível pelas empresas, que não comentam o assunto.

A conquista no leilão vai agregar entre 2 e 3 milhões de novos usuários à rede da companhia, que já tem 6 milhões de pessoas atendidas. O impacto na receita é superior ao aumento de clientes porque o atendimento à população será feito diretamente. A empresa tem  Parcerias-Público-Privadas (PPPs) no seu portfólio de concessões, que pela natureza do modelo tendem a gerar arrecadação líquida menor.

Em 2020, a receita líquida da Iguá alcançou R$ 758 milhões, com Ebitda de R$ 315 milhões – margem superior a 45%. A companhia é resultado da virada da antiga CAB Ambiental, adquirida pelo primeiro fundo da gestora IG4 Capital, conduzida por Paulo Mattos, egresso da GP Investments, e que agora já está na captação do terceiro portfólio.

“Quem tinha dúvidas a respeito do nosso potencial de expansão, agora não tem mais”, destacou o executivo. O projeto, reforçou ele, continua sendo triplicar a empresa de tamanho, em relação ao que era em 2020, em um prazo de três anos. Por isso, a empresa vai seguir avaliando novas oportunidades no setor. Ele destacou que, dessa forma, a Iguá também chegará à etapa de abertura de capital em outro patamar. Antes da negociação com o CPPI, chegou a protocolar um pedido para fazer sua oferta pública inicial (IPO), na B3.

A semana marca a mudança de fase da companhia, que deixou definitivamente para trás o processo de equacionamento de dívidas e entrou na fase de expansão. “O projeto para a Cedae inclui questões ESG de grande impacto. Vamos promover a limpeza de diversas lagoas, do Rio. Isso nos traz uma perspectiva de nos tornarmos referência na América-Latina nesses quesitos”, completa ele.

Além da vitória no leilão, a Iguá concluiu na quarta-feira, dia 28, uma capitalização total de R$ 596 milhões. A operação faz parte da entrada do CPPI ao grupo de sócios, que investiu um total de R$ 1,1 bilhão considerando a compra de participação de acionistas minoritários. A rodada de aportes contou com recursos, em menor proporção, da AimCo e da BNDESPar, que tem pouco menos de 11% da empresa. A IG4 é a gestora da posição de seu próprio fundo e também dos sócios de controle, com um total de 89% do negócio sob seus cuidados.

No total, só de recursos novos, na forma de capital, relacionados à Cedae há R$ 3,5 bilhões. O pacote de financiamento inclui ainda R$ 4 bilhões em linhas de crédito que serão fornecidas pelo Bradesco e pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). Os empréstimos-ponte têm prazo de quatro anos. “É tempo suficiente para organizarmos estruturas de longo prazo”, disse Brandão. Do total da outorga, 65% devem ser pagos no ato da assinatura.

O bloco 2 tem atrelado à outorga uma obrigação de investimento de R$ 2,75 bilhões em um prazo de 30 anos. “Logicamente, a aplicação disso está concentrada nos primeiros dez anos.” Trata-se do bloco com menor necessidade de investimento prevista — o maior é o bloco 4, com obrigações orçadas em R$ 16 bilhões, dos R$ 30 bilhões totais estabelecidos para o processo completo de privatização.

Por essa e por ouras razões era o bloco considerado mais importante para o projeto da Iguá. A região tem capacidade de gerar retorno em velocidade maior que as demais. A empresa também concorreu pelo bloco 1, que acabou conquistado pela Aegea, que nessa semana anunciou uma capitalização de R$ 1,3 bilhão pela Itaúsa.

Na largada, a compra de parte da Cedae vai elevar bastante os índices de alavancagem. Mas, conforme a integração da rede ocorrer, vai retornar para patamares razoáveis. "Está todo mundo sabendo. Todo mundo avisado. É o natural em um processo como esse", alerta o presidente da companhia.

 

 

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