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iFood negocia a compra da Alelo por até R$ 6 bi. É o Bradesco quem está mais engajado

Transação, que alçaria a gigante do delivery à liderança em benefícios do país, foi antecipada pelo Valor e confirmada pelo INSIGHT

iFood: Das entregas de restaurantes e mercado a vale refeição e banco (Foto: Divulgação/iFood) (iFood/Divulgação)

iFood: Das entregas de restaurantes e mercado a vale refeição e banco (Foto: Divulgação/iFood) (iFood/Divulgação)

Publicado em 23 de julho de 2025 às 18h48.

O iFood está negociando a compra do Alelo, a empresa de vale-alimentação e vale-refeição controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil, no que seria a maior transação da sua história e alçaria a companhia à liderança neste mercado no Brasil. A informação foi antecipada hoje pelo Valor e confirmada pelo INSIGHT.

As negociações já vêm há alguns meses e o Morgan Stanley foi contratado para assessorar a empresa de delivery – que, normalmente, faz seus M&As, de menor porte, dentro de casa.

Os valores na mesa têm circulado entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões e ainda não há nenhum acordo fechado, tampouco garantias de que a transação vá em frente.

A Alelo tem como acionistas do BB e o Bradesco. Segundo fontes, é o banco da Cidade de Deus que, por ora, tem sido o principal interlocutor na transação. Procurado, o Bradesco disse que não comentaria.

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O iFood entrou no setor de benefícios em 2020 e o negócio vem ganhando alguma tração desde então, com cerca de 600 mil usuários. A Alelo, no entanto, mudaria a escala do jogo, adicionando mais de 6 milhões de usuários à base.

"O iFood quer cruzar cada vez mais o online e offline dos restaurantes e consumidores. E o setor de benefícios é chave para isso", disse uma fonte que conhece de perto a companhia.

O cheque, na compra, seria assinado pela Prosus, controladora do iFood, e que vem aumentando cada vez mais sua aposta no Brasil e na América Latina. No fim do ano passado, a companhia comprou a Decolar.com.

Uma das preocupações dentro da empresa é como seria a avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Se, por um lado, as razões para o apetite do iFood estão claras, as motivações de Bradesco e BB para se desfazer do ativo são menos óbvias.

O negócio de VR e VA tem uma sinergia grande com seu balcão de distribuição bastante capilarizado, especialmente com a gestão de folha de pagamentos.

Ambos os bancos se beneficiariam de botar algum dinheiro no balanço, em especial o Bradesco que está mais restrito em termos de capital.

O setor vem passando por mudanças importantes nos últimos anos, com a entrada de players independentes, como o próprio iFood e outras companhias como Flash e Caju entrando no quintal do que antes eram as líderes do setor.

Ainda assim, as quatro maiores do setor – Alelo, Pluxee (ex-Sodexo), Ticket e VR – concentram cerca de 80% do mercado que movimenta entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões ao ano.

Outro ponto que chama atenção é o fato de as negociações estarem ocorrendo em meio a um maior escrutínio regulatório.

O governo vem estudando medidas para limitar a taxa que as administradoras de benefícios podem cobrar por transação. Isso afeta em cheio o valuation da transação.

"Se a regulação sair, [o preço proposto pelo iFood] está caro. Se não sair, está barato", disse um outro interlocutor a par das conversas.

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