Araújo: oferta única da i4pro faz companhia 'nadar de braçada' em meio aos avanços regulatórios do setor (i4pro/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 20 de junho de 2022 às 09h00.
Pensar no mercado de seguros era, até bem pouco tempo atrás, sinônimo de lembrar de um segmento um tanto ‘quadrado’, de difícil capacidade de se modernizar. A pandemia e seus variados efeitos trouxeram o pontapé inicial para mudar esse cenário, com um consumidor mais sensível a resolver tudo on-line, além da própria distância física entre colaboradores de companhias. A regulação veio a reboque para cobrir essas necessidades, com a criação do sandbox regulatório de seguros e o movimento de open insurance, que beneficiaram companhias de tecnologia dedicadas ao setor. Uma delas é a i4pro, fundada há 17 anos e líder em fornecimento de serviços de tecnologia para o mercado de seguros. Nos últimos três anos, a companhia duplicou de tamanho. Em 2021, faturou R$ 69 milhões e projeta chegar aos R$ 80 milhões ainda em 2022. A receita para chegar lá? Ampliar o portfólio de serviços para ter cada vez mais tecnologia de ponta e continuar sendo a ‘one stop shop’ preferida do setor.
A i4pro consolidou o caminho até aqui como a provedora de serviços capazes de digitalizar a rotina do setor de seguros, tirando o que era do telefone e passando para as telas do computador. Em um mundo no qual a tecnologia avança a passos largos e seguradoras passam a contar com cada vez mais ferramentas – por exemplo, inteligência artificial para reduzir o número de fraudes – a companhia também se esforça para incorporar novas ferramentas ao portfólio. Para isso, está de olho em iniciativas orgânicas e inorgânicas, segundo Rafael Araújo, CEO da i4pro. “A companhia tem M&As no DNA. Nosso objetivo é procurar por parceiros capazes de atender aos nossos clientes da melhor maneira possível”, diz. Por enquanto, ainda não há nenhum nome na mesa.
Hoje, o executivo se orgulha do fato de a empresa ser a única registradora de seguros que também oferece soluções de administração da apólice, serviço reunido em uma oferta chamada InPolicy. No detalhe, a companhia foi a sexta empresa brasileira autorizada a operar o Sistema de Registro de Operações (SRO), sistema criado pela Susep para reunir informações de todas as seguradoras, de olho na segunda etapa do Open Insurance. Em linhas gerais, com o InPolicy, seguradoras de todos os portes clientes conseguem registrar produtos, apólices de seguro e transações direto no sistema da Susep, com alto nível de segurança.
Além desse serviço, a i4pro também oferece outros três: o ERP – que funciona como uma espécie de SAP para seguradoras – e inclui desde ferramentas de workflow até módulos de BI; um marketplace de cosseguro, que funciona, numa analogia, da mesma forma como a B3 permite a troca de ações: em vez de papéis, a plataforma da i4pro permite a troca de risco entre seguradoras, substituindo um processo caseiro de ligações entre diferentes agentes. Por fim, a companhia vai passar a oferecer um sistema de nuvem para as seguradoras em breve. Trocando em miúdos: a companhia tem uma atuação super especializada em todas as pontas que envolvem o dia a dia de seguradoras.
À primeira vista, estes serviços podem pode até parecer uma oferta fácil de ser copiada por players mais novos, especialmente diante do bom humor de investidores com startups de modo geral nos últimos dois anos. Mas, a verdade é está longe de parecer com isso. “Não é fácil encontrar empresas capazes de atender a todos os nichos de seguros e cujas soluções sejam modulares e customizadas às necessidades de cada empresa. Temos uma bagagem de muitos anos e uma expertise reconhecida pelo setor”, diz Araújo ao EXAME IN.
Para dar um exemplo do que a experiência acumulada traz de efeito, o executivo afirma que os ganhos de produtividade conquistados por clientes da i4pro auxiliaram as companhias a crescerem 40% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, um percentual bastante representativo se comparado à média do setor, de 16%. A companhia tem cerca de 40 seguradoras como clientes, além de empresas menores do setor.
Além de agregar produtividade 'da porta para fora,' a própria i4pro também se beneficia dos efeitos de produtividade ao longo do tempo. Hoje, a companhia conta com 230 colaboradores e consegue atender diferentes clientes que têm, cada um, uma mão de obra de tecnologia do dobro disso. Tudo que é desenvolvido para os clientes é feito do jeito ‘tradicional’, sem utilizar plataformas de low-code ou no-code (conhecidas por aumentar a agilidade de implementação de produtos de tecnologia por permitirem que mesmo pessoas de fora da TI possam entendê-las). Incorporar ferramentas como essas para acelerar ainda mais o processo de atendimento aos clientes não é algo descartado pela companhia, segundo o CEO.
“Processamos mais de 30 milhões de apólices, aproximadamente R$ 10 bilhões de prêmio no ano passado. Estamos discutindo um plano estratégico para agregar mais áreas de inteligência e trazer ainda mais agilidade para nossos clientes”, diz Araújo.
Os avanços da i4pro ao longo do tempo se relacionam bastante ao mandato do próprio CEO dentro da companhia. Araújo assumiu o comando da empresa em 2019, depois de um aporte realizado pela Ângulo Capital, que veio no modelo de ‘search fund’. O executivo já procurava por uma empresa com alto potencial de crescimento para realizar o investimento há cerca de um ano, quando encontrou a i4pro. “A gente já tinha olhado mais de 600 empresas antes de chegar até aqui. Foi uma aquisição bastante estudada e fico muito satisfeito com o resultado que temos”, diz o CEO.
Hoje, 85% do capital social da companhia é americano. O fundo comprou o controle de quatro co-fundadores – dois saíram do negócio e outros dois mantêm, juntos, uma participação de 15%. Entre os atuais investidores gringos, há um pouco de tudo: family offices, investidores pessoa física e gestoras como a Pacific Lake Partners.
Em um tempo no qual os avanços tecnológicos são cada vez mais frequentes – bem como a aquisição de participação no capital social de companhias – o CEO explica que a empresa é cogitada frequentemente por diferentes investidores, incluindo nomes consolidados do próprio setor de seguros brasileiro. Mas que, por enquanto, a venda da empresa não está nos planos da i4pro. “A empresa gera muito caixa. Os investidores querem colocar mais dinheiro porque sabem que eu vou retornar. Para alguém fazer uma nova aquisição, terá de ser algo muito grande, porque a empresa é zero alavancada” diz. Uma coisa é certa: a missão de continuar ajudando a digitalizar o setor de seguros no Brasil não deve parar tão cedo.
Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.