Empresa faturou cerca de R$ 50 milhões em 2023; mais que tamanho, o que interessa à Heineken é o posicionamento e a inovação (Better Drinks/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 5 de junho de 2024 às 08h55.
Última atualização em 5 de junho de 2024 às 11h42.
Na sua principal incursão além da cerveja no Brasil, a Heineken está comprando uma participação na Better Drinks, dona de um portfólio que inclui o chá gaseificado Baer Mate e a Vivant, de vinhos em lata, fontes com conhecimento do assunto disseram ao INSIGHT. A companhia é dona também da cerveja artesanal Praya.
A aquisição, que está em fase final de conclusão, é de uma fatia minoritária. O anúncio oficial deve acontecer no fim de junho e passa por uma estratégia de ampliar a atuação da companhia e as ocasiões de consumo.
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A Better Drinks foi criada em 2022, por Felipe Della Negra, ex-CEO da Red Bull Brasil, Felipe Szpigel, ex-AB InBev. Nasceu da união de cinco diferentes negócios: além da Baer Mate e da Vivant, inclui a Five Drinks, de drinks prontos, a Mamba, de água em lata, e a cerveja artesanal Praya. Há ainda o Vermelhão, uma bebida alcoólica lançada em parceria com Gusttavo Lima que lembra um Campari.
Na união com a Heineken, Della Negra deve continuar tocando o negócio. Parte da equipe já está trabalhando no escritório da cervejaria holandesa em São Paulo.
Num ano de desaceleração do setor depois do salto de consumo da pandemia, a Better Drinks faturou cerca de R$ 50 milhões em 2023. Embora pequena, a Better Drinks é considerada um player de relevância, principalmente pelo posicionamento e pelo pipeline de inovação, que mira nichos que vão da sustentabilidade à praticidade.
Antes da compra, o portfólio já vinha sendo distribuído pela própria Heineken. O produto mais vendido é chá o Baer Mate – uma espécie de energético natural, que traz a energia da cafeína, mas com o sabor do mate, adoçado com suco de maçã.
A aquisição visa fortalecer o portfólio da Heineken num filão que já vem sendo explorado pela concorrente Ambev. Em 2021, a dona da Brahma começou a organizar as bebidas que não eram cerveja dentro de uma só divisão, batizada de Beyond Beer.
Os números da divisão ainda não são divulgados pela Ambev, mas na operação global, a Beyond Beer respondeu por US$ 320 milhões da receita de bilhões da AB InBev e cresceu um dígito baixo.
Na Heineken global há poucas informações sobre o segmento. No relatório do primeiro trimestre, a única citação é para o crescimento de “cerca de 10%” do portfólio beyond beer na África do Sul.
No Brasil, o grupo comprou a Brasil Kirin em 2017, mas a partir de 2020 intensificou a reformulação de seu portfólio.
Diminuiu os investimentos em cervejas econômicas e deu mais foco para os rótulos Heineken e Amstel, além de estratégias de marketing específicas para Eisenbahn, Baden Baden e Lagunitas.
Também alterou o portfólio de bebidas sem álcool. Hoje fazem parte do portfólio as marcas FYS, Clash’d, Itubaína, Água Schin, Schin Tônica, e Skinka.