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Hapvida e Intermédica assinam hoje fusão de R$ 115 bilhões

Negócio pode acrescentar pelo menos mais de R$ 30 bilhões ao valor das empresas combinadas

Aperto de mãos na saúde: duas gigantes de planos verticalizados unem forças e terão 20% do mercado (Morsa Images/Getty Images)

Aperto de mãos na saúde: duas gigantes de planos verticalizados unem forças e terão 20% do mercado (Morsa Images/Getty Images)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 15h28.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2021 às 21h40.

As duas maiores empresas de saúde verticalizadas, Hapvida e Grupo NotreDame Intermédica, assinam neste sábado, dia 27, os documentos da combinação dos negócios, uma transação de R$ 115 bilhões, considerando o preço atual em bolsa das duas companhias mais a parcela em dinheiro que será desembolsada. As assembleias de acionistas de ambas as empresas serão convocadas para dentro de 30 dias, para aprovar as condições finais.

A Hapvida vai incorporar a Intermédica e, no meio do caminho, resgatar uma parcela das ações em valor equivalente a R$ 4 bilhões. Ao fim das etapas, a composição resultante sofreu um micro-ajuste em relação à proposta formalizada pela Hapvida em dezembro: a base acionária da companhia vai representar 53,6% da empresa unificada e a da Intermédica, 46,4%.

Anteriormente, a Hapvida ficaria com 53,1%. “O pagamento dos recursos em dinheiro foi uma forma de ampliar a proposta sem alterar a participação da família Pinheiro, fundadora da Hapvida, ao fim de tudo”, disse uma fonte próxima às conversas.

O patriarca Candido Pinheiro e os filhos têm atualmente 70% da Hapvida e ficarão com quase 38% ao fim de tudo.

A expectativa é que juntas, as sinergias geradas representem um acréscimo de R$ 1 bilhão ao Ebitda anual combinado, conforme fontes próximas ao negócio. É a primeira vez que são feitas estimativas de sinergias. Pela soma do balanço até setembro do ano passado, a receita líquida das empresas é de R$ 18,2 bilhões e o Ebitda, de R$ 3,6 bilhões. Esse valor não inclui o ágio gerado que poderá resultar ainda em economias fiscais.

Portanto, é como dizer que aos múltiplos atuais a combinação gera um adicional de pelo menos R$ 30 bilhões ao valor das empresas.  As empresas terão perto de 20% do mercado nacional de planos de saúde, mas praticamente sem nenhuma sobreposição geográfica. Juntas, serão a segunda maior companhia de saúde na B3. A maior ainda é a Rede D'Or, avaliada em quase R$ 135 bilhões.

Apesar de ter sido alvo de intenso debate, a governança segue praticamente inalterada em relação ao que a família Pinheiro desejava: um conselho de administração com nove membro, sendo 5 indicados pelos fundadores da Hapvida, dois independentes e mais dois recomendados pela Intermédica. Houve alguns ajustes sutis tais a forma de indicação dos membros independentes e ainda a decisão de que, no mínimo, um dos conselheiros deve ser mulher.

A Bain Capital, principal acionista da Intermédica com uma fatia de 11%, receberá cerca de R$ 440 milhões em dinheiro e ficará com perto de 5% da empresa combinada. Os administradores da Intermédica, donos de 3,5% do negócio, vão levar para casa cerca de R$ 150 milhões, fruto do resgate parcial dos papéis. Irlau Machado, da Intermédica, e Jorge Pinheiro, da Hapvida, serão co-presidentes e comandarão o negócio lado a lado. BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e Itaú BBA assessoraram a Hapvida, enquanto Citi e JP Morgan estiveram ao lado da Intermédica após o recebimento da proposta.

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