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Grupo Mateus estima aporte de até R$ 500 milhões na JV com Novo Atacarejo

Valor vai para o caixa da nova companhia que reúne ativos em Pernambuco, Alagoas e Paraíba e deve ser necessário para chegar à fatia de 51% no capital

 (Leandro Fonseca/Exame)

(Leandro Fonseca/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do Exame INSIGHT

Publicado em 31 de maio de 2024 às 12h55.

Dois dias depois de anunciar que está negociando a criação de uma joint venture com a concorrente Novo Atacarejo, o Grupo Mateus deu mais detalhes do quanto deve gastar na aquisição.

Segundo fato relevante publicado hoje pela manhã, a rede de atacarejo estima que deve aportar entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões na nova companhia, com recursos primários – ou seja que vão para o caixa da JV e não para os novos sócios.

O valor deve ser necessário para chegar a uma combinação que dê ao Mateus o controle do negócio, com 51% do capital. A família Assis, dona do Novo Atacarejo, vai ficar com os 49% restantes.

Pela operação anunciada na quarta-feira (29), o Grupo Mateus vai aportar 21 lojas nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, com faturamento de R$ 2,3 bilhões em 2023, enquanto o Novo Atacarejo vai entrar com todas as suas 29 unidades nessas regiões, que faturaram R$ 4,5 bilhões.

As negociações são exclusivas, mas o acordo ainda é preliminar e vai passar por uma avaliação para definir o valuation final no negócio.

Chamou atenção do mercado o fato de o Grupo Mateus ter ficado com o controle, apesar de ter faturamento menor. O anúncio original previa uma a possibilidade de um aporte de capital do Mateus na JV para fazer o encontro de contas, mas o valor não tinha sido revelado.

De acordo com o comunicado de hoje, o pagamento da fatia primária – ainda a ser definido – será feito em três parcelas anuais, ajustadas pelo IPCA.

Alguns detalhes cruciais ainda são necessários para entender o valuation completo da transação. O Mateus já tinha afirmado que o cálculo do valor dos ativos na transação será feito por múltiplo do faturamento por loja.

A investidores, a administração da companhia tem sinalizado que, apesar da receita menor no consolidado de 2023, houve a abertura de diversas lojas na região ao longo do último ano, que estão maturando agora e devem deixar o faturamento total mais perto daquele do Novo Atacarejo.

Numa conta de chegada, um gestor especula que o Novo Atacarejo deve ter uma dívida líquida na casa de R$ 250 milhões; e que o múltiplo de avaliação dos ativos foi de 0,5 vez o faturamento por loja – considerando que cada loja de Mateus e Novo Atacarejo tem receitas parecidas.

“Nesses termos, mais R$ 450 milhões de primária, chega-se a essa participação de 51%/49%”, afirma.

Fontes ouvidas pelo INSIGHT ainda consideram a transação positiva, especialmente do ponto de vista estratégico, já que traz para perto um concorrente que vinha dando trabalho para o Mateus principalmente em Pernambuco e libera capital e foco para expansão em outras regiões, como o próprio Maranhão, onde nasceu a rede, e o Pará.

Depois de uma alta de 5% no pregão de quarta-feira, quando foi anunciada a JV, as ações do Grupo Mateus negociam praticamente estáveis no pregão pós-feriado.

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