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GPA lança follow-on mirando de R$ 500 milhões a R$ 1 bi

Dona do Pão de Açúcar já havia sinalizado intenção de realizar oferta; estrutura comporta diluição menor que a antecipada

Pão de Açúcar: dívida ficou R$ 2 bilhões menor
(Foto: GPA/Divulgação) (GPA/Divulgação)

Pão de Açúcar: dívida ficou R$ 2 bilhões menor (Foto: GPA/Divulgação) (GPA/Divulgação)

Publicado em 4 de março de 2024 às 22h49.

Após dois meses de idas e vindas, o GPA acaba de lançar oficialmente um follow-on para reforçar sua estrutura de capital. Considerando os preços de tela, a oferta, que havia sido sinalizada ao mercado no começo de dezembro, pode movimentar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão.

Totalmente primária, os recursos vão reforçar o caixa da companhia e significam uma diluição brutal – de 34% a 50%, a depender do volume captado. Originalmente, o GPA tinha sinalizado uma oferta de R$ 1 bilhão.

A estrutura da oferta, contudo, com metade das ações a serem emitidas na tranche base e o restante no chamado ‘hot issue’, que pode ou não ser exercido, pode trazer menos pressão para o papel, que vem sofrendo com forte volatilidade desde meados do ano passado.

Desde o anúncio da intenção de realizar o follow-on as ações acumulam queda de 16%. Com uma das ações com maior posição short (apostando na queda) do Ibovespa, a oferta já nasce quase 30% coberta. São 40 milhões de ações em posições vendidas, que podem ser cobertas na oferta que totaliza, na operação base, 140 milhões de ações.

“Com essa estrutura, aumentam as chances de a operação sair, estava difícil puxar R$ 1 bilhão”, diz um gestor ouvido pelo INSIGHT.

Em processo de reestruturação operacional e principalmente financeira, a redução da alavancagem está nas agendas prioritárias do CEO Marcelo Pimentel. Uma série de iniciativas, como a venda da fatia da CNova e do Éxito, e outras em estudo, como a venda de postos de gasolina e da sede, que podem trazer mais de R$ 450 milhões para o caixa, deram alívio algum alívio ao indicador.

Mais azeitada e impulsionada positivamente pela sazonalidade do quarto trimestre, a operação também gerou caixa – ainda que o mercado questione o quanto dessa geração será recorrente. Com a oferta, a empresa também anunciou a suspenção da projeção de margem Ebitda ajustada de 8% a 9% para o ano.

O follow-on deve marcar a diluição do Casino, que hoje detém 41% do capital social e vem enfrentando uma série de problemas financeiros próprios a resolver na França.

Com objetivo de arrumar a casa, o Casino já sinalizou que não deve entrar na oferta, seguindo seu plano anunciado de sair dos ativos na América Latina -- movimento iniciado com a saída de Assaí e a venda da rede colombiana Éxito.

Se as 280 milhões de ações forem negociadas, a fatia do grupo francês passa a ser de 20,1%. Considerando a oferta base, a participação do grupo vai de ser 26,9%.

Também irá propor um novo desenho para seu conselho de administração, já refletindo a diminuição da ascendência do Casino.

Atualmente, de nove cadeiras do conselho de administração, quatro são indicações do Casino e uma, que também era indicação do grupo francês está vaga pois pertencia ao atual CFO, Rafael Russowsky.

Pela nova proposta, o Casino teria apenas duas cadeiras, a serem ocupadas por Christophe José Hidalgo e Philippe Alarcon. Uma cadeira seguiria com o CEO Marcelo Pimentel e outras seis seriam ocupadas por conselheiros independentes.

Eleazar de Carvalho Filho, Luiz Augusto de Castro Neves e Renan Bergmann seriam reconduzidos ao cargo, e José Luis Gutierrez, Márcia Nogueira de Mello e Rachel Maia chegariam como novos membros independentes.

A oferta será precificada no próximo dia 13. Itaú BBA (líder), BTG, Bradesco, JP Morgan e Santander coordenam a operação.

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