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Govtech: ‘martelo eletrônico' de R$ 50 bi da PCP chega à cidade de SP

Portal de Compras Públicas fecha parceria com Prefeitura de São Paulo para otimizar licitações de compra de bens e serviços

Para PCP, adesão da Prefeitura de São Paulo à govtech reforça a consolidação desse modelo de startup no cenário nacional (Divulgação/Divulgação)

Para PCP, adesão da Prefeitura de São Paulo à govtech reforça a consolidação desse modelo de startup no cenário nacional (Divulgação/Divulgação)

AB

Angela Bittencourt

Publicado em 13 de agosto de 2021 às 08h02.

Última atualização em 13 de agosto de 2021 às 09h53.

Elas não são tão populares quanto as Big Techs localizadas no Vale do Silício, nos Estados Unidos, não dominam o imaginário dos aficionados em tecnologia e inovação e estão longe de sacudir pregões nas bolsas internacionais em dia de divulgação de resultados. Mas as govtechs ganham espaço no Brasil e ajudam governos em uma tarefa para lá de espinhosa: comprar bens e serviços.

Com essa vocação e mostrando que gênero não é problema para sua identificação, a govtech PCP (Portal de Compras Públicas) chega à prefeitura da maior cidade do país e da América Latina – São Paulo – para otimizar os processos de licitação para compras. A plataforma, que neste ano já recebeu a adesão de 450 prefeituras, tem uma movimentação de fazer inveja aos técnicos dedicados a fechar orçamentos do governo federal. Somente neste ano a PCP transacionou R$ 50 bilhões – montante que supera em mais de 40% o orçamento do Bolsa Família em 2021.

Esse volume de transações implica aumento de 75% em faturamento e de 100% em valores negociados em relação a 2020. Mas crescer não é fácil. No Brasil existem hoje 1.500 startups com potencial para atuar junto ao setor público, mas apenas 80 já trabalham de forma consistente e contínua. Entre os desafios a serem superados estão convencer gestores públicos da importância da inovação e da tecnologia até enfrentar e superar dificuldades no ambiente regulatório dos diferentes níveis de governo – federal, estadual e municipal.

Para o Portal de Compras Públicas – dono da maior plataforma privada de pregão eletrônico do país que atende 1.900 municípios –, a parceria com São Paulo é considerada um marco em seu esforço para transformar o ecossistema de compras públicas no Brasil.

Consolidação

A parceria com a capital paulista foi firmada com o apoio do SEBRAE-SP que pretende capacitar pequenos empreendedores para participar das operações com prefeituras e órgãos públicos com o objetivo de dinamizar as economias locais e regionais. O fio condutor para consolidar essa atuação é o Consórcio Empreendedor – um programa de políticas públicas que oferece um portfólio gratuito de produtos e serviços a todos os interessados sobre governança, inovação e compras no setor público.

Leonardo Ladeira, CEO do Portal de Compras Públicas, reconhece a importância da iniciativa e avalia que a adesão da Prefeitura de São Paulo à govtech reforça a consolidação desse modelo de startup no cenário nacional. “Com essa parceria, o Portal dá um importante passo para levar mais transparência e eficiência para a gestão pública, fomentando a inovação tecnológica dentro do governo e o desenvolvimento do empreendedorismo em todo o país”, afirma o executivo.

A govtech PCP, criada por Bruno Ladeira e Leonardo Ladeira, desenvolve ferramentas que viabilizam e facilitam os processos de licitação em pregão eletrônico. As soluções vão da elaboração de modelos de edital e banco de preços até a formação de cadastros de fornecedores e legislação setorial. No ano passado, a PCP recebeu o selo de govtech do BrazilLAB – um reconhecimento de que é uma empresa inovadora para o setor público.

Segundo o BrazilLAB – um hub de inovação criado em 2015 que acelera soluções e conecta o ecossistema de inovação com o poder público e já acelerou mais de 100 startups –, o Brasil já é visto em diferentes rankings internacionais como uma das nações mais empreendedoras da América Latina, mas a transferência dessa aptidão a governos, em todos os níveis, ainda é tímida se comparada a seu potencial. Dados da Associação Brasileira de Startups apontam mais de 13 mil de empresas no setor de tecnologia e startups e preparadas para operações com órgãos públicos.

Guilherme Dominguez, diretor do Programa de Aceleração do BrazilLAB, e Carlos Santiso, do Banco de Desenvolvimento da América Latina, autores do relatório “As Startups GovTechs e o Futuro do Governo do Brasil”, o país é uma referência em inovação voltada às políticas públicas e ocupa o 4º lugar entre 16 países elencados no Índice Govtech 2020.

Os dois especialistas pontuam que embora robusto e em expansão, o segmento de govtechs têm a enfrentar também a disponibilidade de capital para crescer: 90% das startups que atuam com o setor público iniciaram sua operação com recursos próprios dos sócios fundadores.

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