Santander: banco tem melhorado suas carteiras de crédito desde 2022 em termos de provisões e clientela e deve aproveitar melhora do ciclo (Jakub Porzycki/Getty Images)
Editora do Exame INSIGHT
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 11h46.
Às vésperas da temporada de resultados, o Goldman Sachs promoveu uma troca importante em suas recomendações para os grandes bancos brasileiros – e que está fazendo preço hoje na Bolsa.
Em relatório, a equipe de Tito Labarta elevou o Bradesco de venda para neutro e, na outra ponta, rebaixou o Santander para ‘sell’, apontando que o retorno sobre patrimônio (ROE) já chegou ao pico de 17% primeiro trimestre e só deve retomar esse nível no fim de 2027.
“A carteira de crédito ficou estável no segundo trimestre de 2025 e deve crescer menos que o Bradesco e o Itaú no terceiro trimestre”, escreveram os analistas.
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O Goldman está com uma previsão de lucro abaixo do mercado para os próximos dois anos e vê espaço para revisões no consenso, em grande parte por prever um crescimento mais lento nas linhas de crédito de maior rentabilidade, provisões maiores e margem líquida mais pressionada.
Por volta das 11h10, as units do Santander recuavam 1,66%, entre as maiores baixas do Ibovespa. Na outra ponta, as ações do Bradesco lideravam as altas do índice: BBDC4 subia 1,36% e BBDC3, 1,31%.
No caso do Bradesco, a trajetória de rentabilidade surpreendeu o Goldman para cima.
“Ao longo de 2025, o banco entregou uma geração de capital melhor que o esperado, enquanto o ROE continua num ritmo gradual de recuperação”, disse a equipe.
O ROE do banco saiu do piso de 9,6% em 2023 e deve fechar este ano em 14,6%, nas contas do Goldman, fechando em boa parte o gap com o Santander.
A estratégia de concentrar a originação em linhas com garantias públicas, como o Pronampe e o PEAC-FGI e a redução da carteira renegociada, que hoje responde por 4% do total, também dão mais conforto aos analistas.
Ainda assim, o preço-justo estimado para os próximos 12 meses é de R$ 17, praticamente em linha com a cotação de fechamento de ontem.
O Itaú Unibanco continua sendo, de longe, o destaque do setor, com ROE muito acima dos pares, projetado em 24% para este ano – combinação que justifica a recomendação de compra, apesar do prêmio de valuation frente aos pares.
O preço-alvo de R$ 43 do Itaú embute um múltiplo de 9,1 vezes o lucro, ante 6,2 vezes para o Bradesco e 6 vezes para o Santander.
O Goldman prevê ainda que o Banco do Brasil deve ter um terceiro trimestre ainda bastante difícil, dado que o período normalmente concentra pagamentos da carteira rural, onde está concentrada boa parte dos problemas do banco.
Mas manteve sua recomendação ‘neutra’, já que vê os riscos precificados com a queda do BB no ano e o papel negociando a 0,6 vezes seu valor patrimonial.