Exame IN

GetNinjas garante IPO de R$ 550 mi na pior semana de techs

Companhia fecha oferta na pior semana de tecnologia e garante cheque de R$ 330 milhões para crescer, após aceitar corte de 20% no preço

Para Samurai ver: em imagem de 2016, Eduaro L'Hotellier, fundador da GetNinjas, representa feito do IPO, sem ter ideia do que seria 2021 (GetNinjas/Divulgação)

Para Samurai ver: em imagem de 2016, Eduaro L'Hotellier, fundador da GetNinjas, representa feito do IPO, sem ter ideia do que seria 2021 (GetNinjas/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 13 de maio de 2021 às 21h39.

Última atualização em 14 de maio de 2021 às 07h47.

Foi no sufoco, mas deu. Um feito. A GetNinjas conseguiu garantir seu código no pregão da B3, NINJ3,  em uma das piores semanas para se fechar uma oferta pública inicial (IPO), ainda mais uma ligada à tecnologia. Nem Dotz, nem Zenvia, cuja operação é na Nasdaq, conseguiram fechar suas colocações nas datas previstas. Tiveram de fazer ajustes estruturais.

A GetNinjas topou um desconto de quase 20% no preço, que ficou em R$ 20 — frente ao mínimo do intervalo da faixa de preços sugerida que era de R$ 24,90 — e garantiu sua vez. A informação consta no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além disso, os bancos coordenadores auxiliaram na formação da demanda, incluindo o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Com isso, a novata, uma plataforma digital de serviços que é a cara do brasileiro, não chega atrasada na festa. A avaliação para esse momento? R$ 1 bilhão. A GetNinjas  é quase a nano tech brasileira na B3. Mas, pasmem, em meio à ressaca para esse segmento, a cifra em questão segue bilionária. A demanda alcançou 1,5 vez o livro em meio a essa volatilidade toda e os estrangeiros compraram metade de tudo. Na alocação, o equilíbrio entre valor e liquidez: 2/3 dos compradores são fundos de longo prazo e 1/3 são de hedge funds.

Para a companhia, cujas inspirações não são nada pequenas, como Mercado Livre e Amazon, a oferta pública inicial (IPO) significa garantir o primeiro lugar na fila de quem vai agregar prestadores de serviços, no país cujas famílias mais terceirizam suas necessidades no mundo. No Brasil, contrata-se para tudo: limpar a casa, pintar, lavar tapetes, arrumar armários, decorar e uma sorte de possibilidades. Se o zelador do prédio não resolvesse, há quem contrataria até para trocar a lâmpada.

O plano da GetNinjas é ser para serviços, no Brasil, o que Mercado Livre e Amazon são para produtos. Quando alguém quer comprar algo, não pensa duas vezes onde procurar. No mundo pós-pandemia, que valorizou a casa como nunca, era importante estar pronto agora. E a empresa, fundada em 2011 por Eduardo L'Hottelier, com capital semente de Kazsek e Monashees, decidiu que era o momento.

Capitalizada

Da oferta total, que somou pouco mais de R$ 550 milhões, mais de 60% vai para o caixa da companhia. A operação foi ancorada pelas gestoras Verde, Miles e Indie Capital. É menos que o programado antes, mas o caixa será abastecido, de uma só vez, por um dinheiro que a GetNinjas nunca viu em sua história. No total, antes do IPO, a empresa captou cerca de R$ 80 milhões em dez anos, sendo que metade disso foi numa operação pré-IPO para custear o preparo e iniciativas de expansão que estavam planejadas.

Mais da metade do total que vai gerar liquidez aos negócios, cerca de R$ 330 milhões, será destinada ao marketing. No case da GetNinjas está o potencial do mercado de prestação de serviços no Brasil, uma vez que cerca de 90% dos profissionais estão em um mundo offline — “pero no mucho”, já que o WhastApp é boa ferrramenta para simpes socializações. A plataforma, porém, pode ser um potencializador para qualquer profissional autônomo. A questão é agregar e ser usada em escala. O marketing, para isso, é vital. Nessa semana, a empresa começou a primeira campanha fora do ambiente digital, nas ruas da cidade, conforme antecipou o EXAME IN.

No ano passado, a GetNinjas tinha 2,1 milhões de profissionais cadastrados e recebeu mais de 4 milhões de solicitações de serviços, o dobro do que em 2018 e 2019.  Em 2020, a plataforma movimentou quase R$ 1 bilhão em serviços e gerou uma receita líquida ligeiramente inferior a R$ 50 milhões.

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