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General Atlantic compra Actis e entra em infraestrutura

Movimento vem poucos dias depois de a BlackRock comprar a gestora GIP por US$ 12,5 bilhões, sob uma lógica similar

Infraestrutura na mira de investidores: segunda aquisição em pouco mais de uma semana (onlyyouqj/freepik/Divulgação)

Infraestrutura na mira de investidores: segunda aquisição em pouco mais de uma semana (onlyyouqj/freepik/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 16 de janeiro de 2024 às 17h01.

Última atualização em 16 de janeiro de 2024 às 23h32.

Em mais um movimento de consolidação de investidores de infraestrutura, a General Atlantic anunciou nesta terça-feira a compra da firma de private equity Actis, por valor não revelado. Em comunicado, a gestora afirmou apenas que passará a ter US$ 96 bilhões em ativos sob gestão (eram US$ 77 bilhões antes da aquisição). A maior parte dos ativos adquiridos está ligada à transição energética, transformação digital e da cadeia de suprimentos.

A transação está sujeita à aprovação das autoridades regulatórias e deve ser fechada no segundo trimestre de 2024. Mesmo depois do aval final, a Actis vai continuar a ser liderada por seu chairman e sócio-sênior, Torbjorn Caeser, e os fundos vão continuar operando sob a marca da Actis. A firma continuará tendo independência sobre as decisões de investimento.

No Brasil, a empresa britânica tem uma fatia da Serena (ex-Omega) e comprou alguns ativos da EDP. No ano passado, a firma pagou US$ 500 milhões por 11 data centers da empresa espanhola Nabiax, sendo dois no Brasil. Investimentos em torres e em fibra ótica também estavam na mira da divisão brasileira.

A General Atlantic defendeu que a aquisição ajuda a firma a diversificar seu portfólio, entrando no promissor segmento de infraestrutura sustentável.

Nas contas da gestora, a transição energética deve exigir investimentos de US$ 2,4 trilhões em 2030. A transação, nesse cenário, impulsiona as duas organizações no caminho para a energia renovável.

É um argumento na linha com o que Bill Ford, chairman e CEO da General Atlantic, já havia dito em Davos. No World Economic Forum, o executivo defendeu a necessidade de investir em transição energética, sob o argumento da necessidade de energia renovável no mundo para dar conta do aumento da demanda ao longo das próximas décadas.

Da porta para dentro, o comunicado ressalta a experiência em áreas similares e a "filosofia de trabalho" parecida. A Actis, hoje, tem equipes na Ásia, América Latina, Oriente Médio e Áfria. A General Atlantic trabalha em mercados emergentes há 43 anos, com destaque para Índia, América Latina e Sudeste Asiático.

A compra vem poucos dias depois de a BlackRock comprar a gestora GIP por US$ 12,5 bilhões, um movimento que veio sob uma lógica similar. O maior negócio em mais de uma década para a gestora norte-americana trouxe musculatura em infraestrutura, com destaque para portos, energia e em projetos de infraestrutura digital.

Fundada em 1980, a General Atlantic entra em 2024 com força total. A firma tem um portfólio de 225 companhia, incluindo a Shein, a indiana PhonePe, de pagamentos, em aportes que somam US$ 60 bilhões.

No início de dezembro, a gestora protocolou um pedido confidencial de IPO nos Estados Unidos, de acordo com informações da Bloomberg. O documento apontava que a companhia pretendia abrir capital já no início deste ano.

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