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Gavekal: Ásia está prestes a entrar na ‘mãe de todos os bull markets’ (para a sorte do Brasil)

Estímulos na China são para valer e devem servir de gatilho para uma rotação mais estrutural para ativos asiáticos, diz o fundador Charles Gave

Charles Gave, economista e fundador da Gavekal: "A Ásia está prestes a entrar na mãe de todos os bull markets"

Charles Gave, economista e fundador da Gavekal: "A Ásia está prestes a entrar na mãe de todos os bull markets"

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 16h19.

Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 16h57.

"A Gavekal está otimista com a Ásia" poderia ser um título sobre a posição da consultoria – uma das maiores especialistas em países do Oriente no mercado financeiro – em qualquer momento dos últimos dois anos.

Mas agora o fundador Charles Gave é enfático: "A Ásia está prestes a entrar na mãe de todos os bull markets."

O economista, que morou por 13 anos em Hong Kong, é otimista com a economia chinesa e acredita que os estímulos anunciados por Pequim devem dar fôlego renovado – apesar do ceticismo dos ocidentais.

Mas seu ânimo vai além disso. Gave defende que a região está passando por uma mudança estrutural importante, com a construção de uma "zona monetária asiática", muito menos dependente do dólar.

Segundo ele, desde a guerra na Ucrânia, os países menores têm agido para minimizar a volatilidade de suas moedas em relação ao renminbi, e não mais ao dólar, enquanto o banco central chinês tem desempenhado o papel de minimizar a oscilação de sua moeda frente à americana.

"Além disso, a guerra na Ucrânia permitiu que a maioria das economias asiáticas comprasse petróleo e gás em suas próprias moedas, em vez de dólares americanos, o que as deixou com reservas excessivas", disse Gave. A China possui a maior reserva do mundo em moeda estrangeira, com US$ 3,3 trilhões.

Como resultado, Gave espera que os países asiáticos deixem de comprar títulos ocidentais, fazendo com que as taxas de juros reais caiam no continente e subam nos Estados Unidos e na Europa. Esse movimento, ainda segundo o economista, deverá ser acompanhado por uma apreciação do câmbio na Ásia e pelo aumento dos preços de ativos de longo prazo.

Nesse sentido, ele faz um palpite ousado, com desdobramentos para o Brasil: "O melhor portfólio para se ter hoje provavelmente envolve 50% de ações asiáticas e 50% de bonds soberanos high-yield na Ásia ou na América Latina."

No portfólio de ações, sua recomendação é focada especialmente em papéis da China e do Japão, onde ele vê oportunidades em setores voltados a gastos de capital, infraestrutura, construção e turismo.

Nos títulos, a exposição deve ser em produtores de commodities. "Os preços das commodities, exceto o petróleo, vão subir significativamente, então os investidores devem comprar ações de produtores de matérias-primas, bem como as moedas e os mercados de títulos de países sérios na América Latina."

E de onde vai vir o dinheiro?

Principalmente dos mercados de bonds soberanos dos Estados Unidos e da Europa, além de ações de consumo na Europa. "Os europeus vão ter problemas para comprar bens asiáticos devido ao colapso de sua taxa de câmbio em relação à asiática, e os preços do petróleo podem cair para os europeus", diz Gave.

Ele continua: "Da mesma maneira, não vejo razão para manter uma posição 'overweight' (comprada) nas Magnificent Seven de tecnologia dos Estados Unidos. E, se o leitor seguiu nosso conselho de comprar ouro na parte antifrágil do portfólio, eu o aconselharia a embolsar parte do lucro dessas posições e reaplicá-lo em ações asiáticas, bonds latino-americanos e real estate em Hong Kong ou Cingapura."

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