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Gal: startup que reinventa os salões de beleza de bairro capta R$ 40 mi

Fundada em 2020, a empresa conquistou os fundos Monashees e Canary, além dos investidores-anjo José Galló e Renato Freitas

Carolina Mendes, fundadora e presidente da Gal: a rede tem como meta terminar 2021 com 150 estabelecimentos agregados e faturar R$ 50 milhões
 (Dário Matos/Divulgação)

Carolina Mendes, fundadora e presidente da Gal: a rede tem como meta terminar 2021 com 150 estabelecimentos agregados e faturar R$ 50 milhões (Dário Matos/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 18 de junho de 2021 às 10h39.

Apaixonada pelo setor de beleza, a empreendedora Carolina Mendes sabe identificar problemas e propor soluções rápidas para esse mercado, ao qual se dedica desde a faculdade. Em 2016, aos 22 anos, vendia brigadeiros para financiar seu primeiro projeto: a empresa de maquininhas LaPag, que transfere os pagamentos dos salões de beleza automaticamente para cada prestador de serviço. O negócio, ativo até hoje, conta com mais de 10.000 empresas clientes e permitiu que a jovem conhecesse a fundo as dificuldades de gestão do mercado de beleza.

No começo do ano passado, ela decidiu que era hora de dar um passo além e criar uma segunda startup para ajudar os donos de salão com finanças, infraestrutura, marketing e contratação de profissionais. Foi assim que nasceu a Gal, uma rede agregadora que já conta com mais de 27 salões de beleza associados na cidade de São Paulo. O modelo, uma espécie de “franquia 2.0”, conquistou R$ 40 milhões em uma rodada de investimento liderada pela Monashees e com participação do Canary e dos investidores-anjo José Galló (presidente do conselho da Renner) e Renato Freitas (fundador da 99).

O investimento é significativo especialmente pela crise que o setor enfrenta. Desde que a pandemia começou, os cerca de 1 milhão de salões brasileiros foram duramente impactados pelas medidas de restrição de circulação — necessárias para controle da transmissão da doença. Ainda em março deste ano, segundo pesquisa do Sebrae com a FGV, as micro e pequenas empresas do segmento estavam com faturamento 47% menor que em uma semana normal.

“Quando investimos, não olhamos para um cenário de três ou seis meses, mas sim para os próximos dez anos. A indústria de beleza é enorme e foi impactada pela covid-19, mas acreditamos que, aos poucos, ela vai se recuperar. Nesse momento, mais do que nunca, os donos de salões precisam de alguém que possa ajudá-los a se diferenciar”, diz Marcelo Lima, sócio da Monashees.

A Gal se posiciona como uma parceira dos salões. A rede fornece a eles uma infraestrutura comum de trabalho, investindo em melhorias desde o espaço físico até sistemas de gestão financeira e agendamento de clientes. O marketing e os produtos são feitos de forma conjunta para a rede, o que reduz os custos operacionais e aumenta o tráfego de consumidores para cada unidade.

“O salão adota ‘Gal’ como um prenome, mas não fazemos mudanças bruscas no espaço, nos preços ou no quadro de profissionais. A essência do estabelecimento de bairro continua”, diz Carolina Mendes. 

Pelos serviços, a startup cobra uma taxa de 10% sobre a receita de cada unidade. Hoje há cerca de 50 salões interessados em fazer parte da rede, mas a Gal faz um processo de diligência e só se associa com estabelecimentos que preenchem seus critérios quanto ao espaço, nível de atendimento, qualidade do ponto, faturamento e capacidade de crescimento.

“O mais importante é o perfil do dono, se é um empreendedor com vontade de fazer um negócio crescer. É preciso que o negócio seja bom para as duas partes, para o salão e para a Gal”, diz Mendes. 

Equipe da Gal: startup possui um salão modelo na sede do negócio, na Vila Olímpia, para treinar os funcionários dos salões parceiros (Dario Matos)

Com os R$ 40 milhões, a rede planeja expandir sua operação pela capital paulista em 2021 e aumentar o número de funcionários — hoje são 50 empregados. Como faz melhorias em cada nova unidade que se associa, a startup precisa de capital para financiar as reformas e os esforços de marketing.

A expectativa da fundadora é terminar o ano com 150 salões na Gal, 142 a mais do que a empresa começou o ano, e faturamento de R$ 50 milhões. “O maior desafio para gente é a própria pandemia, que provoca um abre e fecha dos estabelecimentos. Mas diante desse problema externo, nosso time se uniu muito para propor as melhores soluções. Estamos sempre nos reinventando”, afirma.

O modelo de agregação proposto pela Gal é semelhante ao de startups que atuam nos mercados de pets e hospedagem. O exemplo mais famoso é a indiana Oyo, que padroniza o atendimento de hotéis independentes mundo afora e conquistou mais de US$ 3 bilhões em aportes com investidores como o SoftBank.

A grande vantagem da Gal é que o mercado de beleza brasileiro, apesar de ser o quarto maior do mundo, é pouco concentrado. “Nossa tese é que em indústrias fragmentadas, com pouco recall de marca e pouco uso de tecnologia, negócios como o da Gal se encaixam bem”, diz Lima, da Monashees.

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