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Furo no teto: Itaú ajusta previsão e vê PIB negativo em 0,5% em 2022

Mario Mesquita, economista-chefe do banco, admite que situação é "fluída" e algumas medidas poderiam levar à rápida melhora

A vida em 2022: Itaú revisa projeções e perspectivas para ano que vem pioram, com Selic a 11,25% (Paulo Whitaker/Reuters)

A vida em 2022: Itaú revisa projeções e perspectivas para ano que vem pioram, com Selic a 11,25% (Paulo Whitaker/Reuters)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 25 de outubro de 2021 às 12h25.

Última atualização em 25 de outubro de 2021 às 12h39.

Pronto. Nada mais de estagflação. O Itaú mudou a previsão para 2022 e agora acredita em retração econômica. Ainda pequena. Mas a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) entrou no terreno negativo. Se antes a expectativa era um pequeno crescimento de 0,5% do PIB para o ano que vem, agora passou para um recuo de 0,5%. Ou seja, é um ajuste negativo de 1 ponto percentual nos cálculos.

A justificativa, como não poderia deixar de ser, são as notícias a respeito do aumento dos gastos fiscais e as dúvidas sobre o arcabouço institucional, ou seja, sobre o risco de furo no teto do orçamento. O Itaú destaca que, desde 2016, o país tem um teto de gastos ajustável. Mas a força da reação negativa desta vez, na visão do banco, indica que a credibilidade pode ter sido prejudicada.

“O aumento da incerteza fiscal implica em um risco-país mais alto, maior depreciação do real, piores perspectivas para a inflação e, em última instância, uma taxa de juros neutra mais alta”, destaca o relatório do economista-chefe da instituição Mario Mesquita. Essa combinação, é claro, afeta o desempenho econômico do país.

“Essa revisão de cenário foi motivada pela forte mudança recente nos preços e perspectivas para os ativos brasileiros, com suas consequências para a inflação e para a política monetária", segundo os comentários do economista.

Mas Mesquita admite que a situação pode mudar com alguma rapidez e há espaço para melhoria do humor geral e da confiança. "Ainda assim, a situação é fluida. A rápida retomada da agenda de reformas, incluindo medidas como uma reforma administrativa ampla, que fortaleceria a flexibilidade e resiliência fiscais, poderia ajudar a aliviar as condições financeiras e reduzir a incerteza. Nesse cenário, a maior confiança do consumidor e das empresas pode levar a um crescimento mais rápido no próximo ano. Mas as reformas precisam avançar", conforme ele aponta no relatório.

Entretanto, enquanto isso não acontece, a lista de ajustes indicando piora de quadro para 2022 segue. Banco Central, na opinião o Itaú, vai entrar em “regime de contenção de danos”. Por isso, a expectativa é que o Copom aumente a taxa Selic em 1,5 ponto percentual nessa próxima reunião, para 7,75% ao ano, seguido de mais uma alta em dezembro, também de 1,5 ponto percentual. O ciclo, então, se encerraria mais duas elevações adicionais de 1 ponto, o que levaria a taxa de juros a 11,25%.

Apesar da Selic mais alta, o Itaú não prevê muita alteração na situação cambial e espera uma taxa de R$ 5,50 para o fim de 2021 e 2022. A questão, contudo, é que fraqueza prolongada do real levou a aumentar a projeção de inflação para o próximo ano, de 4,2% para 4,3%.

A combinação tem impactos diretos sobre a vida da população. A taxa de desemprego média anual esperada passou de 12,4% para 12,9% e a projeção para o fim do ano chega a 13,3%, ante 12,6% na previsão anterior.

 

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