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Fundos têm captação recorde de R$ 370 bi em 21 com juros em alta

Recorde deve-se à forte atração de recursos pela renda fixa, que recebeu R$ 215 bilhões em aportes

Mercados: indústria brasileira de fundos fecha ano com R$ 6,9 trilhões de patrimônio, após crescimento de 12,7% (Primeimages/Getty Images)

Mercados: indústria brasileira de fundos fecha ano com R$ 6,9 trilhões de patrimônio, após crescimento de 12,7% (Primeimages/Getty Images)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 20h18.

Última atualização em 6 de janeiro de 2022 às 21h44.

A bolsa foi mal em 2021. Os fundos imobiliários, em sua maioria, sofreram. Os fundos multimercados voltaram a ser questionados no mundo todo. Mesmo assim a indústria de fundos no Brasil teve captação recorde no ano passado: R$ 369 bilhões, sendo que mais de R$ 120 bilhões saíram do bolso do varejo. O montante total é mais do que o dobro do ano passado e mais de 160% superior à média anual da última década, que ficou em R$ 137,8 bilhões.

Com isso, a indústria inteira chegou a um patrimônio de R$ 6,9 trilhões no ano passado, um crescimento de 12,9% — apesar de o comportamento da bolsa ter afetado o patrimônio dos fundos de ações e de multimercados.

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A força para isso? A esticada na taxa de juros, que impulsionou a captação dos fundos de renda fixa especialmente no segundo semestre de 2021, levando essa classe de fundos ao recorde R$ 215 bilhões em aportes. A prova de que o brasileiro ainda não deixou de ser um rentista conservador, que gosta de juros altos para investir — mas não para viver, afinal, quem gosta? Em 2020, esses fundos tinham registrado saída de R$ 38 bilhões - uma inversão e tanto de tendência.

Pedro Rudge, diretor da Anbima e sócio da Leblon Equities, acredita que o movimento é natural e é reflexo da forte mudança no cenário da taxa Selic, mas que isso não vai modificar o desenvolvimento e a tendência de desconcentração do mercado. Na opinião dele, o Brasil, apesar de ter uma indústria grande em volume, ainda está aquém dos mercados desenvolvidos em termos de diversificação de produtos. “Ainda tem muita coisa para acontecer”. Tanto a Anbima quanto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) trabalham em uma pauta de modernização da regulação.

Se no ano passado, a atração de recursos pelos fundos multimercados e de ações puxou o preço dos ativos de bolsa, o que se viu como consequência da força da captação da renda fixa foi uma grande liquidez doméstica para companhias fazerem emissões de dívida.

Em 2021, os fundos multimercados captaram R$ 59,6 bilhões, comparado a R$ 104,5 bilhões do ano anterior, enquanto os fundos de ações por pouco não fecham com saques acumulados no ano. As carteiras dedicadas às ações somaram apenas R$ 200 milhões em dinheiro novo (o mesmo que nada) , ante R$ 73,3 bilhões em 2020. E fica o efeito tostines: o dinheiro sai porque a bolsa cai e a bolsa cai porque mais dinheiro sai.

A categoria com a maior captação líquida depois da renda fixa foram os FIDCs, que teve contribuição com a multiplicação e o crescimento das fintechs. O total aportado nessas carteiras superou R$ 77 bilhões, comparado a um saque de R$ 14 bilhões no ano anterior.

Boom dos independentes

O ano de 2021 terminou com um total de 817 gestoras de recursos, uma tendência que já vinha ocorrendo, mas se acelerou no ano passado, com o início de operação de um total de 147 novas casas. As plataformas de distribuição de investimentos tem sido um vetor de crescimento para a indústria, pois reduziu o desafio da distribuição dos produtos. O número de contas abertas de investidores em fundos cresceu 20,4%, para mais de 30,5 milhões de contas.

 

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