Fleury: companhia continua de olho em aquisições em 2023 (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 4 de maio de 2023 às 19h06.
Última atualização em 4 de maio de 2023 às 19h44.
Os avanços operacionais do Fleury não foram suficientes para exterminar o efeito do aumento de juros sobre a última linha do balanço: o lucro líquido da companhia ficou 15% menor, para R$ 93,8 milhões. O que pesou foi — como já virou repetitivo dizer em época de balanços — o aumento de juros. No caso do Fleury, a despesa financeira cresceu mais de 56% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 134,5 milhões.
Enquanto o efeito de aumento da dívida financeira é comum para boa parte do Ibovespa, o que o Fleury fez de diferente foi conseguir manter a alavancagem sob controle. Mais do que isso. A companhia conseguiu reduzir o indicador de dívida líquida/Ebitda na comparação anual em 0,2 vez, de um patamar já consideravelmente baixo (era de 1,2 vez em 2022, passou para 1 vez em 2023).
A dívida líquida da companhia foi de R$ 1,5 bilhão nos três meses encerrados em março, cifra 6% menor do que a registrada no início de 2022. “Pagamos muitas aquisições ao longo do último ano e, ao fazermos compras rentáveis, aproveitamos agora o Ebitda gerado por essas companhias”, diz José Antonio Filippo, CFO do Grupo Fleury, ao EXAME In.
A geração de caixa no período foi de R$ 212,1 milhões, alta de 235% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A principal diferença se dá pela base de 2021, afetada por efeitos não recorrentes, como o pagamento de PLR adicional e ajuste de imposto de renda.
A companhia gerou R$ 345,8 milhões de Ebitda, aumento de 5,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O ganho vem desde a primeira linha do balanço, com uma receita líquida 13,5% maior, de R$ 1,2 bilhão — ainda que não reflita todos os ganhos operacionais a serem aproveitados nas empresas adquiridas ao longo do ano passado.
A margem Ebitda também ficou menor na comparação anual (dois pontos percentuais de redução, para 28%), afetada principalmente por um efeito relacionado a mudanças de mix pós-aquisições. O que isso significa, na prática, é o efeito do uso de medicamentos imunobiológicos, que têm um tíquete médio mais alto.
“No quarto trimestre de 2022, aumentamos essa linha e trouxemos Saha. Fizemos mais infusões neste início de ano, o que também aumentou nosso custo por causa do mix. Esse custo está dentro de Novos Elos, que tradicionalmente tem uma margem menor. Mas, ao longo do tempo, conforme ganhamos escala, conseguimos negociar melhores preços com a indústria. Estamos no começo dessa jornada”, diz Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, ao EXAME In.
No trimestre, a receita de Novos Elos cresceu 99,2%, para R$ 135,1 milhões, um efeito explicado pela aquisição de Saha (em agosto de 2022). O crescimento orgânico, nos três primeiros meses do ano, foi de 38,9%. Atualmente, a receita da vertical representa 10% do grupo. “Agora, com a aquisição de Pardini entrando no balanço, a ideia é que a representatividade fique menor, mas continuaremos investindo no crescimento dessa jornada”, diz Tsutsui.
Outra vertical com crescimento expressivo foi a de atendimento móvel, que aumentou de tamanho em 31% e já representa 9% da receita do grupo. O aumento reflete uma mudança de comportamento do cliente e também os investimentos da empresa para que todos os negócios do grupo tenham atendimento, por exemplo.
A vertical de Medicina Diagnóstica — que deve agregar a aquisição aprovada pelo Cade a partir do próximo trimestre – faturou R$ 1 bilhão no primeiro trimestre, um aumento de 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais uma vez, destaca-se o desempenho no Rio de Janeiro, em que o Fleury cresce mesmo com a contração no número de beneficiários atendidos por planos de saúde.
Daqui para a frente, o Fleury continua com planos de investimento, com aproximadamente R$ 400 milhões para investir em capex. A avaliação de aquisições continua, ainda que com “uma disciplina muito maior”, segundo Tsutsui.