Fleury: crescimento de 22% na receita do primeiro trimestre, sendo que 12% é expansão orgânica (Fleury/Divulgação)
Graziella Valenti
Publicado em 5 de maio de 2022 às 18h40.
Última atualização em 5 de maio de 2022 às 18h53.
O Fleury fez mais uma aquisição, a sétima desde o começo de 2021. O alvo agora foi o Saha, especializado em infusões de medicamentos imunobiológicos e cirurgias de baixa complexidade, e que teve uma receita de R$ 156 milhões no ano passado. O Fleury vai pagar R$ 120 milhões em dinheiro pela empresa, que possui unidades no bairro paulista da Bela Vista, centro da cidade e Osasco. Com isso, o investimento em aquisições nesse período já alcança R$ 1,2 bilhão.
“Nossas últimas transações são todas no sentido de desenvolver um ecossistema para expandir em diversas áreas, na jornada de cuidado do indivíduo”, afirma Jeane Tsutsui, presidente do Grupo Fleury, em entrevista ao EXAME IN. “Nossa vontade é de acelerar a estratégica, mas é preciso que os negócios respeitem a disciplina econômica”, completou José Antônio Filippo, CFO da companhia, deixando claro que o apetite não terminou. "Temos espaço para alavancagem."
Junto com o crescimento orgânico, as aquisições têm levado o grupo a uma expansão relevante ano após ano. No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido encolheu 6,9%: saiu de R$ 118,6 milhões para R$ 110,4 milhões. A explicação para a queda é algo que afeta todos os brasileiros, a taxa de juros, que faz o serviço da dívida crescer. A despesa financeira da empresa mais que dobrou e somou R$ 65 milhões de janeiro a março.
Mas foi por muito pouco que o crescimento operacional não anulou esse custo. A receita líquida da companhia aumentou 22%, para R$ 1,09 bilhão. Desse crescimento, quase 12% é orgânico e a diferença, adições que vieram pelas aquisições. Se os testes de covid fossem excluídos da conta, o aumento de receita seria maior, de 26,3% — isso porque há um ano eles representaram 9,7% da receita e nesse começo de 2022, 6,2%.
O Ebitda recorrente cresceu 14,4% e somou R$ 326,6 milhões. A margem apertou um pouco, de 32% para 30%. “Mas aqui a gente explica que tem um efeito de base de custos comprimida no primeiro trimestre de 2021”, diz José Antonio Filippo, CFO do Fleury. “No primeiro trimestre de 2020, antes da pandemia, estava em 27,4%”, reforça Jeanne.
Jeane enfatizou que as aquisições são relevantes para o Fleury dentro do conceito de ecossistema e de aumento de público, o que traz uma alavancagem operacional — ainda que a margem do negócio de diagnóstico seja superior a boa parte das novas frentes, quando comparadas isoladamente. O número de clientes atendidos no primeiro trimestre cresceu 20,3% e, disso, 8,8% foi orgânico. Ou seja, a expansão está promovendo um alcance novo ao grupo.
Nesse modelo, o Fleury passou a ter braços que vão além do diagnóstico, com atendimentos especializados e acompanhamentos em ortopedia, oftalmologia e saúde da mulher. Nessa estratégia de expansão, o mercado de infusões merece atenção especial da companhia. No ano passado, foi incoporado ao ecossistema o Centro de Infusões Pacaembu (CIP). O Saha chega para ampliar a participação desse atendimento, no qual o Fleury quer ganhar relevância, considerando os atendimentos fora de hospitais. Trata-se de um mercado com muita recorrência, pois são tratamentos usados especialmente para doenças crônicas, como artrite, psoríase, lupus, entre outras.
Mesmo muito relevantes, as aquisições não são a única estratégia para alavancar operacionalmente a operação. A pandemia trouxe novos hábitos no setor de saúde, para além da digitalização, tendência disceminada no setor de saúde. O atendimento domiciliar também foi um ganho de hábito dos clientes relevante para o Fleury. No primeiro trimestre, depois de crescer 27,6% na comparação anual, o atendimento móvel passou a responder por 8% da receita da empresa. Antes da pandemia, esse percentual não chegava a 2%. "É uma expansão com economia de capex. Se eu tivesse que fazer todo atendimento móvel dentro de unidades, precisaria de mais 25", comenta a CEO. A frente é tão promissora que a comparação anual mostra que o número de rotas atendidas praticamente dobrou.
A dívida líquida da companhia terminou março em R$ 1,55 bilhão, equivalente a 1,4 vez o Ebitda acumulado em 12 meses, um índice de alavancagem bastante baixo, em especial para companhias brasileiras. De janeiro a março, a geração de caixa ficou em R$ 66,5 milhões, comparada a R$ 199 milhões dos três primeiros meses de 2021. Além da eficiência de custo do começo do ano passado, a diferença inclui desembolso com PLR (participação nos lucros), que não ocorreu em 2021, e ainda o desembolso de um imposto que era devido no ano passado.
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