Antonio Soares, presidente da Dock: empresa tem uma base de 38,5 milhões de usuários ativos (Conductor/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 6 de outubro de 2021 às 12h00.
Última atualização em 6 de outubro de 2021 às 12h44.
A empresa de meios de pagamento Dock (antiga Conductor) acaba de comprar 100% da operação da BPP, instituição de pagamento brasileira especializada também no mercado de banking as a service. "Seguimos com a visão de ser uma plataforma de pagamentos, a aquisição é mais um passo para deixar a plataforma mais robusta, com mais pessoas, tecnologias e produtos fáceis de serem utilizados", diz Antonio Soares, presidente da Dock, ao EXAME IN.
A Dock está se preparando para fazer sua abertura de capital em Nasdaq, nos Estados Unidos, ainda neste ano, conforme confirmaram fontes ouvidas pela agência Reuters, em oferta coordenada pelos bancos Goldman Sachs, JPMorgan, Bank of America e Credit Suisse. Com a aquisição, que ainda está sujeita à aprovação do Banco Central, a companhia organiza a casa antes de ir a mercado e compra, mais do que tudo, tempo.
Isso porque a BBP é uma participante direta no Pix, o que permite que a empresa ofereça a seus clientes um custo de infraestrutura mais baixo para as transações. A Dock, por outro lado, é uma participante indireta e pleiteia a mudança junto ao regulador. Com a aquisição, a empresa acelera em seis a nove meses o tempo que levaria para fazer as alterações regulatórias e tecnológicas e poderá oferecer mais rapidamente para os clientes preços mais competitivos.
Mas, segundo os sócios Antonio Soares e Fred Amaral, a parte regulatória não é o único motivo para a transação. As empresas se aproximaram comercialmente primeiro, com a Dock oferecendo serviços de processamento de cartões e a BPP tentando vender sua solução de Pix. Ao analisar o negócio mais de perto, os sócios da Dock perceberam que havia potencial para uma aquisição.
Com a BPP, a Dock consegue, além de integrar diretamente o Sistema Financeiro Nacional, ampliar sua carteira de clientes, chegando a mais de 200 companhias e cerca de 300 milhões de transações mensais. De quebra, a companhia traz mais 150 funcionários para a operação — antes eram 1.800, com pelo menos 500 vagas abertas.
Mesmo antes da aprovação da aquisição, a Dock vai começar a operar com os serviços da BPP como uma prestadora de serviços. "A intenção é que, o mais rápido possível, a gente possa fazer uma integração sistema e aproveitar todas as sinergias", diz Amaral.
Fundada há dez anos com o nome de Brasil Pré-Pagos, a BPP começou como uma empresa de cartões pré-pagos voltada para os usuários finais e depois migrou sua operação de olho no mercado corporativo. Ela foi uma das primeiras instituições de pagamento autorizadas pelo BC e foi a primeira a realizar testes com o Pix. Desde que a função foi lançada, em novembro do ano passado, a companhia já acumula mais de 100 milhões de transações intermediadas, o equivalente a mais de R$ 4,5 bilhões.
Fundada em 1995, ainda com o nome Conductor, a companhia ganhou espaço no Brasil oferecendo o serviço de cartões private label para varejistas. Em novembro de 2014, a operação foi 100% adquirida pelo private equity americano Riverwood Capital por um valor não divulgado. De lá para cá, a empresa veio construindo plataformas de pagamento para se tornar uma provedora de tecnologia como serviço.
Em 2018, depois de captar um aporte com a Visa, a empresa criou a Dock para ser sua frente de banking as a service. Desde então, a companhia oferece aos varejistas a possibilidade de abrir contas digitais para seus clientes finais. Para complementar a solução, a Conductor adquiriu em meados de 2020 a operação da Muxi, uma provedora de soluções para captura de transações em pontos de venda, serviço fundamental especialmente para os pequenos lojistas.
No final do ano passado, a empresa captou US$ 170 milhões em uma rodada liderada pela americana Viking Global Investors e Sunley House Capital (Advent) e com participação do Temasek, um dos fundos soberanos de Singapura. O aporte veio para reforçar o caixa da companhia, permitir investimentos em novas tecnologias e acelerar a expansão internacional. Depois de crescer quatro vezes em 2020, hoje o negócio processa mensalmente mais de R$ 4 bilhões.
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