Hash: em abril deste ano, a companhia havia recebido um investimento de mais de R$ 81 milhões (Hash/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 20 de outubro de 2021 às 07h00.
Seis meses depois de captar um aporte de US$ 15 milhões, a fintech de infraestrutura de pagamentos Hash volta a atrair investidores. A companhia, fundada em 2017 pelo empreendedor João Miranda, acaba de levantar R$ 235 milhões (US$ 40 milhões) em uma rodada série C liderada pelos fundos QED Investors e Kaszek, com participação da Endeavor Scale-Up Ventures.
A Hash é especializada em ajudar grandes empresas a oferecer seus próprios serviços de pagamento para suas redes de clientes e parceiros comerciais. No total, hoje são 16 empresas clientes, entre elas o Gympass, que conectam a fintech a uma rede de 16.000 estabelecimentos.
Um dos maiores casos de sucesso da startup é com a varejista de madeira Leo Madeiras, que lançou uma conta digital e desenvolveu uma máquina de cartão, a Leozinha, que é utilizada por mais de 10.000 marceneiros no Brasil para negociar parcelamento de compras e antecipação de recebíveis com a distribuidora.
Segundo contou o diretor de operações da companhia, Ademar Proença Filho, ao EXAME IN, a lógica por trás da nova rodada foi preparar a empresa para o próximo ano, que promete ser de grande crescimento para o negócio. "Desde a série B, dobramos o número de clientes, de oito para 16, e aumentamos o volume de transações em seis vezes. Com tudo indo bem, percebemos que haveria muitas oportunidades ano que vem e não deveríamos limitar nosso potencial de crescimento", diz Proença Filho.
A Hash duplicou o valor transacionado na sua plataforma no ano passado, passando de R$ 150 milhões em 2019 para R$ 300 milhões em 2020. Para este ano, a projeção é chegar a R$ 1,5 bilhão e, no ano que vem, bater R$ 4,2 bilhões. Em relação ao número de clientes, a ambição também é grande. A empresa acredita que terminará dezembro com 20 clientes na base e projeta trazer outros 20 novos em 2022.
"A Hash continua fazendo grandes progressos na construção da futura infraestrutura de pagamentos do Brasil. Estamos dobrando a oportunidade de apoiar uma grande equipe, com um produto comprovado, em um mercado que é absolutamente maciço”, diz em nota Mike Packer, sócio do QED Investors, que também investe no QuintoAndar e na Creditas no Brasil.
Já a Kaszek, que investe na Hash desde o começo das operações, destaca a capacidade do time de tecnologia da empresa em continuar a oferecer produtos inovadores aos clientes. “A Hash tem capacidade para ocupar um espaço importante na indústria de pagamentos e se tornar referência na América Latina”, afirma Santiago Fossatti, sócio da Kaszek (Gympass, Nubank).
Com o aporte, a fintech vai continuar a investir em contratações para poder aumentar a infraestrutura tecnológica, de criação de novos produtos e de atendimento aos clientes. Até o final do ano, pelo menos mais 30 posições devem ser abertas, totalizando 190 pessoas na equipe.
O capital também vai permitir que a empresa expanda sua área de atuação. Como os estabelecimentos já transacionam seus pagamentos pelos sistemas da Hash, a empresa pode manter esse dinheiro dentro da sua infraestrutura se oferecer mais serviços complementares. Neste ano, então, a fintech vai passar a emitir cartões e oferecer aos clientes uma conta digital. Nos próximos, estuda maneiras de entrar no mercado de crédito e de investimentos.
"Continuamos comprometidos com a tese de descentralizar os serviços financeiros, com atenção especial às pequenas e médias empresas (PMEs)", afirma João Miranda, fundador e presidente da Hash. "Este setor tem um enorme potencial de geração de receita, que muitas vezes é desperdiçado por falta de oportunidades mais justas. Nossa solução permite uma nova fonte de receita com taxas mais competitivas, aproximando PMEs e grandes empresas. É uma relação sustentável e com ganhos para todos os envolvidos, principalmente o consumidor final, que ganha uma nova opção de pagamento".
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