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EXCLUSIVO: O xadrez do futuro da Serena Energia

GIC, fundo soberano de Cingapura, iniciou conversas para entrada na companhia – que podem resultar num fechamento de capital, em conjunto com a General Atlantic, dona da Actis, segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT

Parque eólica da Serena: Ações se valorizam mais de 40% neste ano (Serena/Divulgação)

Parque eólica da Serena: Ações se valorizam mais de 40% neste ano (Serena/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do Exame INSIGHT

Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 16h14.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2025 às 16h17.

O GIC, do fundo de soberano de Cingapura, está avaliando a entrada na Serena Energia (antiga Omega Geração), numa operação conjunta com General Atlantic, dona da Actis, maior acionista com 26,8% do capital, segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT. As conversas ainda são preliminares.

Após colapsarem no ano passado, as ações da Serena operam em alta de mais de 40% neste ano, com a expectativa de uma oferta pública de aquisição (OPA) ou de entrada de um novo acionista.

Não é a primeira vez que esse boato surge, na medida em que as ações estão bastante desvalorizadas, com uma das maiores taxas de retorno implícitas entre o universo das empresas de energia listadas em Bolsa. (Na roleta da especulação, esta semana apareceu até o nome da Eneva como potencial interessada -- informação que "absolutamente" não procede, segundo fontes próximas de ambas as companhias.)

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A Actis entrou no capital da Serena em 2022, a um preço de R$ 16 por ação, muito abaixo dos R$ 7,50 atuais, mesmo depois da disparada na bolsa.

Comprada pela General Atlantic global no ano passado, a empresa de private equity ficou mais parada em relação à investida até outubro do ano passado, quando saíram todas as aprovações que sacramentaram a entrada do novo controlar.

Desde então, em conversas reservadas, vem manifestando interesse de fechar o capital da Serena – mas, com um cheque elevado para fazer a operação sozinha, quer um parceiro, de preferência do setor de infraestrutura, no negócio.

A novidade, desta vez, é a entrada em campo do GIC, cujo interesse, ao menos em tese, pode estabelecer um preço que faça mais sentido para a saída da Tarpon, gestora de Zeca Magalhães que é acionista de longa data da Serena e hoje tem 20% das ações.

As conversas entre os acionistas estão curso e ainda são “exploratórias”, segundo três interlocutores ouvidos pelo INSIGHT em condição de anonimato, porque as negociações são confidenciais.

Há outras gestoras, também players globais de infraestrutura, que tem sondado a companhia. A Serena ainda não tem bancos mandatados.

A costura contempla ainda o CEO e fundador, Antonio Bastos Filho, que tem 12,5% dos papéis e se alavancou para entrar num follow-on realizado em março do ano passado. A operação marcou a venda de parte da participação da Tarpon, que tinha um dos veículos de investimento já em prazo de vencimento.

Na ocasião, os papéis saíram a R$ 9 por ação, mas no segundo semestre do ano passado, as ações implodiram, chegando a R$ 6 – num movimento explicado, em grande parte, pelo endividamento elevado da companhia num momento de disparada dos juros.

A preferência de Bastos – e, ao menos num primeiro momento, da Tarpon – é manter a empresa listada, ponderam duas fontes. O fundador busca uma alternativa na forma de uma injeção de capital primária com a entrada de um novo sócio para financiar novos projetos nos Estados Unidos. “A Actis quer fechar, os demais acionistas querem manter aberto, precisa ver o jogo de interesses e preços para que essa equação faça sentido”, diz um interlocutor.

A Serena tem uma poison pill no estatuto, que estabelece que uma OPA tenha que ser feita por um de três critérios: 125% do valor estabelecido por laudo de avaliação independente; o maior preço pago pelo ofertante em qualquer tipo de negociação nos doze meses (o que não se aplica, dado que nem GIC e nem Actis foram compradores nesse período); ou 125% da cotação mais alta atingida pela companhia nos últimos doze meses.

Considerando esse último parâmetro, o valor numa oferta lançada precisaria ser de pelo menos R$ 12,55 (em cima de um recorde de cotação de R$ 10,44 em fevereiro do ano passado). As ações, contudo, vieram em queda desde então. Se lançada até o fim de maio, por exemplo, esse preço mínimo passaria a R$ 11,74 por papel.

Caso queira fazer um preço abaixo do estabelecido na poison pill, os interessados precisam passar a proposta por assembleia, que pode dispensar a aplicação da cláusula. Actis, Bastos e Tarpon juntos têm 60% do capital.

Os papéis da Serena são cotados hoje a R$ 7,70, com um valor de mercado de R$ 4,8 bilhões.

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