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EXCLUSIVO: De olho na Sabesp, IG4 se une a gestora americana

Sócia da Iguá firma joint venture com Water Asset Management e quer fundo de US$ 1 bi para ter "fatia relevante" na privatização

Sabesp: Governo de São Paulo quer concluir privatização até meados de 202 (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Sabesp: Governo de São Paulo quer concluir privatização até meados de 202 (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 29 de setembro de 2023 às 18h23.

Última atualização em 29 de setembro de 2023 às 18h30.

A IG4, firma de private equity conhecida pelo investimento na Iguá, está formando uma joint venture com a Water Asset Management, gestora americana também focada no segmento, para participar do processo de privatização da Sabesp. As gestoras estão levantando um fundo exclusivo, a princípio de US$ 1 bilhão, nos Estados Unidos, para a empreitada. A intenção é se tornar uma acionista relevante na Sabesp, com uma posição de ao menos 10%, suficiente para indicar um membro do conselho de administração, segundo informações obtidas em primeira mão pelo EXAME IN.

O tamanho final do fundo vai depender do formato da oferta de privatização, que ainda está em desenho por parte do governo de São Paulo.

A International Finance Corporation (IFC) está liderando o processo e a expectativa é que o sindicato de bancos para a oferta de ações seja contratado até o fim do ano. O governo Tarcísio de Freitas pretende concluir o processo até meados de 2024. Um dos modelos em estudo é uma oferta em que o governo se dilua, trazendo acionistas de referência que terão um teto de participação, para que a companhia se consolide como uma corporation.

“A depender do formato da privatização, esse valor pode aumentar e aí podemos partir para captar também com investidores brasileiros”, afirma Paulo Mattos, sócio-gestor da IG4. A proposta é de um fundo evergreen, sem prazo de vencimento e sempre aberto a novos aportes.

O veículo marca um novo momento da IG4, que entregou um ciclo completo na Iguá,  transformando os ativos da combalida CAB Ambiental, do grupo Queiroz Galvão, numa empresa madura e  em fase de crescimento.  (Hoje a IG4 tem 3% da companhia, mas representa o grupo de controle, tendo como sócios o fundo canadense CCPIB e a AIMCo, com 90% do capital.)

Já a WAM é focada no mercado de public equities, mirando fatias de empresas já listadas. Fundada em 2005, a gestora investe em companhias em todo o mundo, que vão desde saneamento e tratamento de água até direitos de minas aquíferas nos Estados Unidos e empresas de tecnologia ligadas ao setor. Se bem sucedida, essa seria sua estreia no mercado brasileiro.

Agora sócias, as gestoras pretendem se engajar oficialmente nas discussões da privatização, especialmente na questão regulatória. “A regulação é um ponto muito importante na Sabesp porque pode aumentar muito a atratividade para o setor privado. Hoje o modelo incentiva o volume de investimento, mas não a captura de valor com eficiência operacional”, aponta Mattos.

Pelo modelo vigente, a empresa é remunerada pela sua base regulatória de ativos – ou seja, quanto maior os investimentos para aumentar a base, maior a remuneração. Mas o operador não consegue se apropriar de eventuais ganhos de eficiência na operação.

“Temos a expectativa de um modelo regulatório com ganhos de eficiência que são compartilhados entre usuário e o investidor”, diz Mattos. O governo paulista vem numa agenda intensa de negociações com a agência reguladora de saneamento e energia do Estado, a Arsesp.

O interesse na IG4 na Sabesp não entra em conflito com a participação Iguá, que vem bastante ativa na agenda de concessões e PPPs. “A Iguá olha companhias em que pode ser a operadora e ter pelo menos o controle, não é o caso da Sabesp”, diz o gestor. Em entrevista hoje ao Valor, o CEO da Iguá, Ricardo Barbuti já tinha afirmado que a estatal paulista não era um foco para a companhia.

Na Copasa, estatal de saneamento que está nos planos de desestatização do governador Romeu Zema (MG), o que vai definir o potencial interesse e o veículo de investimento é o formato da privatização. “Se for um modelo de venda de controle, pode ser que interesse a Iguá. Se for de acionista minoritário relevante, pode ser que interesse à IG4 fora da Iguá”, afirma Mattos. A parceria com a WAM, no entanto, é restrita apenas à Sabesp, ressalta.

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