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Exclusivo: Por quanto a Vinci está avaliando a operação do Outback no Brasil

Gestora de private equity, que já foi acionista do Burger King, entra na reta final das negociações pela rede de casual dining

Outback: Advent e Mubadala também teriam olhado a rede de restaurantes, mas a Vinci saiu na frente (Outback/Divulgação)

Outback: Advent e Mubadala também teriam olhado a rede de restaurantes, mas a Vinci saiu na frente (Outback/Divulgação)

Publicado em 7 de outubro de 2024 às 17h30.

Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 17h52.

A Vinci Partners está na reta final para levar a operação do Outback no Brasil por um valuation de cerca de R$ 2 bilhões, segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT.

O fundo de private equity Advent e o Mubadala, que é controlador da Zamp, dona do Burger King, também chegaram a se engajar e apresentar propostas, mas foi a Vinci que saiu na frente e está prestes a fechar o acordo de exclusividade para as negociações.

O cheque a ser oferecido pela Vinci é menor que os R$ 2 bilhões, porque a Bloomin’ Brands, empresa americana dona do Outback, deve manter uma participação minoritária no negócio.

Principal operação internacional da Bloomin’ Brands, o Outback Brasil tem um negócio bastante saudável, com R$ 2,5 bilhões de faturamento anual e uma margem EBITDA de cerca de 10%.

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O valuation, portanto, é de cerca de 7 vezes o EBITDA da rede de casual dining, que “cresce com as próprias pernas e praticamente não tem endividamento”, segundo uma fonte que conhece de perto o negócio.

O modelo é de lojas próprias, com sócios-operadores locais, que normalmente tem cerca de 5% dos empreendimentos.

Com cerca de 170 lojas no Brasil, a grande questão é sobre o efetivo potencial de crescimento via novas lojas no país. “Há espaço para crescimento, mas o ponto é quanto. Dá para dobrar?”, questiona o interlocutor.

Embaixo da operação brasileira do Outback, há ainda a rede Abraccio, de comida italiana, que tem poucas lojas e não decolou até agora. Os potenciais compradores não estão colocando a operação no preço. “É praticamente uma opcionalidade lá dentro.”

A Vinci já tem experiência no setor de alimentação no Brasil. Foi uma das grandes responsáveis pelo crescimento do Burger King no país ainda antes do IPO e mais multiplicou o capital investido na companhia até a saída completa no ano passado.

É ainda acionista da Domino’s, de pizzas, por aqui, e chegou a aventar inclusive uma fusão com o Burger King, em 2021, que acabou frustrada.

A entrada no Outback, se concretizada, pode ser um ponta pé inicial de uma holding que reúne outras operações de casual dinning no país, de acordo com uma fonte próxima à gestora.

A venda do controle do Outback no Brasil faz parte de uma agenda levada a cabo pela gestora ativista Starboard para destravar valor na Bloomin’ Brands, da qual tem 10% do capital. O entendimento é que a empresa, hoje avaliada em US$ 1,3 bilhão na Nasdaq, não reflete corretamente a soma das partes.

A avaliação da gestora é que a operação brasileira é uma “joia escondida” e que merece um prêmio em relação aos negócios nos Estados Unidos, dado o perfil de crescimento nos últimos anos e a força da marca por aqui.

Procurada, a Vinci Partners não quis comentar. A Bloomin’ Brands Brasil afirmou em nota que está “motivada com o nível de interesse no negócio” e “fornecerá atualizações de acordo com as diretrizes de empresas de capital aberto”. E acrescentou: “Reafirmamos que o Outback Steakhouse é uma empresa com valor significativo a longo prazo e que permanecerá no Brasil.”

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