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Etanol: no Paraná, Melhoramentos surge como nova consolidadora

Com um século de história, companhia contrata Estáter para desenvolver plano de expansão

Cana-de-açúcar: família Gastão Mesquita consolida Vale do Paraná e mira capacidade de moer 10 milhões de toneladas (Thinkstock/Thinkstock)

Cana-de-açúcar: família Gastão Mesquita consolida Vale do Paraná e mira capacidade de moer 10 milhões de toneladas (Thinkstock/Thinkstock)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 5 de maio de 2022 às 23h39.

Última atualização em 6 de maio de 2022 às 09h55.

De patinho feio, a cisne. Essa é a transformação da roupagem do setor sucroalcooleiro. Não é mais sobre negócios de açúcar e álcool. São empresas de energia limpa. É a economia da descarbonização. A aceleração da transição energética transformou a cana-de-açúcar em uma operação charmosa e — ainda mais — relevante.

Atenta a essas oportunidades, uma das famílias mais tradicionais do Paraná — apesar de o patriarca empreendedor ter nascido em Limeira, interior paulista — partiu para consolidação. A Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, fundada em 1925, selou nessa semana a compra da Vale do Paraná.

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Trata-se de um negócio estimado pelo mercado, pelo seu tamanho, entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão em valor de firma, capital mais dívida líquida. Com ele, a Melhoramentos, que possui uma capacidade produtiva (moagem) de 5 milhões de tonelada, vai agregar outras 2 milhões de toneladas, uma expansão de 40%.

Nos últimos anos, a família Gastão Mesquita, dona da Melhoramentos, promoveu uma grande organização dos negócios. Antes, detinha presença em diversos setores (como se pode imaginar de quem empreende há um século), incluindo cimento e mercado imobiliário, e chegou a ter mais de 400 sócios. Agora, o núcleo duro familiar possui mais de 95% da companhia, que terminou o ano safra em março com Ebitda da ordem de R$ 700 milhões — e com uma dívida líquida da ordem de R$ 300 milhões.

A Melhoramentos é uma dessas clássicas companhias que o Brasil possui e os brasileiros praticamente não conhecem. Gastão Mesquita Filho começou sua empreitada criando uma empresa colonizadora — isso mesmo — , um negócio que organizava famílias e terras. Sua história está ligada à fundação de nada menos do que 63 cidades, entre as quais Londrina, Maringá e Umuarama. É desse projeto, de uma companhia colonizadora, a herança de mais de 400 sócios.

Depois de limpar o portfólio de investimentos e concentrar os acionistas, a família decidiu que queria crescer. Contratou a Estáter, de Pércio de Souza, para desenvolver um projeto de expansão. O plano vem sendo desenhado desde o ano passado e vai muito além dessa transação. O objetivo é levar a Melhoramentos a uma capacidade de 10 milhões de toneladas ao ano.

“Estamos iniciando uma nova era na Melhoramentos. Continuamos acreditando no Brasil. Neste novo ciclo de investimentos vamos focar em biocombustível e energia elétrica de biomassa. Queremos consolidar nosso DNA de crescer respeitando o meio ambiente e consolidando nossas iniciativas em ESG. Estamos trabalhando junto com a Estáter desde começo do ano passado na identificação de oportunidades”, disse Gastão de Souza Mesquita, diretor Presidente da empresa, por meio de nota.

O Brasil possui grandes produtores no setor, como a líder Raízen (sociedade entre Cosan e Shell), com capacidade de moer 73 milhões de toneladas. Entre os maiores grupos do agronegócio do país estão basicamente as produtoras de proteína animal e as companhias sucroalcooleiras. Mas ainda se trata de um setor altamente pulverizado e com muito espaço para consolidações que não envolvam os líderes. E a Melhoramentos está disposta a ocupar o seu espaço.

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