Engie Brasil: crescimento impulsionado por aumento de receita e do maior volume de ativos (Jacky Naegelen/Reuters)
Karina Souza
Publicado em 2 de agosto de 2022 às 19h28.
Última atualização em 2 de agosto de 2022 às 21h32.
A Engie Brasil conseguiu aumentar o lucro líquido e Ebitda, refletindo principalmente a geração e venda de energia no portfólio. A última linha do balanço teve incremento de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 395 milhões. A receita encolheu 4,4% no mesmo período, principalmente por causa de um fator contábil atrelado à menor necessidade de investimentos em transmissão — dado que a maior parte dos projetos já está em fase final de implantação.
Entrando nos detalhes do que fez a receita da companhia ir de R$ 3,1 bilhões no segundo trimestre do ano passado para R$ 2,9 bilhões no período encerrado em junho, a Engie mostra que o fator individual que mais pesou foi a diferença na parte de transmissão, negativa em R$ 310 milhões. Houve uma desaceleração na implantação dos projetos, ou seja, uma redução do investimento. No detalhe, há uma questão contábil do setor: quando um projeto é implantado, o custo é declarado como receita com uma margem de implantação. Então, com menos investimentos no período, por estarem em fase final de implantação, a receita registrada com essa fonte também diminui.
Em relação ao preço e ao volume de vendas, a companhia vendeu R$ 279 milhões a mais (reflexo principalmente da maior quantidade de ativos que a companhia tem na comparação anual, com Campo Largo II, Paracatu e Floresta, ativos que a companhia não tinha no ano passado). Aqui também cabe um ponto: apesar de ter vendido a usina de Jorge Lacerda no terceiro trimestre do ano passado, a companhia comprou uma parte dessa energia até 2025, o que possibilitou não perder totalmente a energia produzida pelo ativo.
Em relação à remuneração de ativos financeiros — usinas que estão contratadas e que têm reajuste pelo IPCA —, houve saldo positivo de R$ 47 milhões. Passando para o ponto seguinte, de venda de energia na CCEE, houve diferença de R$ 9 bilhões, reflexo do patamar de PLD mais baixo do que o registrado no mesmo período do ano anterior, em razão da melhor condição hídrica no país. Em relação à receita de Trading, houve diferença negativa em R$ 134 milhões, por fator similar. Por último, a parte de painéis solares, com uma diferença negativa em R$ 10 milhões reflete o saldo da venda da operação desse tipo de ativo.
Descendo no balanço, indo para a parte de custos, os destaques são o aumento do pagamento de royalties (proporcional ao incremento da energia hídrica gerada no período), que subiram em R$ 23 milhões (aumento de 209% na comparação com o mesmo período do ano passado) e redução dos gastos com carvão, uma vez que a termelétrica ficou parada no período em razão do PLD mais baixo do ano. Estes últimos reduziram em R$ 38 milhões (ou 82,6%) na comparação com o mesmo período do ano passado.
O Ebitda no período foi de R$ 1,7 bilhão, líquido do IFRS, uma variação de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado, também considerando o valor líquido do IFRS.
No detalhe dos fatores operacionais que proporcionaram o avanço no período, em comparação ao mesmo trimestre de 2021:
No segundo trimestre de 2021, houve reconhecimento de impairment da operação de Jorge Lacerda e, em 2022, há o reconhecimento também da operação de Pampa Sul – ativo que deve ser vendido até o fim do ano.
Chegando, enfim, à última linha do balanço, esse fator proporcionou o aumento de 20,4% no lucro líquido na comparação anual, uma vez que reflete um ganho maior do que o aumento da despesa financeira no período. O serviço da dívida, não custa lembrar, subiu 73% na comparação anual, principalmente refletindo o aumento do IPCA (indexador de 73% da despesa financeira).
A alavancagem da companhia fechou o período em 2,1 vezes, ligeiramente abaixo do primeiro trimestre (2,2 vezes).
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