Enel: parcerias com outras prefeituras não estão descartadas (Enel/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 18 de setembro de 2023 às 18h10.
Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 01h34.
Responsável pela distribuição de energia na Grande São Paulo, a Enel anunciou nesta manhã que vai entregar 50 novos ônibus elétricos às concessionárias da capital paulista, produzidos pela Caio/Eletra. A companhia fez um investimento de R$ 160 milhões na compra dos veículos, por meio da Enel X, vertical que atua com o desenvolvimento de produtos para a transição energética. Os ônibus serão disponibilizados às empresas Ambiental, Transpass e Transwolff a partir de setembro, no formato de prestação de serviços ("bus-as-a-service") por um prazo de no mínimo 12 anos.
"Não somos construtores, somos integradores de soluções. Temos uma base de energia renovável, somada à capacidade de montar um framework para projetos como esse. No Brasil, vamos encontrar cada vez mais capacidade, principalmente a partir das montadoras", diz Nicola Cotugno, country manager da Enel no Brasil, em coletiva de imprensa.
Cada veículo custa, em média, US$ 500 mil (ou R$ 2,5 milhões, em média). Do lado da prefeitura, a remuneração das operadoras por esses ônibus será 15% maior do que a praticada com os ônibus a diesel. Além de contar com uma manutenção muito mais barata: enquanto a de veículos tradicionais é de R$ 25 mil por mês, a dos elétricos demanda R$ 5 mil mensais. Com isso, em 10 anos, o ônibus se paga.
Além dos veículos propriamente ditos, a Enel X também vai instalar e operar a infraestrutura de recarga dos veículos, bem como atuar como consultora para os operadores de ônibus. Também está na proposta da empresa, para este projeto, auxiliar na proposta de solução de energia. A Enel Trading, comercializadora do grupo, disponibilizou também a oferta de energia renovável certificada no mercado livre para atender à demanda nas garagens dos ônibus.
A novidade apresentada pela empresa nesta manhã faz parte de um plano de sustentabilidade da prefeitura de São Paulo. A oportunidade é grande. De acordo com o prefeito Ricardo Nunes, a cidade deve receber 600 ônibus elétricos até o fim deste ano e outros 1,4 mil no ano que vem. A soma, de 2,4 mil veículos, corresponde a 20% da frota local.
Por enquanto, ainda não há definição do papel da Enel X em relação ao total almejado pela prefeitura. “Passo a passo vamos discutir isso”, afirmou Cotugno.
O projeto anunciado nesta segunda-feira inaugura uma nova era para a vertical no país, na qual a Enel deve investir cada vez mais ao longo dos próximos anos: a mobilidade elétrica urbana.
A companhia entrou no projeto a partir de dois anos de trabalho atuando como uma integradora de empresas ligadas à cadeia de eletrificação. Para o projeto sair do papel, além da Enel X e da Eletra, estiveram envolvidas empresas como WEG, Scania e Mercedes-Benz. O trabalho no país tomou como base a experiência no Chile, região em que, há cinco anos, a vertical da Enel entregou 100 ônibus elétricos em Santiago — hoje, são 1,5 mil.
Depois da experiência no Chile, a Enel já havia atuado também em Bogotá. A companhia foi contratada para entregar 878 ônibus elétricos na cidade e, na América Latina, já foi contratada para gerenciar mais de 3,5 mil ônibus elétricos, se consolidando como a maior fornecedora de soluções de ônibus elétricos no mundo fora da China .
Ao chegar no Brasil, a companhia amplia ainda mais esse escopo, com o diferencial de construir uma cadeia 100% local para a produção dos veículos elétricos -- diferentemente dos demais países, em que os projetos foram feitos principalmente com veículos importados.
A vertical de mobilidade elétrica urbana da Enel atua hoje com projetos de energia feitos sob medida para clientes que vão do setor público ao privado. Estão na alçada das atividades praticadas no Brasil, por exemplo, parcerias público-privadas para iluminação pública -- que somam mais de 150 mil pontos --, além de projetos de eficiência energética para indústrias e geração distribuída.
A base regulatória para o trabalho da empresa no país veio principalmente a partir da lei nº 16.802/2018, que determinou o o uso de fontes de energia menos poluentes e menos geradoras de gases de efeito estufa na frota de transporte coletivo urbano de São Paulo. O texto estabelece, em linhas gerais, que até 2038 terá que ser realizada a substituição dos veículos por outros de baixa emissão.
Questionado a respeito do interesse de outras prefeituras em firmar consórcios semelhantes, Cotugno afirmou que ainda não há novos contratos. "O projeto de hoje, de todo modo, abre um caminho de confiança em todo o Brasil e esperamos que as grandes cidades tomem isso como um estímulo", afirma.