Agrogalaxy: companhia espera ver efeito de reestruturação conduzida em 2023 no balanço de 2024 (Divulgação/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 10h39.
Na terceira troca de CEO em três anos, a AgroGalaxy, de revendas de insumos agrícolas, terá um novo comando a partir de 1º de março. Welles Pascoal, que havia reassumido a cadeira em 2023, por causa de problemas de saúde de Sheila Albuquerque, passa o bastão novamente, dessa vez para Axel Labourt, ex-companheiro de Dow Agrosciences e COO da AgroGalaxy desde 2023.
Junto com a troca no comando, que vem um momento delicado para o setor, a companhia anunciou uma série de medidas organizacionais que dão sequência ao trabalho realizado desde o ano passado e tem como objetivo deixar a distribuidora de insumos mais leve em um momento de endividamento ainda elevado.
"Axel é uma pessoa de minha inteira confiança. Já tive a oportunidade de trabalhar com ele antes e, quando o trouxe para a companhia no ano passado, já pensava nele como um dos candidatos para me substituir na posição de CEO", disse Pascoal. O atual executivo deve voltar para os planos que teve de interromper em 2023: construir um projeto para combinar vinhos e gastronomia no Sul de Minas.
Labourt assume a cadeira já com a mensagem de que a busca por eficiência vai continuar daqui para frente. Em dezembro, a AgroGalaxy recebeu um aporte de R$ 188 milhões do controlador Acqua Capital, fundo de Private Equity que tem 54,5% dos papéis. O dinheiro resolvia apenas uma pequena parte do envididamento da companhia, em 4,2 vezes no terceiro trimestre de 2023.
De acordo com os dados dos últimos doze meses encerrados em setembro, a AgroGalaxy tinha uma dívida de R$ 1,5 bilhão com bancos (dos quais conseguiu negociar metade em um processo conduzido ao longo desse mesmo mês, cujo efeito deve aparecer nos dados do quarto trimestre) além de R$ 956 milhões em dívidas financeiras decorrentes de um CRA.
O endividamento bruto somava R$ 2,6 bilhões -- patamar similar ao do mesmo período do ano anterior, porém com todos os desafios de um novo cenário para o agro.
Dando sequência ao plano de eficiência anunciado pela AgroGalaxy no ano passado, o executivo apontou que a empresa está fazendo uma reavaliação de sua cobertura geográfica e da estrutura organizacional. O objetivo final é deixar a empresa ainda mais leve e preparada para o ano de 2024.
A distribuidora de insumos vai fechar 19 lojas no país, mas frisou que ainda permanece com atuação em 14 estados -- sendo 12 deles com lojas físicas. As lojas não são próprias da empresa, então, a readequação significa cancelamento de contrato de aluguel e realocação de pessoas para pontos de venda na mesma cidade.
"Hoje, por exemplo, se eu tenho cinco lojas numa determinada região, que estão em um raio de distância curto, eu posso ter quatro lojas ou até três, sem deixar de atender bem o produtor. Sem perder de vista que cada um dos nossos carros atua como uma loja nossa", diz Eron Martins, CFO da AgroGalaxy. Ao todo, a companhia ficará com 150 lojas no país todo.
Junto com a readequação da estrutura de lojas, a companhia fez, 'da porta para dentro', uma revisão de seu desenho organizacional, de olho em ser mais ágil. Isso significou, na prática, a redução de dois níveis organizacionais entre o CEO e o consultor de venda no campo, o que resultou na eliminação de 80 postos de trabalho dentro da companhia. O objetivo final é, além de cortar custos, dar mais autonomia para os vice-presidentes de negócio que vão liderar as regiões.
Como parte desse plano, antes, a AgroGalaxy tinha dois grandes líderes que trabalhavam abaixo do CEO e, agora, terá cinco VPs. A ideia é que eles estejam muito mais próximos dos vendedores, com uma maior sensibilidade do que acontece na ponta para atender melhor o cliente. Detalhando melhor essa estrutura, a companhia vai manter como está a unidade de negócios da sementeira (de beneficiamento de sementes) e vai fazer mudanças na área de distribuição de insumos.
Antes, a AgroGalaxy tinha duas verticais, chamadas de Torre Sul e Torre Norte, cada uma com quatro unidades de negócios abaixo de si. Isso ficou para trás: agora, a companhia terá cinco unidades de negócios, focadas na distribuição: a Unidade Sul (focada no Paraná), Sudeste (que inclui São Paulo e Minas Gerais), Cerrado Oeste (Mato Grosso), uma unidade separada de Mato Grosso do Sul e Cerrado Leste (Goiás, Maranhão, Piauí e Tocantins).
A companhia não abordou quanto de eficiência para o balanço as mudanças devem trazer."Começamos as mudanças no início de 2023 e agora estamos concluindo esse processo. Vamos capturar praticamente a totalidade dos efeitos, uma vez que começamos esse processo cedo, ao contrário da concorrência", disse Martins.
O novo CEO frisou que a atuação diversificada deixa a empresa menos vulnerável às quebras de safra -- assunto em alta neste ano, com o El Niño trazendo consequências para o centro-oeste. "Já conhecemos o produtor que tem mais dificuldade e estamos chamando essas pessoas para converar agora. O agro é corrida de maratona, vamos ajudar o produtor a correr", disse Labourt.