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Em nova fase com Ads, CRMBonus quer quadruplicar em três anos – e traz ex-F.biz Paulo Loeb

Avaliada em R$ 2,2 bilhões, startup aposta em mercado bilionário de retail media: “vamos criar um novo inventário para as empresas”, diz o fundador Alexandre Zolko

CRMBonus: chegada de Loeb deve reforçar processos internos de gestão e vocação "publicitária" do sistema de bonificação (Leandro Fonseca/Exame)

CRMBonus: chegada de Loeb deve reforçar processos internos de gestão e vocação "publicitária" do sistema de bonificação (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 19h14.

Última atualização em 10 de janeiro de 2025 às 19h52.

Numa trajetória expressiva de crescimento, mais que dobrando a receita ano a ano, a CRMBonus, conhecida por sua plataforma de giftback, está trazendo um novo executivo para a linha de comando.  

Acaba de chegar à companhia Paulo Loeb, criador e ex-CEO da agência de publicidade digital F.Biz, como chefe de operações (COO) – ou, nas palavras do fundador da CRMBonus, Alexandre Zolko, ‘CEO da porta para dentro’.  

Ele chega num momento em que a CRMBonus está ganhando ainda mais musculatura e desbrava um mercado maior do que o já alcançado com sua plataforma de Vale Bônus. Com ela, consagrou-se no varejo e garantiu uma receita recorrente de R$ 250 milhões. Tudo isso em menos de sete anos de vida.

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É CRM Ads, sua via de retail media, que faz a monetização de base de dados de consumidores de empresas. Atende setores tão distantes como o de supermercados, como o Carrefour, ao Sem Parar, de tags para estacionamentos e pedágios, passando pela Azul, de linhas aéreas.

“Enxergo a CRMBonus com faturamento de R$ 1 bilhão em três anos e lucro líquido de 50% deste valor. Mas tudo pode dar errado se eu não for inteligente o suficiente para profissionalizar a companhia”, afirma Zolko.  

A ideia, diz ele, é criar um novo inventário de mídia: saindo dos meios tradicionais, como outdoors e mídia programática no Google ou no Facebook, para permitir que as empresas usem suas próprias bases de dados.  

O exemplo mais emblemático é da Azul: a empresa hoje usa uma ferramenta da CRMBonus para oferecer ofertas personalizadas para os clientes via WhatsApp, assim que eles chegam ao destino. Se o cliente topar a oferta – que pode ser desconto num restaurante local ou no aluguel de carros –, Azul e CRMBonus dividem a receita pelo match. 

Empreendedor serial, antes de fundar a CRMBonus, Zolko já teve sete empreitadas, entre elas a MyShoes, de calçados, vendida para a Arezzo. Com a CRMBonus, aprendeu que o foco é importante – e quer usar as habilidades de criação de produtos e relação com clientes mais da porta para fora, dando a liberdade para Loeb tocar os produtos e a equipe, hoje formada por 500 funcionários.

Nos cerca de 25 anos de Fbiz, Loeb viveu na pele a mudança de empreendedor para um papel mais executivo. A agência foi comprada em 2011 pelo grupo britânico WPP, onde o executivo ficou até o fim do ano passado.  

À frente da empreitada, Loeb – bastante conhecido no mercado de mídia – diz que vai fazer “novos amigos”, passando da turma do marketing e dos CMOs, que eram seu mercado cativo, para olhar mais para os CFOs.  

Com diversas ofertas, a CRMBonus promete aumentar as vendas e as margens das empresas que usam a plataforma – com contratos no melhor formato vendedor de Zolko, que inclui sucesso ou seu dinheiro de volta.  

“Um dos meus desafios vai ser transformar a CRM em uma love brand para nossos clientes. É uma grande oportunidade, com a excelência que ela construiu em serviço ao consumidor”, diz.  

De plataforma de bônus... 

Criada no fim de 2017, a CRMBonus nasceu para resolver um problema interno. Zolko queria substituir o papelzinho que o cliente entregava ao cliente com um desconto para a próxima compra na MyShoes e da TVZ.  

Com um software, passou a oferecer o desconto de forma digital, por meio de um SMS enviado ao cliente. Viu a conversão disparar e, com controle no processo de quantos clientes receberam o desconto, quantos de fato o usaram e o quanto isso gerou de vendas incrementais.  

A solução virou um novo negócio que rapidamente atraiu o interesse dos maiores varejistas do Brasil, todos plugados na plataforma. Com isso, a startup atraiu o interesse do Softbank, que liderou um aporte de R$ 280 milhões na companhia em 2021, avaliando-a em R$ 1 bilhão.  

 Ali, a companhia concordou em não distribuir mais dividendos e aplicar todos os recursos no crescimento. Uma fatia gorda dos investimentos foi para o marketing, com anúncios nas telas de relógios das grandes cidades e nos pontos de ônibus.  

 Zolko também foi parar na TV, com a CRMBonus patrocinando um quadro do programa do Luciano Huck.   

A companhia partiu, então, para o seu momento 2.0, ampliando pela primeira vez seu mercado endereçável: o app Vale Bônus, um sistema de bonificação que funciona como uma espécie de marketplace, onde o cliente acumula bônus em várias lojas e pode trocar por descontos em estabelecimentos variados.  

Zolko exemplifica: com dados de 100 milhões de clientes que já receberam bônus, a CRM consegue saber se alguém não compra há mais de um ano na Vivara e oferece à joalheria a opção de aparecer na plataforma como uma das marcas em que ele poderia trocar sua bonificação.    

Com isso, conseguiu trazer para o jogo empresas de serviços, que usam a ferramenta para outros objetivos que não apenas aumentar as vendas. A Vivo, por exemplo, dá bônus para clientes que trocam o pagamento da fatura para o débito automático – relevante para reduzir a inadimplência.  

A empresa de telefonia só paga um fee e a emissão de bônus é ilimitada, porque o desconto vem dos varejistas que integram a plataforma.  

Foi a partir daí que os contratos, que antes rodavam casa de R$ 20 mil ao mês, passaram a ser de R$ 1 milhão ou mais.  

... à concorrente do Google 

O ano passado inaugurou uma nova fase para a CRM, com um aporte de R$ 400 milhões liderado pela Bond Capital, a firma de Mary Meeker, investidora e guru de tecnologia do Vale Silício, uma das primeiras a assinar cheques para empresas como Meta, Uber e Airbnb. O valuation dobrou, chegando a R$ 2,2 bilhões.  

Andando com as próprias pernas e sem queima de caixa há tempos, os recursos vieram para abastecer principalmente a via de crescimento via Ads.  

A versão 3.0 da empresa foi abastecida por aquisições feitas ao longo de 2022 e 2023 de empresas de CRM, de disparador de mensagens no WhatsApp e de IA conversacional.   

A avenida de crescimento via Ads é ainda mais promissora que as duas outras juntas, diz o energético Zolko. “Começamos perceber o nosso potencial com um orquestrador de uma terceira via ao Google e à Meta em termos de aquisição de clientes”, afirma – fazendo o paralelo de que consegue entregar aumento de vendas mensurável, permitindo às empresas saber exatamente o Custo de Aquisição do Cliente (CAC). 

É satisfação do cliente e aumento de vendas, ou o dinheiro de volta.  

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