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Em cartaz, na Disney, uma saga corporativa: ‘O retorno de Nelson Peltz’

Investidor ativista volta à carga um ano depois de ter travado batalha por assentos no conselho

Disney: Ações são negociadas próximas das mínimas em cinco anos (Abigail Nilsson/Divulgação)

Disney: Ações são negociadas próximas das mínimas em cinco anos (Abigail Nilsson/Divulgação)

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 12h42.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 16h13.

Se vai bem nos parques, a Disney vem sofrendo na área de cinema e streaming, com vários filmes se mostrando um fracasso de bilheterias nos últimos anos. Mas, na batalha pelo comando da empresa, uma sequência está definitivamente atraindo a atenção dos investidores: o retorno de Nelson Peltz.

Conhecido pela sua postura ativista e por não abandonar uma boa briga, o fundador da gestora Trian anunciou ontem que vai começar formalmente uma proxy fight, buscando apoio de outros investidores para conseguir pelo menos um assento na companhia, após as tentativas amigáveis de entrar no board terem fracassado.

É a segunda temporada da saga. O movimento vem quase um ano depois de Peltz ter tentado um movimento similar, sem sucesso – pressionando a Disney a implementar medidas austeridade para ‘recuperar sua mágica’ e buscar um sucessor para o CEO Bob Iger.

Na época, Iger lançou um pacote que acabou deixando Peltz sem argumentos, com uma ampla reestruturação, que envolvia corte de custos de US$ 5,5 bilhões e 7 mil empregos. O dono da Trian declarou vitória e tirou o time de campo.

Agora, voltou à carga. Nos últimos meses, Peltz – famoso por já ter vencido batalhas que provocaram mudanças de gestão na Heinz, na Dupont e na P&G –voltou a aumentar sua posição na Disney. Com cerca de US$ 3 bilhões investidos na companhia, ele tem pouco mais de 2% das ações e é um de seus maiores acionistas.

“Desde que demos à Disney a oportunidade de provar que podia corrigir o ‘prumo do navio’ em fevereiro até nosso reengajamento com a companhia semanas atrás, os investidores perderam mais de US$ 70 bilhões em valor de mercado”, disse a Trian em comunicado.  “A confiança dos investidores está baixa e até o CEO da Disney está reconhecendo que os desafios da empresa são maiores do que se acreditava anteriormente”.

O investidor não divulgou ainda quais são seus planos para a empresa. Mas deixou claro que a indicação de dois novos conselheiros em neste ano (James Gorman, CEO do Morgan Stanley, e Jemery Darroch, o antigo head da Sky, de mídia) melhoraram a governança corporativa da Disney, “mas não o suficiente”.

A janela para indicação de novos conselheiros será entre 5 de dezembro e 4 de janeiro.

A Disney já veio a público e defendeu seu desempenho, dizendo que está no caminho para economizar mais de US$ 7,5 bilhões em custos, mais do que inicialmente previsto.

A companhia também criticou os laços de Peltz com Isaac ‘Ike’ Perlmutter, o antigo presidente do conselho da Marvel, que teve uma demissão conturbada da Disney no começo deste ano e é dos principais antagonistas de Bob Iger.

Na época da sua saída, ele disse ao The Wall Street Journal que sua demissão foi baseada em “diferenças fundamentais” com a liderança da Disney. “Mais que a bilheteria, eu me preocupo com o retorno do investimento”, disparou.

Em comunicado, a Disney disse que 78% das ações que Peltz diz deter vêm de Perlmutter, que tem uma “longa agenda pessoal” contra o Iger, o que pode fazer com que sua motivação seja “diferente daquela de todas os outros acionistas”.

Ainda não está claro o quanto a campanha da Trian vai angariar de apoio dos acionistas da Disney, que tem o capital bastante pulverizado. Mas um deles, pelo menos, já veio a público para dizer que não deve apoiá-lo.

A Blackwells Capital, gestora também de perfil ativista, disse numa carta dura que está preocupada que a campanha “priorize mais o ego de Peltz do que os melhores interesses de todos os acionistas da Disney”.

As ações da Disney estão praticamente de lado este ano, mas ainda negociam próximas das mínimas dos últimos cinco anos.

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