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Eleva compra edtech Kanttum, plataforma para formação de professores

Pátio, braço do grupo de serviços educacionais para o mercado que fez a aquisição, deve ter receita da ordem de R$ 60 milhões neste ano

Anderson Morais, co-fundador e CEO do Pátio: Kanttum tem grande potencial de crescimento e ainda permite expansão do grupo sem que escala prejudique qualidade (Eleva/Divulgação)

Anderson Morais, co-fundador e CEO do Pátio: Kanttum tem grande potencial de crescimento e ainda permite expansão do grupo sem que escala prejudique qualidade (Eleva/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 17 de janeiro de 2022 às 14h00.

Última atualização em 18 de janeiro de 2022 às 17h46.

O grupo Eleva Educação, o maior de ensino básico do Brasil, com mais de 120 mil alunos e 200 unidades escolares, acaba de fechar uma nova transação dentro do Patio, seu braço que desenvolve soluções educacionais para o mercado, tanto em conteúdo como em tecnologia. A companhia comprou a edtech Kanttum, voltada à formação e desenvolvimento de professores. “No universo das mais de 500 edtechs existentes no Brasil, quase nada é voltado aos educadores”, destaca Anderson Morais, co-fundador e CEO do Patio. Além do tamanho e da fama dos colégios detidos, o grupo é conhecido por ter o empresário Jorge Paulo Lemann como um dos maiores investidores.

Essa é a primeira solução do grupo para formação de profissionais. O novo investimento é a quarta frente de negócios da unidade. “Nesse ano, nossa receita deve alcançar R$ 60 milhões, com potencial de passar de R$ 100 milhões em 2023”, conta o executivo, em entrevista ao EXAME IN. Os números já consideram a aquisição.

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O Patio vende suas soluções para diversas empresas do setor, além de utilizá-las dentro do grupo. A Kanttum é a quarta unidade de negócios dentro de seu guarda-chuva, que tem a Agenda Edu, plataforma digital para comunicação entre pais, alunos e professores, a Tec, que oferece um currículo calcado na cultura maker e no ensino de ciência e tecnologia, e a LIV, um programa de educação socioemocional. A edtech vem complementar o portfólio. “Além de um potencial enorme de crescimento no mercado, o negócio vai nos ajudar a seguir crescendo sem perder qualidade devido ao ganho de escala”, enfatiza Morais. O grupo é dono de nada menos do que 26 bandeiras de educação — nomes como Cei, Pensi, Elite e Eleva, entre tantas outras — e tem uma receita anual da ordem de R$ 2 bilhões, após a compra de 45 escolas do grupo Cogna no ano passado. “Temos um total de 17 mil colaboradores e a maior parte é composta por educadores.”

As soluções e a plataforma da empresa já eram usadas pelo grupo Eleva antes da transação. “Eles foram um dos primeiros clientes”, revela Pablo Sales, um dos fundadores da startup. A companhia foi fundada em 2014 e, na época, chamava-se Replay for me. Na largada, a companhia tinha como objetivo ajudar os professores a gravarem suas aulas e tornarem o conteúdo permanentemente disponível para os alunos que quisessem rever o conteúdo.

Entretanto, quando passou por um processo de validação da tese junto ao mercado percebeu que a carência e as oportunidades maiores estavam com o público dos próprios professores. Então, a plataforma com sua apresentação atual foi lançada em 2018, após uma revisão do modelo de negócios. Na largada do ano seguinte, já tinha mais de 40 mil usuários e hoje esse total alcança 180 mil. São mais de 30 grupos educacionais que adotam as soluções. A lista tem nomes como Ânima e Pentágono, por exemplo. A receita prevista para esse ano, de acordo com o fundador, é da ordem de R$ 5 milhões.

Embora o Grupo Eleva não tenha divulgado o valor da transação, no setor de edtech as aquisições costumam variar entre um múltiplo de 5 a 10 vezes a receita — o que significa um investimento provável entre R$ 25 milhões e R$ 50 milhões. Os executivos, contudo, não comentam o cálculo.

A solução da Kanttum pode ser adotada, segundo Sales, tanto para profissionais do ensino fundamental até universidades, além de escolas de línguas, formações técnicas e até mesmo empresas que usem recorrentemente processos de formação para funcionários. No ano passado, entre os produtos oferecidos foi lançada a “Ser Professor”, uma espécie de comunidade para que os professores possam trocar experiências e conhecimentos. “Essa é mais voltada ao ensino básico. Atualmente, tem mais de 18 mil cadastrados.”

Dentro da plataforma, existem cursos prontos, conteúdos e toda mecânica para adoção de processos de mentorias. “O professor sempre foi tratado de forma generalista, quando na verdade cada um possui qualidades e deficiências muito particulares”, enfatiza o fundador. Ele define a plataforma como uma espécie de Netflix do educador, que por meio de uma assinatura de R$ 19,90 pode acessar os conteúdos. Além disso, as escolas podem pagar por mentorias que ajudam o profissional a desenvolver melhor a aplicação das novas habilidades adquiridas. Elas podem ser feitas a partir de R$ 149,90 por unidade, além de as escolas poderem contratar pacotes.

Sales conta que um divisor de águas na estrutura da companhia foi ter passado por uma espécie de aceleração dentro da Fundação Lemann e, por meio do centro do empresário, ter passado a oferecer o programa de formação de professores de Stanford, altamente reconhecido.

A pandemia também foi uma grande propulsora dos negócios, pois os educadores tiveram de enfrentar do dia para noite a necessidade de lidar com o ensino de uma forma totalmente nova.

Antes da aquisição pela Eleva, a Kanttum havia passado apenas uma única rodada de captação de recursos, que levantou cerca de R$ 1,6 milhão de reais, em 2016. Sales, que continuará à frente da operação, conta que o negócio vai proporcionar uma nova realidade de crescimento. “Um dos maiores gargalos de uma startup é a capacidade de distribuição de seus produtos e o Patio está presente hoje em cerca de 5 mil escolas.”

As demais soluções do braço de mercado do Grupo Eleva possuem centenas de clientes. A Agenda Edu está em mais de 3 mil escolas, com mais de 2 milhões de usuários (950 mil deles, alunos) e a LIV é adotada por mais de 500 escolas, com um universo de 190 mil alunos, enquanto a Tec está com sua proposta em 130 clientes que adotam o curriculum para cerca de 40 mil alunos.

Logo após a transação com Cogna, em março de 2021, que representou um salto da ordem de 50% para o grupo, em receita, o co-presidente Bruno Elias deixou claro, em entrevista ao EXAME IN, que o céu é o limite para as pretensões: ser o maior e o melhor. Pelo visto, o mais completo também. A operação deu um fôlego ainda maior para a companhia, pois a previsão é que o Ebitda passaria da ordem de R$ 200 milhões para R$ 350 milhões ao ano, após 18 meses da conclusão da operação.

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