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Eggy: com 14 milhões de aves, bilionária Granja Faria abre restaurante

Companhia quadruplicou em 4 anos, planeja faturar R$ 1,2 bilhão em 2021 com a consolidação de um mercado pulverizado no país

Eggy: café da manhã, hambúrgueres e tudo em que a estrela principal seja o ovo (Eduardo Frazão/Exame)

Eggy: café da manhã, hambúrgueres e tudo em que a estrela principal seja o ovo (Eduardo Frazão/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 6 de julho de 2021 às 15h02.

Última atualização em 7 de julho de 2021 às 10h59.

Um novo restaurante no Itaim, bairro nobre de São Paulo, abre as portas nesta terça-feira, dia 6, carregado de simbolismo. Primeiro, pelo menu: a especialidade do Eggy é o ovo. Isso mesmo, ovos. O local vai ter café da manhã, hambúrgueres e outros alimentos que buscam servir de base para a estrela principal — seguindo a trilha da redenção do ovo como já se vê em endereços descolados nos Estados Unidos.

Mas o simbolismo maior vem do controlador do Eggy. Trata-se da Granja Faria, uma das maiores empresas avícolas do Brasil. A Granja Faria é um desses fenômenos de crescimento que se vê Brasil afora, longe dos grandes endereços corporativos. Passou de faturamento na casa dos R$ 180 milhões quatro anos atrás para R$ 785 milhões em 2020 e prevê R$ 1,2 bilhão para 2021. "O restaurante mostra que somos mais que uma agroindústria. Iremos além do supermercadista e vamos nos aproximar cada vez mais dos consumidores, colhendo dados para melhorar o negócio", diz Denilson Dorigoni, presidente da Granja Faria.

O plano inicial para o Eggy é abrir 30 lojas próprias em pontos de rua e aeroportos, para depois levar a rede para shoppings. Antes do Eggy, a companhia já havia lançado outro negócio mirando o consumidor final, o serviço Club de Assinaturas, em que o cliente recebe em casa ovos frescos que podem ser caipiras, orgânicos, vitaminados, e por aí vai. O clube está disponível inicialmente em São Paulo, mas deve chegar a outras capitais do país nas próximas semanas.

Dorigoni falou com o EXAME IN por telefone diretamente de Piripiri, no interior do Piauí. Estava no estado para a inauguração de uma nova loja do varejista Grupo Mateus, um de seus principais clientes, na cidade vizinha de Floriano. "Vendo 18 milhões de ovos por mês para o Mateus. Preciso estar perto dos clientes", afirma.

Os números, e a capilaridade, da Granja Faria impressionam. São 14 milhões de galinhas, 7,2 milhões de ovos por dia e 2,5 bilhões por ano. A empresa exporta para dez países, do Paraguai à Arábia Saudita.

15 anos de estrada

A Granja Faria foi fundada por Ricardo Faria, ainda à frente do negócio, em 2006 para fornecer pintinhos — os ovos férteis — para grandes frigoríficos como a BRF. Em 2017 entrou no mercado de ovos comerciais, um passo que marcou um salto no seu potencial de crescimento. Isso porque o mercado de ovos férteis fatura pouco mais de R$ 1 bilhão por ano ano Brasil; o de comerciais fatura mais de R$ 20 bilhões de reais, e é pulverizado em centenas de granjas país afora.

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Denilson Dorigoni, presidente da Granja Faria, criadora do Eggy: proximidade do consumidor é o mote da empreitada (Eduardo Frazão/Exame)

Para conquistar uma fatia relevante deste mercado, Faria e Dorigoni apostaram em qualidade e escala. Perceberam que os consumidores estavam trocando a carne pelos ovos em cada vez mais ocasiões de consumo, e que preferem produtos orgânicos. A Faria começou o novo negócio com uma granja de galinhas criadas soltas em Santa Catarina — já são 1,2 milhão de animais que atendem a marca Ares do Campo — e depois iniciou uma acelerada onda de aquisições.

"Temos granjas do Oiapoque ao Chuí", afirma Dorigoni. São 21 granjas, em Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Tocantins. A cada nova aquisição a companhia segue um roteiro. Mantém a marca local, reconhecida pelos consumidores no ponto de venda. E leva conceitos novos gestão e marketing, além de práticas ESG, com luz de LED nas granjas, e um cuidado adicional com o ciclo fechado na produção, plantando boa parte dos grãos consumidos e utilizando o esterco para adubar a terra.

Em quatro anos a companhia investiu R$ 1,3 bilhão na consolidação de outras granjas e investimentos em tecnologia. Chegou a cerca de 7% do mercado nacional, nas contas de Dorigoni, e planeja continuar investindo, e crescendo. Sua principal concorrente é a Granja Mantiqueira, do empreendedor Leandro Pinto e que tem 11 milhões de aves e também investe para consolidar um mercado ainda pulverizado. A recente alta nos preços das matérias primas é um desafio adicional nos resultados. Para a Granja Faria, não deve impedir que o plano de crescimento siga acelerado.

 

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