Cogna: base de alunos do Fies, que chegou a 28% em 2015, terminou ano passado em 1,1% (Germano Lüders/Exame)
Graziella Valenti
Publicado em 23 de setembro de 2022 às 18h12.
Última atualização em 23 de setembro de 2022 às 18h27.
O setor de educação passou por um rali nessa semana, puxado pelas declarações do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que pretende dar novo impulso aos programas de educação Fies e ProUni. A alta das ações assustou os vendidos e o percentual de apostas negativas caiu substancialmente. Até mesmo hoje, um dia em que papéis importantes e a bolsa, em geral, foram mal, as empresas mostraram leve alta.
As quatro principais empresas Cogna, Yduqs, Ânima e Ser somam R$ 13 bilhões em valor de mercado no fechamento desta sexta-feira. Desse total, pouco mais de R$ 2 bilhões foram obtidos com as valorizações dessa semana, uma variação superior a 15%.
Ao longo de 2022, com a retomada da circulação das pessoas, as ações de educação tiveram forte recuperação e algumas quase triplicaram de valor. Esse ganho acabou por atrair os vendidos, que ainda veem muitos desafios a serem digeridos no pós-pandemia pelas empresas.
Há cerca de um mês, eram necessários, em média, 7,7 dias de negociação para que os vendidos do setor cobrissem sua posição — considerando, além das quatro empresas citadas, também a Cruzeiro do Sul. Ontem, esse total já estava em 5,7 dias. O dado foi compilado pelo analista Samuel Alves, do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). No caso da Ser Educacional, essa variação foi de 6,7 para 3,1. Na Yduqs, o indicador, que já foi de 7,4, está agora em 4,9.
Durante a semana, Alves escreveu um relatório para destacar que esse não deveria ser o melhor momento para se apostar contra o setor. Apesar de não acreditar em uma forte recuperação de preços após a pandemia, para além do que já se viu neste ano, o analista também entende que estrategicamente não é boa a aposta contrária.
No relatório, o analista relembra que em 2015, antes das mudanças que restringiram o acesso ao Fies, o programa de financiamento do governo, concedido pela Caixa, representava 36% da base de estudantes universitários do país. O projeto do governo foi acelerado em 2010 e o resultado foi um forte impulso ao setor. Se entre 2000 e 2010, foram feitos 560 mil contratos, esse total ficou próximo de 2 milhões de 2010 a 2015. O pico, de contratos novos assinados, ocorreu em 2014, com 733 mil.
Com isso, o percentual de alunos nos cursos das companhias abertas que tinham o Fies saiu de um percentual que, em alguns casos quase encostou 50% no auge, para menos de 8% ao fim do ano passado. Na Cogna, por exemplo, essa fatia saiu de 28% para 1,1% em seis anos.
Em razão de tudo que os balanços sofreram (com fim do Fies e pandemia) e da transformação das empresas, o segmento não pode ser considerado uma barganha, segundo o especialista do BTG. Na média, é negociado na B3 a uma relação entre valor de empresa (capitalização na bolsa mais dívida líquida) e Ebitda projetado para 2023 de seis vezes.
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