Riachuelo: vendas em mesmas lojas cresceram 13,9% no 4º tri (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 19 de março de 2025 às 21h07.
Última atualização em 19 de março de 2025 às 21h08.
Em 2024, a Guararapes, dona da Riachuelo, voltou a ter resultados para celebrar. A companhia conseguiu azeitar as operações, viu a rentabilidade crescer, a alavancagem cair (fortemente) e terminou o ano no azul, revertendo o prejuízo de 2023.
Esse ritmo foi especialmente mais forte no quarto trimestre, período em que o varejo ganha fôlego com as festas de fim de ano, mas a gestão da varejista garante que a tendência de demanda aquecida se mantém no começo de 2025.
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“Viemos com desempenho consistente. Não vamos surpreender negativamente quando a falarmos, lá em maio, dos resultados do primeiro trimestre. Temos mantido uma consistência muito grande”, diz André Farber em entrevista ao INSIGHT.
No quarto trimestre de 2024, a companhia atingiu um lucro líquido de R$ 250 milhões, 8,8% maior do que um ano antes ou 43% maior quando consideradas as bases comparáveis (nesse cálculo entram ativos vendidos em 2023, como a sede e a fábrica em Fortaleza). No ano, o lucro líquido foi de R$ 235 milhões, contra um prejuízo de R$ 33 milhões em 2023.
A receita líquida consolidada da companhia alcançou R$ 3,0 bilhões no quarto trimestre, um crescimento de 10,8% em relação ao mesmo período de 2023, com o segmento de mercadorias mostrando um aumento de 14,1%. A companhia ainda tem as unidades de serviços financeiros e Midway Mall, seu shopping center em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Nas duas, a receita ficou estável e 8,9% maior, respectivamente.
O trabalho de recuperação da marca da Riachuelo foi o aumento de 13,9% nas vendas em mesmas lojas. O número inclui todas as mercadorias, que também são compostas por itens de decoração da Casa Riachuelo, por exemplo. Em vestuário, esse indicador foi maior, segundo Farber, mas o número não é divulgado. Uma de suas principais concorrentes, a C&A reportou crescimento de 14,4% vendas em mesmas lojas para vestuário.
No acumulado do ano, a Guararapes fechou 2024 com R$ 9,6 bilhões em receita líquida, marcando um crescimento de 9,5% em comparação ao ano anterior.
A margem bruta consolidada foi de 58,7%, um aumento de 1,3 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2023, impulsionada pela eficiência operacional e pelo uso aprimorado da fábrica Guararapes. O EBITDA ajustado chegou a R$ 565,6 milhões, um crescimento de 9,3% em relação ao quarto trimestre de 2023. No ano, o resultado subiu 45%, para R$ 1,49 bilhão, com margem de 15,4%, 3,7 pontos percentuais a mais.
Farber enfatiza o papel da fábrica Guararapes como um ativo estratégico fundamental para a expansão de margens e a eficiência operacional da companhia. "Olhamos para a fábrica como ativo estratégico, que isso dá uma vantagem competitiva para a gente de fornecimento, reatividade, margem."
Segundo ele, 2024 foi um ano muito importante para usar a fábrica, cujo crescimento de volume superou os 30%. Ao fim de 2024, a fábrica da companhia, na região metropolitana de Natal, operava em plena capacidade. “Ajudou muito nesses resultados, conseguimos uma parte da ampliação de margem devido ao uso melhor da fábrica, conseguimos também ajustes no nosso preço para o melhor uso da cadeia integrada".
Além dos bons resultados no varejo, a Midway, unidade de serviços financeiros da Guararapes, também teve um desempenho forte. Em 2024, o EBITDA atingiu R$ 404 milhões, com aumento de 107,3% em comparação ao ano anterior.
A unidade também conseguiu melhorar seus índices de inadimplência, refletindo uma gestão disciplinada da carteira de crédito. Segundo Miguel Cafruni, CFO da Guararapes, a estratégia da Midway tem sido controlar a inadimplência. “Temos mantido ótimos índices de redução de perda. A Midway tem demonstrado uma responsabilidade muito forte com a gestão financeira."
Em tempos de Selic alta, um dos pontos de acerto da operação foi reduzir a alancagem da companhia. Ao fim de 2023, a relação entre dívida líquida e Ebitda era de 1 vez e passou para 0,3 vez em 2024. Além do crescimento de Ebitda, a companhia se dedicou a reduzir a dívida líquida, que chegou ao ápice de R$ 1,66 bilhão ao fim de 2022, caiu para R$ 1,06 bilhão ao fim de 2023 e terminou 2024 a R$ 499 milhões.
O CEO também falou sobre a redução da dívida líquida da empresa, afirmando: "A nossa dívida líquida no final de 2022, ela era 1,7 bilhão de reais. E a nossa dívida líquida no ano passado, ela terminou em 499 milhões de reais. "Com cenário de juros altos, ter dívida é muito caro. Então a gente pretende trabalhar com muito pouca dívida no balanço".
A companhia encerrou o mês de dezembro de 2024 com R$ 1,5 bilhão em caixa, o que equivale a 213% da dívida bruta de curto prazo
Apesar da posição de caixa, a gestão da companhia afirma que n]ao deve entrar na onda de recompras de ações vista recentemente na bolsa. “Temos uma visão de ciclo mais longa”, diz Farber.
“Vemos tantas possibilidades da companhia continuar acelerando, crescendo venda, margem e rentabilidade, que temos clareza de que a melhor alocação de capital é continuar acelerando o business. É seguir essa estratégia que está muito bem clara e muito bem executada”, afirma Cafruni.
No acumulado do ano, a Guararapes acumula 38,27% de valorização, negociada a R$ 7,84. O avanço supera o avanço de 3,33% dos papéis da Lojas Renner, mas ainda fica aquém da valorização das ações da C&A, que acumulam 48% de alta desde janeiro.