Onfly: aposta é de que o futuro das viagens de negócios está no uso de tecnologia (Onfly/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 15 de abril de 2025 às 17h20.
A Onfly, startup especializada em viagens corporativas, acaba de levantar R$ 240 milhões em uma rodada Série B, com a estreia do fundo de venture capital Tidemark, do Vale do Silício. O fundo, liderado por Dave Yuan — investidor do Nubank e da Meta — faz sua primeira incursão no Brasil com este aporte.
O novo investimento permitirá à Onfly acelerar a evolução de sua plataforma e aplicar inteligência artificial para aprimorar a experiência de seus clientes na gestão de despesas de viagens corporativas.
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A companhia também planeja expandir sua atuação, hoje focada mais no Brasil, para outros países da América Latina, onde o jogo da digitalização ainda está só começando.
"O mercado movimenta bilhões de dólares anualmente e ainda está muito atrelado a sistemas tradicionais, o que representa uma grande oportunidade", segundo o CEO da Onfly, Marcelo Linhares.
A prioridade, num primeiro momento, é o México, mas a empresa vê Colômbia, Chile e Argentina como destinos naturais de expansão e considera fazer aquisições no exterior para acelerar esse crescimento.
Fundada em 2018 por Linhares e Elvis Soares, a Onfly surgiu a partir de experiências pessoais dos dois com as ineficiências e fraudes no processo de reembolso de viagens corporativas. “Eu solicitava passagem por e-mail e ela estava R$ 200. Quando a cotação da agência voltava, quatro dias depois, o preço já estava em R$ 600. Ou o reembolso demorava a chegar e, quando pegava a fatura do cartão, ainda não tinha sido pago. Vimos que nesse vespeiro havia muita oportunidade”, conta Linhares.
Hoje, a Onfly conta com mais de 2.000 clientes, incluindo grandes nomes como Vivara, PicPay e VTEX, que utilizam sua plataforma para otimizar a gestão de viagens e despesas.
A startup se destaca por oferecer uma solução completamente digital que elimina processos manuais e garante mais transparência e controle sobre os gastos, além de proporcionar uma experiência simplificada para os colaboradores.
A companhia não havia recebido nenhum aporte e girava com o próprio caixa até a pandemia de 2020, quando quase quebrou com a suspensão das viagens feitas pelas empresas. Por isso, a empresa fez uma rodada de seed, primeira abertura para investimento externo, naquele período.
Em 2023, realizou a rodada Série A levantando R$ 80 milhões com a Left Lane e Cloud 9. Agora, o aporte liderado pela Tidemark é acompanhado pela Endeavor e mesmo a Left Lane fez novo investimento.
"No final do ano passado a gente foi procurado por alguns fundos que queriam colocar dinheiro para acelerar o crescimento. A rodada vem no momento em que vamos investir muito mais em tecnologia: vamos triplicar o investimento", diz o executivo, acrescentando que vai destinar mais recursos também para marketing e vendas.
A ideia dos sócios é que a Onfly seja uma espécie de Decolar do mercado B2B. A plataforma recentemente comprada pela dona do iFood, a Prosus, conseguiu romper a fricção das vendas de viagens para os consumidores. No mercado B2B, no entanto, a operação ainda é bastante analógica e pensada pela lógica do serviço.
O mercado de viagens corporativas no Brasil movimenta algo em torno de US$ 20 bilhões ao ano, sendo que 12% a 15% estão concentrados em grandes agências tradicionais e o restante está pulverizado. "Quando você olha especificamente nessas empresas mais tradicionais, elas são 100% baseadas em serviço. São empresas que não têm competência de tecnologia e que acreditam que uma pessoa, para viajar a trabalho, precisa solicitar para algum humano fazer essa cotação."
A aposta da Onfly é de que o futuro do setor está justamente no caminho diferente: no uso intensivo de tecnologia. "Tecnologia é que faz a boa experiência. Se o cara já faz isso, na viagem a lazer dele, no corporativo ele consegue fazer também. Basta dar uma jornada muito fácil, obviamente, aplicando as regras e a compliance da companhia."
Um dos lançamentos que reforçam essa tese é o Trust Expense, um produto que utiliza inteligência artificial em 70% de seus processos de análise de despesas e os recibos e a empresa configura do jeito que quiser, reduzindo erros ou fraudes.
A expectativa da companhia é de movimentar R$ 1,2 bilhão de GMV no ano, dobrando o GMV anualizado de 2023, quando fez sua primeira rodada.