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De volta: Ultrapar prepara vinda de Marcos Lutz, ex-Cosan, para conselho

Antes de passar 13 anos no grupo de Rubens Ometto, Lutz ficou 10 anos na Ultrapar

Marcos Lutz: depois de acumular experiência como presidente da CSN e da Cosan, volta para Ultrapar (Insper/Divulgação)

Marcos Lutz: depois de acumular experiência como presidente da CSN e da Cosan, volta para Ultrapar (Insper/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 16h46.

A Ultrapar vai trazer ninguém menos do que Marcos Lutz, ex-presidente do Grupo Cosan, para seu conselho de administração. Já está acertado que o executivo vai compor a chapa que a administração apresentará para a assembleia geral ordinária (AGO) de 2021, conforme o EXAME IN apurou.

Para quem tem memória curta, Lutz foi forjado na cultura Ultrapar, bebeu da fonte quando Paulo Cunha ainda estava à frente dos negócios. Ficou na empresa fundada pela família Igel de 1994 a 2003, onde foi diretor-superintendente da Ultracargo, o equivalente à presidente dessa unidade de negócios.

Por enquanto, Lutz ainda vive a separação e uma espécie de quarentena pela saída da Cosan, holding do empresário Rubens Ometto. Deixou a posição de presidente executivo oficialmente em abril e somente em junho saiu da cadeira de vice-presidente do conselho de administração. Nesse momento, o único vínculo com o grupo é a liderança do conselho da companhia de ferrovias e logística Rumo. Consultada, a Ultrapar não comentou o assunto.

Tanto pelo seu passado no grupo como pela experiência na Cosan, Lutz está muito longe de ser um “estranho no ninho”. Ao contrário. Os 13 anos na empresa Ometto agregaram a ele experiência à frente de uma holding com diversas atividades interligadas, mas totalmente independentes ao mesmo tempo — exatamente como é a Ultrapar. Aliás, as semelhanças não param por aí.

A Cosan tem uma operação grande em distribuição de combustíveis e a Ultrapar, também — inclusive, é uma das áreas de negócios com mais desafios dentro do grupo. A Cosan tem braço forte em logística, a Ultrapar também. Ometto criou a Compass, a partir da Comgás, e a Ultrapar é dona da Ultragaz. Entre as duas holdings, o executivo ainda presidiu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por quatro anos.

Sinergias não faltam entre a experiência de Lutz e as necessidades da Ultrapar. Formação de chapa de conselho de administração é assunto para lá de sério no grupo dos Igel. É estruturada com bastante antecedência e com a busca de consenso entre os diversos participantes do acordo que amarra agora 37% do capital da empresa, desde que a gestora Pátria Investimentos também aderiu ao contrato.

Com dez anos de Grupo Ultra e treze de Cosan, Marcos Lutz está longe de ser "estranho no ninho" na holding da família Igel

Pessoas próximas à companhia não descartam que Lutz possa vir para que seja dado início, com a antecedência e o planejamento típicos do grupo, à estruturação de uma sucessão do chairman Pedro Wongtschowski — em um futuro ainda sem data. Tudo indica que o projeto é um casamento de longo prazo, que pode incluir até mesmo uma participação no grupo.

Nesta terça-feira, a Ultrapar formalizou a entrada do Pátria no conselho — praticamente um ano depois que a gestora ingressou na holding Ultra. A assembleia de acionistas da companhia elegeu o executivo e cofundador da casa Alexandre Saigh como conselheiro.

Conforme o EXAME IN apurou, a ideia neste momento é que a chapa de 2021 mantenha 11 participantes e, por enquanto, ainda não houve uma definição de quem deve sair da formação. Hoje, além de Wongtschowski e Saigh, compõem o colegiado Lucio de Castro Andrade Filho, como vice-presidente, Alexandre Silva, que é chairman da Embraer, Ana Paula Vescovi, Flavia Almeida, da Península Participações, José Galló, a eterna identidade da Lojas Renner, Nildemar Secches, que foi a cara da Perdigão e está presente em outros colegiados importantes, José Maurício Pereira Coelho, Joaquim Pedro Monteiro de Carvalho Collor de Mello e José Marques de Toledo Camargo.

Depois de ser uma das companhias mais queridinha do mercado e negociada com prêmio pelo que os investidores entendiam como “toque de midas” para a gestão, a empresa viu seu valor em bolsa encolher à metade em 2018 e lá ficar estacionado (com algumas recuperações parciais no caminho). Além de desafios na gestão da Ipiranga, os investidores cobram movimentações no portfólio de empresas que possam trazer de volta um ritmo de crescimento aos negócios. A aposta em Extrafarma acabou frustrando as expectativas, pois o setor foi invadido por uma onda de investimentos e aumento relevante da competição entre as grandes rede,s.

Lutz e Saigh devem trazer um sopro de renovação e mais agilidade aos negócios sem ofender a cultura do grupo. O mercado torce por isso. A companhia que hoje vale 24,4 bilhões de reais na B3, quase encostou em 46 bilhões de reais no começo de 2018. Depois, não mais.

 

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