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De olho em IPO, Sapore avança em facilities

Uma das líderes em refeições coletivas, companhia compra a Branco Branco e dobra presença em serviços como limpeza e manutenção

Daniel Mendez: IPO deve acontecer entre 2024 e 2025 (Divulgação/Site Exame)

Daniel Mendez: IPO deve acontecer entre 2024 e 2025 (Divulgação/Site Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 14 de agosto de 2023 às 10h27.

Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 11h05.

Desde que fez uma oferta que acabou não se concretizando pela IMC, em 2018, a Sapore busca um caminho para a Bolsa.

Agora, a empresa, uma das líderes no segmento de restaurantes corporativos no Brasil, começou a colocar em marcha seu plano em direção ao IPO, avançando sobre o segmento de facilities, que inclui serviços como limpeza, manutenção e segurança. 

A companhia fechou a compra do controle da Branco Branco, uma empresa com sede em Alphaville (SP) fundada há 40 anos e que tem presença em 20 Estados brasileiros, com cerca de 2,5 mil funcionários. 

A transação, de valor não revelado, foi a  primeira feita pela Sapore desde a entrada do fundo de private equity Acon, que tem 19% do capital desde o ano passado, e estruturou uma área de fusões e aquisições, mirando uma listagem na B3. 

O foco em M&A é justamente nas empresas de facilities, um setor muito mais pulverizado que o de refeições corporativas, e que soma um mercado endereçável de R$ 250 bilhões no país, de acordo com dados da AT Kearney.

“As oportunidades de consolidação neste segmento são muito grandes e há muita sinergia com o nosso negócio”, diz o fundador e hoje presidente do conselho da Sapore, Daniel Mendez, um self-made man que migrou do Uruguai para o Brasil com 11 anos e começou sua carreira como garçom. 

A principal aposta é na venda cruzada de serviços. “Se o cliente gosta da operação de restaurante, que é uma operação tão sensível, é uma porta de entrada grande para o setor de facilities.” 

Além das sinergias comerciais, a entrada nesse segmento traz uma redução de risco para o portfólio, diz Mendez. 

Apesar de também ser intensivo em mão de obra, o principal custo no segmento de restaurantes e catering é o de alimentos. A Sapore foi construída sobre uma obsessão por métricas e padronizações que atravessam todo o processo, mas ainda assim acaba sentindo o peso do vai e vem das commodities.

Já em facilities, cerca de 80% do custo é de pessoas, o que reduz a volatilidade das margens.

A Sapore vem fazendo uma entrada gradual no segmento facilities desde 2018, quando comprou o controle de uma empresa pequena, a Unifacilities, integralmente adquirida em 2021. 

De lá para cá, a receita cresceu e chegou a R$ 100 milhões – ainda pouco perto do faturamento de R$ 2,6 bilhões registrado pela Sapore no ano passado. 

A Branco Branco dobra o tamanho do negócio dentro da companhia, com potencial para levá-lo a atingir R$ 300 milhões nos próximos 12 meses, afirma Mendez. 

Segundo ele, um dos principais atrativos na Branco Branco foi o estilo de gestão, com a implantação uma série de métodos para controle de resultados que garantem a capacidade dos serviços. Os sócios da empresa adquirida seguem no comando. 

“A Branco Branco está com uma geração nova, em que os filhos têm uma visão nova e clara, com muita inovação e que tem muita sinergia com o que a gente acredita”, diz.

Na busca por alvos de aquisição, a Sapore compete com outros concorrentes, como o Grupo GPS, listado em Bolsa, e que é o líder de mercado de facilities no país, com cerca de 5% de participação.

“É um setor muito pulverizado, em que tem espaço para mais de um player”, afirma Mendez. 

Ele diz que por muito tempo foi resistente a avançar no segmento, por conta da especialização no setor de alimentação, mas hoje aposta que a expertise da Sapore em alimentação é uma vantagem para consolidar este novo mercado.

“Estamos indo de um setor mais complexo – que envolve lidar com perecíveis, cadeia de refrigerados, logística, atendimento de excelência ao cliente – para um menos complexo e estamos gostando de trabalhar com essa área.”

Apesar de mirar o IPO, a Sapore afirma que não deve aproveitar a janela que está se abrindo este ano. "Temos como foco 2024 e 2025. Queremos estar preparados para o dia depois [do IPO], não só para a venda."

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