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CRM&Bônus e seu tiro de canhão: plataforma do Vale Bônus vai ao "Domingão com Huck"

Plataforma B2B2C que vai atacar redução de CAC para lojistas dá a largada com 100 marcas de varejo e 3.000 restaurantes

Aplicativo do Vale Bônus: degustação de R$ 500 para dar pontapé ao efeito rede (CRM&Bônus/Divulgação)

Aplicativo do Vale Bônus: degustação de R$ 500 para dar pontapé ao efeito rede (CRM&Bônus/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 8 de agosto de 2022 às 16h19.

Última atualização em 8 de agosto de 2022 às 16h47.

A CRM&Bônus deu a tacada que faltava para deixar de ser uma empresa de gift-back para se tornar um negócio completo de inteligência de vendas, com efeito em rede: lançou uma plataforma dedicada à aquisição de clientes, o Vale Bônus. O objetivo é o mesmo: ajudar o varejo a vender mais. Só que, desta vez, no lugar de atacar a retenção e fidelização de clientes, ela vai atuar na conquista de novos consumidores. Vai auxiliar os lojistas no esforço hercúleo, que movimenta bilhões em anúncios no Google e no Facebook, de baixar o tal do custo de aquisição de clientes, o CAC.

Mas a empresa fundada por Alexandre Zolko, da família dona da rede de moda TVZ e um nativo do setor, fez mais do que isso: deu um tiro de canhão para anunciar sua novidade. A companhia fez uma parceria com o Grupo Globo para um quadro no “Domingão com Huck” chamado “Loja, Doce Loja”. O programa do apresentador Luciano Huck flutua entre 16 e 19 pontos de audiência — como comparação, o último jogo de futebol entre Corinthians e Flamengo bateu 23 pontos.

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O Vale Bônus foi anunciado ontem à noite, dia 7, ao final do quadro. Para já começar o efeito rede, a CRM&Bônus colocou no programa um QR Code para o aplicativo, com um saldo de R$ 500 para ser usado em uma rede que, neste momento, tem mais de 100 marcas parceiras (com mais de 20 lojas no país) e 3.000 restaurantes, fruto da recente aquisição da ChefsClub. Para completar a ação, o produto, com o mesmo QR Code e o mesmo saldo, vai dominar a mídia outdoor de São Paulo, incluindo os clássicos relógios que mostram o tempo e a hora na cidade.

O lançamento, para quem assistiu ao Domingão e experimentou a novidade, foi tão agitado que momentaneamente entupiu o canal e bugou o carregamento do aplicativo. O app, para se ter uma ideia, chegou a ficar entre os TOP 5 de ontem na Apple Store. Mas o problema foi rapidamente corrigido. Adepto ferrenho do trabalho presencial, Zolko tinha o escritório cheio e todo time de plantão, com um telão para monitorar os downloads, ao vivo.

CRM&Bônus escritório Luciano Huck

Escritório da CRM&Bônus em São Paulo: equipe toda no domingo à noite, para acompanhar lançamento do Vale Bônus (CRM&Bônus/Divulgação)

Na lista de parceiros há nomes que dispensam apresentação como Marisa, Riachuelo, L’Occitane, Arezzo, Cinemark, Chilli Beans, Pet Love, Kopenhagen. Alguns já conhecem a CRM&Bônus do gift back. Outros são novidade na lista de clientes. É por isso que, para a CRM&Bônus, o efeito do produto também é de rede.

Fundada em 2018, a CRM&Bônus já tem o bolso cheio para a iniciativa. Avaliada em R$ 1 bilhão de reais, em uma rodada que movimentou R$ 280 milhões com Softbank, Riverwood, Volpe Capital e Igah Ventures em outubro passado, a companhia está proibida de pagar dividendos — já era geradora de caixa, com margem acima de 50% antes da capitalização. Ficou contratado que o dinheiro, novo e o feito dentro de casa, seriam usados para expansão.

Os planos de Zolko não são pequenos. Ao comprar a Zipper, plataforma de inteligência para o social selling, o empreendedor já deixou claro que quer levar o negócio de “R$ 1 bilhão para R$ 50 bilhões” nos próximos anos. Nessa semana, haverá ainda um grande evento em São Paulo, com show da cantora Maria Rita, para convidados. Os participantes? Varejistas e mais varejistas, além de investidores.

O produto para o consumidor

O Vale Bônus funciona da seguinte maneira: com o saldo da plataforma, o usuário ‘compra’ bônus de descontos para usar na rede cadastrada. Tem de roupa, a jóias, cosméticos e até viagens na frente de varejo, além dos restaurantes. Quando esse saldo de R$ 500 acabar, ninguém consegue carregar sozinho o benefício. Do contrário, perderia seu efeito como tal.  Quando a conta zerar, o que Zolko pretende é que os consumidores — e haverá um botão exatamente para isso — indiquem o RH das empresas que trabalham para que haja uma parceria B2B.

O objetivo é que as empresas contratem o serviço e entreguem o benefício aos funcionários. “O nome foi pensado para isso já. Tem Vale Refeição, Vale Transporte e agora tem Vale Bônus”, conta Zolko em entrevista exclusiva ao EXAME IN.

Para a empresa, vai custar entre R$ 3 e R$ 10 por funcionário. Com esse custo, as companhias vão poder gerar uma economia real estimada, no mínimo, entre R$ 250 e R$ 500 mensais para seus colaboradores. “Como dá descontos em alimentação, acaba sendo uma forma de a empresa esticar o vale refeição”, destaca o executivo, lembrando que em tempos de inflação, a população está sentindo na pele a redução do tempo de duração do benefício.

Zolko conta que, para manter o efeito rede e a vantagem para todos que usam, uma vez que o serviço for contratado, os funcionários poderão indicar os restaurantes de sua preferência — e assim o Vale Bônus vai conseguir colocar no seu ecossistema os milhares de restaurantes de bairro espalhados pela cidade.

Quem paga a conta e o efeito CAC

Para os varejistas que aderem à plataforma, a vantagem é a seguinte: só aparecem para os usuários as lojas que eles não frequentaram nos últimos seis meses. São informações que a CRM&Bônus já tem por fazer o gift back. Lembrando que a ideia é reconquistar ou conquistar clientes — e não reter. Cada varejista, só vai pagar pelo desconto efetivamente usado em sua plataforma. Dessa forma, esse custo fica diluído entre todos os participantes. “Além disso, nem Google, nem Facebook fazem esse tipo de seleção para a publicidade. Nada tem essa mesma eficiência de custo.”

Na prática, o saldo disponível para os consumidores é a soma de todos os descontos que varejistas e restaurantes oferecem. É por isso que tem custo reduzido para as companhias, como benefício. Como a despesa para quem está na plataforma só existe em caso de uso, o gasto só acontece quando a ação efetivamente gera resultado de vendas. "A plataforma foi concebida dessa maneira também porque não vamos levar qualquer cliente para o varejo. Vamos levar pessoas com renda, funcionários de empresas de médio e grande porte", completa Luiz Fernando Dias Guedes, COO e co-fundador da CRM&Bônus.

Diferentemente do gift back, que ajuda individualmente cada lojista, o Vale Bônus foi pensado para o efeito rede: quanto mais lojas, mais interesse dos usuários e quanto mais consumidores, mais atrativo para o varejo. E, no meio disso, as companhias que aderem ao benefício e são, para a CRM&Bônus, uma forma de crescer “no atacado”.

O quadro no Domingão com Huck

A ideia para o programa nasceu ainda no fim do ano passado e começou, desde então, a ser trabalhada com o Grupo Globo. Huck já tem vasta experiência no assunto, pois seu programa anterior tinha, o “Lar, Doce Lar”, que reformava casas. Agora, a ideia é reformar lojas e ajudar o pequeno varejo a crescer. Não apenas com equipamentos e uma operação atualizada, mas também com acesso à ferramenta do gift-back da CRM&Bônus.

A estreia da iniciativa foi com um varejo de roupas localizado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, a King Olliver. A produção da Globo deu um jeito de levar o fundador, um fã de Huck, ao programa. E a surpresa foi anunciada ali, no palco de apresentação.

Entre outras razões, ele foi escolhido por já ter gravado um vídeo ousado e divertido, em janeiro, em que o apresentar aparecia ao fundo, durante uma participação no “Favela Summit”, evento volto ao desenvolvimento do empreendedorismo nos morros cariocas. “Olha lá, o Luciano Huck, o cara vai ser meu parceiro no meu negócio e ainda não sabe.” Daí, para frente, todo mundo conhece a receita: emoção de sobra, que até fez Zolko entrar no palco com cara de choro. Só não estava mais emocionado que o fundador da King Olliver, Anthony Reis de Oliveira, de 21 anos, conhecido como Bené.

Agora, é ver se a rede funciona e se Zolko vai conseguir a multiplicação da receita.

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