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Cosan zera posição na Vale em operação de R$ 9 bi; ação da mineradora mostra força

Desconto de 0,5% sobre preço de tela mostra força compradora para a mineradora e dá alívio ao endividamento da holding de Rubens Ometto

Vale: Desde que entrou na mineradora, a Cosan tentou agir como acionista de referência (Mario Tama/Getty Images)

Vale: Desde que entrou na mineradora, a Cosan tentou agir como acionista de referência (Mario Tama/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 12h03.

Última atualização em 16 de janeiro de 2025 às 12h08.

As ações de Vale saíram a R$ 52,29 num leilão para venda de quase 4% de seu capital pela Cosan, um desconto de apenas 0,5% em relação ao fechamento de ontem – num sinal importante de força compradora para as ações da mineradora e um alívio importante para a empresa de Rubens Ometto, que busca reduzir sua alavancagem.

A Cosan levantou R$ 9 bilhões com a transação, o que permite reduzir sua alavancagem em 40%, de R$ 23 bilhões para cerca de R$ 14 bilhões. Os papéis da companhia negociam em forte alta, de mais de 3% desde o início do pregão.

Ao todo, a holding desovou 173,6 milhões de ações, mas o leilão movimentou 180 milhões de papéis, com outros vendedores entrando na operação.

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“O preço foi impressionante, considerando o volume de ações colocadas à venda”, pondera um gestor que está acompanhando de perto a operação. O leilão começou a R$ 50,63 por ação, mas rapidamente foi encontrando suporte a preços mais elevados.

A Cosan chegou a pedir cotação para três bancos – JP Morgan, Itaú e BofA – e ficou com o primeiro, que garantiu o preço de entrada a R$ 50,63, desconto de 3,75%. A demanda no mercado garantiu o sucesso da operação a desconto menos expressivo.

O price action mostra uma leitura que a transação é mais uma saída pragmática da Cosan do que um sinal em relação aos fundamentos da Vale.

“Sempre acreditei no Brasil e por isso invisto aqui. A Vale é um ativo extraordinário e confio muito na nova gestão. Entretanto, o patamar atual da taxa de juros nos obriga a reduzir a alavancagem da Cosan. Na minha trajetória de empreendedor, fui ficando mais pragmático. Já passei por muito e aprendi que o foco deve ser na disciplina financeira para podermos continuar crescendo”, diz Rubens Ometto Silveira de Melo, presidente do Conselho de Administração da Cosan.

“Olhando para a frente, a Vale endereçou o grosso de suas fontes de overhang, e o minério de ferro está um pouco mais forte que o esperado, o que representa uma janela de negociação de curto prazo”, escreveu o analista Leonardo Correa, do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) em relatório.

A Cosan construiu uma posição de 6,5% na Vale em outubro de 2022, por meio de derivativos e de compra à vista. Numa relação que foi se estressando ao longo do tempo, entre o final de 2023 e o começo de 2024, a companhia já tinha desfeito a posição de collar spread, reduzindo a exposição econômica a 4,1% da mineradora.

A holding de Rubens Ometto terá de reconhecer um prejuízo considerável no movimento. Por conta das estruturas de derivativos, é difícil saber o preço médio a que a posição foi montada, mas gestores de mercado estimam o valor de entrada foi algo próximo de R$ 70 por ação, isso sem considerar os custos com as operações de derivativos e a alavancagem tomada para financiar a operação.

Desde que entrou na Vale, a Cosan tentou agir como um acionista de referência – com alguma ascendência dentro do board, mas certamente numa relação mais conturbada que o inicialmente esperado.

No último ano, a Vale trocou a gestão e mudou o conselho, mas houve diversos ruídos, com o governo federal tentando aumentar sua ascendência na mineradora e emplacar nomes para o board e o comando da companhia – o que, inclusive, foi uma das razões que estressou a relação entre Rubens Ometto e o presidente Luís Inácio Lula da Silva, com que sempre manteve uma relação mais próxima e cordial.

A escolha de Gustavo Pimenta, o antigo CFO, como novo presidente da mineradora no lugar de Eduardo Bartolomeo dissipou em grande parte os ruídos.

Mas a ação da mineradora ainda acumula queda de 25% em doze meses, negociada a patamar próximos do período mais agudo da pandemia, em 2020.

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