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Copa e câmbio devem ajudar a dona da Centauro. O Bradesco deu ‘compra’

Melhorias internas e efeito calendário devem levar empresa a fechar desconto em relação a outros players de vestuário, mais expostos ao macro; ação sobe 3%

Fisia, operadora da Nike no Brasil: Câmbio leva nove meses para chegar aos resultados e deve impulsionar lucro de 2026 (NurPhoto/Getty Images)

Fisia, operadora da Nike no Brasil: Câmbio leva nove meses para chegar aos resultados e deve impulsionar lucro de 2026 (NurPhoto/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do Exame INSIGHT

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 10h55.

O balanço do terceiro trimestre não deve ser dos melhores para o Grupo SBF, dono da Centauro e da operação da Nike no Brasil. Mas o mercado está subestimando a melhora nos resultados a partir do fim deste ano, aponta o Bradesco BBI.

O banco acaba de revisar sua recomendação para os papéis de ‘neutra’ para ‘compra’, com preço-alvo de R$ 17 para o fim do próximo ano, um potencial de alta de 45%.

As ações – que sobem pouco mais de 10% no ano, abaixo do Ibovespa e do índice de Small Caps – abriram o pregão de hoje em alta de mais de 3%.

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Primeiro, há um efeito micro, com a operação mais azeitada após diversos trimestres de ajustes.

“A [melhora] na produtividade das lojas da Centauro está endereçada desde o primeiro trimestre e deve persistir por mais trimestres”, escreveu a equipe liderada por Pedro Pinto.

Além disso, o canal de atacado da Fisia, que opera a Nike, finalmente se normalizou, depois de anos sofrendo por conta de descontos derivados de um sobre-estoque brutal no pós-pandemia.

Ainda no micro, a venda recente da plataforma de mídia digital, responsável pelos canais Desimpedidos e Acelerados, e de uma empresa de eventos e live marketing deixou a direção “menos distraída”, o que deve dar força para o core business, aponta o BBI.

Segundo, há bons ventos de cauda mais amplos para impulsionar a companhia.

O câmbio demora cerca de nove meses para chegar aos resultados da companhia: ou seja, a apreciação do real frente ao dólar deve bater nos resultados em 2026, dando um ganho relevante em margem bruta especialmente para a operação da Nike. (O SBF não vinha repassando o dólar mais caro aos preços para preservar competitividade.)

O calendário também ajuda. A Copa do Mundo é tradicionalmente um dos principais eventos de vendas para a varejista esportiva e deve dar impulso ao lucro de 2026.

Nesse contexto, SBF se torna um nome atrativo no setor de varejo de vestuário, especialmente em termos relativos, já que a maior parte do setor deve sofrer para entregar bons resultados com os juros de 15% chegando ao consumo.

“Embora nossas premissas sejam deliberadamente conservadores, com crescimento de um dígito das vendas em 2026 e expansão modesta de margem em relação à base comprimida de 2025, o SBF parece oferecer alavancas relativamente mais sólidas para o momentum de lucro por ação nos próximos 12 meses”, afirmou o time do BBI.

O banco vê espaço para alguma redução de desconto: nas suas contas, o SBF negocia hoje a 5,9 vezes o lucro para o próximo ano, um deságio de 30% em relação aos pares.

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