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Como a Arbor Capital, focada em offshore, quer dobrar de tamanho em um ano

Gestora planeja ter R$ 700 milhões sob gestão em 2024 e lança primeiro fundo para pessoa física neste mês

Leonardo Otero: sócio da gestora reforça rentabilidade acima de 19% ao ano (Arbor Capital/Divulgação)

Leonardo Otero: sócio da gestora reforça rentabilidade acima de 19% ao ano (Arbor Capital/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 14 de julho de 2023 às 08h57.

Última atualização em 14 de julho de 2023 às 11h56.

Uma gestora que nasceu como clube de investimentos no exterior e que, agora, vai chegar à pessoa física. Assim pode ser resumida a trajetória da Arbor Capital, fundada há dez anos por Leonardo Otero e João Victor Valladares, jovens executivos com experiência no mercado financeiro que decidiram empreender. De 2014 a 2020, focaram principalmente em investimentos de família e amigos, reunindo R$ 40 milhões sob gestão, e, há dois anos, decidiram acelerar o negócio de vez. Em 2020, abriram o primeiro fundo e o montante passou para R$ 300 milhões. Agora, devem dobrar de tamanho com mais um fundo, o primeiro aberto a investidores pessoa física, que deve captar R$ 250 milhões. Em 2024, o plano é chegar aos R$ 700 milhões. 

São planos que vêm em um momento de expectativa de retomada para a indústria. Depois de um primeiro semestre recorde em resgates de fundos desde o início da série histórica, em 2002, gestores esperam um segundo semestre mais positivo, na esteira das projeções de redução da Selic. Mesmo em meio ao momento mais amargo para o setor deste início de ano, a maior rentabilidade acumulada nos primeiros seis meses do ano veio de ações no exterior, com um retorno de 11,8%.

É nesse cenário que a gestora disponibiliza ao mercado o primeiro fundo aberto à pessoa física, formado principalmente por ações no exterior. Com cotas de R$ 1.000,00, a tese é investir em papéis que apresentem uma tese de longo prazo e retorno consistente. Em resumo, o mesmo racional usado pela empresa para avançar até aqui. "Desde o início, estamos focados no exterior. A literatura é toda norte-americana, os principais investidores do mundo são de fora do Brasil. Sempre avaliamos que fazia todo sentido e, com isso, conseguimos entregar um retorno tão alto", diz Leonardo Otero, co-fundador da Arbor Capital, ao EXAME IN.

Em uma análise das ações brasileiras feita pela gestora, considerando os últimos 15 anos (com uma TIR nominal calculada em dólar) e 87 papéis, que respondem por 98% do market cap da B3, a gestora aponta que 31% das empresas tiveram retorno real zero ou negativo, 64% tiveram retorno abaixo do juro real e 84% perderam do custo de capital, definido pela gestora como 10% ao ano. "As estatísticas das ações brasileiras são muito desfavoráveis", diz o relatório.

Traduzindo esse cenário em rentabilidade,  a Arbor mostrou a investidores em uma apresentação recente um retorno bruto trimestral de 17,2%, acima tanto do Ibovespa quanto de alguns dos principais índices estrangeiros (Nasdaq, S&P 500 e MSCI World). Em relação aos primeiros seis meses do ano, a história se repete, com 33,5% de retorno bruto, também acima dos demais -- em ambos os casos, não foi considerada a variação cambial. 

Ampliando o horizonte, nos últimos sete anos (também sob a mesma premissa), a gestora entregou um retorno de 32% ao ano. De acordo com os dados apresentados pela Arbor, o MSCI World entregou 11% no mesmo período, o S&P 500, 13%, Nasdaq, 20%, Ibovespa, 23%, CDI, 8% e IPCA+6%, 11%.

O foco da gestora, em linhas gerais, é o de entregar um retorno de CDI+10% anualmente. A estratégia para isso está baseada nos pilares de Qualidade, Crescimento, Valor e Gestão de Risco, em uma abordagem fundamentalista para setores de alta rentabilidade e que tendem a obter a concentração de mercado. Hoje, todos os sócios da Arbor (são seis) investem a maior parte de seu patrimônio nos mesmos veículos dos cotistas.

A maior parte da alocação está na América do Norte, com pouca exposição (cerca de 10% do montante sob gestão) em América Latina e uma parte ainda menor na Ásia. Os principais setores de investimento são o de tecnologia, com ênfase para software, seguido por serviços financeiros, publicidade e propaganda, mídia e entretenimento e semicondutores. Cerca de 45% do patrimônio líquido está alocado em Amazon, Microsoft, S&P Global, TSMC e Visa. O lucro por ação desse combo, projetado para os próximos cinco anos, é de 15%.

Em relação ao cenário mais imediato, descrito por vezes como um 'rali' na esteira da inflação menor nos Estados Unidos, a visão da Arbor é a de que o mercado está corrigindo a queda do ano passado. "Estamos longe de um cenário de euforia. A maior parte das ações ainda não voltou ao preço que atingiu em 2021. Então, sem dúvida estamos no campo construtivo. Não descartamos a chance de recessão, mas estamos mais preocupados com o resultado que as empresas vão apresentar", diz Otero.

Ao mesmo tempo em que acompanha o cenário nos Estados Unidos, a Arbor mantém uma pequena posição na América Latina (formada principalmente por Brasil). Cerca de 10% do patrimônio líquido está investido aqui. Os principais papéis são a PetroRio, que multiplicou o retorno em mais de 100 vezes, segundo a gestora, e o Banco Inter.

"A gente acredita que o banco está sendo punido de forma injusta pelo mercado. A empresa seguiu uma estratégia de crescimento de clientes acelerada. Na nossa opinião, acertada. Não está no seu melhor momento de rentabilidade, mas acreditamos muito no banco sem agência", diz Otero.

De olho em uma agenda de rápido crescimento, a meta da gestora é atingir R$ 700 milhões sob gestão até o fim do ano que vem. Nesse caminho, a Arbor vai abrir fundos para fundações e outros dedicados ao público institucional. "É uma agenda para a qual estamos animados e temos várias conversas muito boas", diz o sócio.

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