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Com Selic massacrando o varejo, Morgan Stanley dá ‘compra’ para Renner

Menos alavancada e com aumento de margem contratado por redução de custos, banco escolhe empresa como sua ‘top pick’; papel avança 1,5%

 (Marcos Gouveia/Divulgação)

(Marcos Gouveia/Divulgação)

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 15h17.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 15h28.

Uma combinação de aumento nas vendas, iniciativas de eficiência e melhora no ambiente competitivo deve levar a um aumento considerável do retorno sobre capital investido da Renner – o que ainda não está nas contas do mercado, na visão do Morgan Stanley.

O banco elevou hoje sua recomendação para os papéis da varejista para ‘compra’, aumentando preço-alvo para os próximos 12 meses de R$ 17 para R$ 22, o que implica um potencial de alta de 21%.

Num dia fraco para o varejo na Bolsa, por conta da disparada dos juros longos, o papel está negociando entre as maiores altas do Ibovespa desde o começo do pregão, com valorização de 1,7% volta das 14h45.

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A menor exposição ao cenário de higher for longer da Selic é, inclusive, uma das vantagens da companhia entre as empresas de varejo no país, aponta o Morgan Stanley.

Com caixa líquido, a linha financeira não tem pressionado o balanço. O resultado financeiro líquido deve ser positivo, representando 2,4% da receita para este ano, nas contas do banco, contra uma mediana negativa em 1,8% das outras empresas do setor sob sua cobertura.

Há ainda um ganho de margem praticamente contratado passados os investimentos para um novo centro de distribuição em Cabreúva, que deve entrar em operação completa no fim do próximo ano. Hoje, ainda há custos de operação duplicados com outros centros.

Com alto nível de automatização, o CD deve dar capacidade à Renner de ser mais assertiva no giro de estoque, lançamento de coleções e, claro, no planejamento de distribuição de seus produtos em sua rede de lojas.

“Com a mudança para um modelo de distribuição de SKU único [por tamanho e cor, versus o modelo anterior de pacotes fechados], vemos maior flexibilidade para abastecer lojas menores de rua e otimizar o estoque geral, apoiando a venda a preço cheio” escrevem os analistas.

A divisão de serviços financeiros também deve dar impulso às vendas: “À medida que a Renner começa a aumentar seletivamente a emissão de crédito de marca própria, isso pode apoiar as vendas em comparação com os anos recentes, onde uma postura restritiva na emissão foi um obstáculo”

As melhorias incluem ainda um cenário competitivo mais favorável com a tributação das encomendas das plataformas cross-border (essencialmente as chinesas) a partir de US$ 50.

Nesse sentido, a chegada da H&M no país, prevista para o próximo ano, não é vista como uma grande ameaça. “O impacto inicial deve ser pequeno e notamos que a competição com o fast fashion internacional já existe com a Zara no Brasil”, diz Ruben.

“Além disso, em meio a um mercado bastante fragmentado no país (no qual a Renner tem 10% de share), vemos espaço para múltiplos operadores acharem seu espaço na cauda longa.”

Com isso, a equipe do MS estima uma taxa de crescimento anual composta de receita de 9% ente 2024 e 2027, bem como uma alta de 13% no Ebitda e um avanço de 14% no lucro por ação.

Nesse cenário, o Morgan Stanley vê o retorno sobre capital investido da Renner saindo de 9% em 2023 para 13% neste ano e atingindo os 19% em 2028. Ainda é abaixo da média de 27% de 2017-2019 – já que nem o varejo e nem serviços financeiros devem retomar completamente os níveis pré-pandemia.

Ainda que tenha subido mais de 50% deste a cotação mínima do ano, em julho, o papel avança apenas 7% em 2024. Nas contas do banco, no patamar atual, isso implica um múltiplo de 11,5 o lucro por ação estimado para 2025, um desconto ainda relevante em relação à média de 20,5 vezes. O preço-alvo de R$ 22 do banco embute um múltiplo de 14x P/L para 2025 e 12,5x para 2026.

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