Exame IN

Com IGC como sócia, OverA nasce com foco em M&As de menor porte

Com 14 mandatos, boutique quer dar tratamento VIP a um mercado hoje pouco coberto no Brasil – e que soma mais de 30% das fusões e aquisições

OverA: empresa mira mercado desassistido (/anyaberkut/Thinkstock)

OverA: empresa mira mercado desassistido (/anyaberkut/Thinkstock)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 11 de setembro de 2023 às 14h58.

Última atualização em 11 de setembro de 2023 às 15h26.

Um mercado de 800 transações por ano, ou 30% do mercado brasileiro de fusões e aquisições. É nesse mar que a OverA, boutique de M&A criada em 2023, quer pescar. A firma se dedica ao "lower middle market", um segmento que, nos Estados Unidos, abrange companhias que valem entre US$ 10 milhões e US$ 100 milhões. Por aqui, ainda é difícil cravar valores exatos, segundo Felipe Petersen, fundador e CEO.

"Se a gente está falando de uma revenda agrícola, um faturamento de R$ 100 milhões está dentro do nosso nicho. Já se for uma empresa de ensino básico, uma receita de R$ 15 milhões faz bastante sentido. Procuramos muito mais ter uma atuação profunda em cada segmento do que fazer um corte só por receita", afirma o executivo.

A boutique mira empresas que estão em uma etapa anterior do que a IGC Partners, uma das maiores casas de M&As do Brasil, atende. Não se trata de uma coincidência. Antes de partir para a trajetória empreendedora -- algo que sempre teve em mente -- Petersen trabalhou na companhia (antes disso, teve passagens por Velt, Gávea e Stone).

A partir do dia a dia de trabalho e de conversas com Dimitri Abudi, sócio da IGC, para atender empresários que batiam na porta mas, por algum motivo, não conseguiam ser atendidos, ambos se uniram para criar a OverA. A IGC tem hoje 28% da casa recém-criada.

"O mercado em que a gente atua tem mais ou menos 20 mil empresas, que sempre estão fazendo negócios, em um volume constante anualmente. Somos, também, 100% focados no lado do vendedor", diz Petersen.

Com pouco mais de seis meses de vida, a boutique já acumula 14 mandatos e um negócio fechado: a compra da Interep pela Mondee, ambas do setor de turismo, em um negócio de US$ 8,7 milhões. No início do ano, eram seis funcionários e, hoje, são 15.

A demanda por novos negócios segue em alta, tanto de investidores locais como estrangeiros, sempre com o foco da assessoria em fazer negócios estratégicos e com foco em transações de 100% do capital social das empresas -- ou seja, há pouca intersecção com o venture capital.

Para se diferenciar em um segmento com tantas transações, a assessoria de investimentos também aposta em tecnologia. Especialmente na parte de mapeamento e seleção de potenciais alvos para uma aquisição, automatizando processos relacionados ao contato com essas empresas.

Além disso, disponibiliza um software que permite às companhias clientes acompanhar em que fase do processo de M&A elas estão -- se uma empresa já assinou NDA, se mandou perguntas sobre o negócio e assim por diante. O foco é trazer transparência ao processo.

São fatores que corroboram a missão de se aproximar de empresas que frequentemente são desassistidas no processo de fusão ou aquisição, mostrando o foco no nicho -- um diferencial no qual aposta para o futuro.

"Há boutiques hoje que atendem esse segmento, mas não o têm como foco. Já conversei com um cliente que passou por outra casa e que disse 'quando eu entrei, eu era o Neymar, mas no dia seguinte contrataram o Messi e me colocaram no banco de reserva'. Ele até era atendido, mas nunca foi o foco de ninguém", diz o CEO.

Por esse motivo, somado a um mercado resiliente de transações, a OverA quer crescer focada nesse segmento. Por enquanto, não há a pretensão de se tornar uma assessoria de investimentos que atende a companhias maiores.

"O Brasil é um mercado gigantesco. Estamos com risco diversificado entre todos os setores e temos uma demanda estável", diz.

Acompanhe tudo sobre:Fusões e AquisiçõesEmpresasgestao-de-negocios

Mais de Exame IN

Unipar capta R$ 673 milhões com BNDES para modernização de Cubatão

Fim da guerra da cerveja? Pelas vendas de setembro, a estratégia da Petrópolis está mudando

“Equilíbrio fiscal não existe, mas estamos longe de uma crise”, diz Felipe Salto

Mais Porto, menos Seguro: Diversificação leva companhia a novo patamar na bolsa