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Com empresa de R$ 8 bi, Fleury e Hermes Pardini buscam protagonismo no setor

Sinergias podem levar à expansão de pelo menos 10% do Ebitda combinado, que é de R$ 1,6 bilhão anual

Fleury e Hermes Pardini: regiões e modelos de negócios complementares (Leandro Fonseca/Exame)

Fleury e Hermes Pardini: regiões e modelos de negócios complementares (Leandro Fonseca/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 30 de junho de 2022 às 14h49.

Última atualização em 1 de julho de 2022 às 09h47.

O casamento entre Fleury e Hermes Pardini aconteceu em 2022, mas a ideia dessa combinação já tem quase uma década. Em 2014, com a gestora de recursos Gávea como madrinha, essa união chegou perto das vias de fato. Agora, ocorre quando ambas as companhias decidiram que é chegada a hora de uma consolidação maior e de buscar o papel de protagonista e líder setorial.

Na visão de Jeanne Tsutsui, CEO do Fleury, e de Roberto Santoro, CEO do Hemes Pardini, a operação deixa as empresas mais preparadas para um posicionamento ainda mais forte em “medicina diagnóstica e suas adjacências”.

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Juntas, as empresas têm uma receita líquida de R$ 6,1 bilhões e um Ebitda de R$ 1,6 bilhão, considerando os números dos últimos 12 meses, até março. A expectativa é que as sinergias potenciais, de R$ 160 milhões a R$ 190 milhões na linha do Ebitda, poderão estar 90% incorporadas a partir do terceiro ano de vida da companhia combinada. "Vamos começar agora a estudar melhor essa curva", diz Jeanne, lembrando que dentro dos limites permitidos pela legislação da concorrência, até aprovação pelo Cade.

“Estamos num momento de ressignificação da medicina diagnóstica, dentro de um contexto de aumento das preocupações com prevenção e atenção primária”, comenta Santoro. “E lembrando que os exames são decisivos no processo diagnóstico. Estão envolvidos em cerca de 60% dos diagnósticos”, completa o executivo.

Não só as regiões de atuação são complementares como também os modelos de negócio. Enquanto Fleury é bastante forte no Sul e Sudeste do país, Hermes Pardini tem presença marcante em Goiás, Pará e Minas Gerais. Questionados sobre qual participação de mercado terão juntas, os executivos explicaram que o cálculo ainda não está pronto. “Mas saúde é um mercado ainda muito fragmentado de forma geral. As cinco maiores empresas de diagnóstico juntas têm 33% de participação”, comenta Jeane.

Além disso, Fleury tem uma estrutura calcada na presença física de unidades laboratoriais. Já Hermes Pardini tem bastante experiência numa atuação “lab to lab” e, com esse modelo, alcança 2.000 municípios do país.

Antes de chegarem ao casamento, ambos os negócios amadureceram e cresceram. Jeanne conta, em entrevista ao EXAME IN, que o Grupo Fleury fez 14 aquisições ao longo dos últimos cinco anos – metade delas em 2021 e 2022. Já o Hermes Pardini, de acordo com Santoro, acumula 17 aquisições na última década.

Com a forte reação positiva das ações de ambas as empresas hoje em bolsa, surgirá uma empresa com uma avaliação de mercado pouco inferior a R$ 8 bilhões. Os papéis de Fleury mostram valorização superior a 16% e de Hermes Pardini, acima de 23%.

Esse valor não considera uma possível capitalização que Fleury pode vir a fazer antes do fechamento da transação, de até R$ 1 bilhão (a preços de hoje). Considerando a posição de março, as empresas têm juntas dívida líquida de R$ 1,6 bilhão, o equivale a uma alavancagem de aproximadamente 1 vez Ebitda — situação bastante confortável, em especial para duas consolidadoras de mercado.

Jeane explica que se a emissão de ações for realizada, a ideia é que ajude a manter a estrutura de capital saudável, em especial nesse momento de aumento do custo do dinheiro com o cenário macroeconômico, e ao mesmo tempo dê espaço para que os movimentos de expansão continuem.

Se houver uma decisão por fazer a captação, ela pode ser tanto por meio de uma oferta pública em bolsa quanto um aumento de capital privado, explicou a CEO da empresa. Atualmente, a Bradesco Seguros possui quase 30% do capital do Grupo Fleury e com a absorção de Hermes Pardini, essa fatia seria reduzida a 20%, aproximadamente. O grupo de médicos e sócios de referência da empresa, que hoje somam pouco menos de 19,5% do capital, também teriam a fatia diluída para perto de 13%.

Os irmãos Pardini, sem considerar nenhuma capitalização de Fleury, terão o equivalente a 7,3% cada da empresa combinada. Somados, portanto, ficariam com quase 22% do negócio — uma soma maior que a dos médicos e sócios originais do Fleury e até que o próprio Bradesco. Um aumento de capital privado, portanto, permitiria que os atuais acionistas de Fleury buscassem uma posição mais forte na companhia resultante. Cada irmão poderá se eleger ou indicar um representante para compor o conselho da empresa resultante, segundo Jeanne. O conselho do Fleury pode ter entre 7 e 11 membros e atualmente conta com 10 participantes.

Como a base total de Hermes Pardini representará pouco menos de 33% da empresa combinada, a participação na governança é proporcional à formação do capital. Questionados sobre como ficará a formação executiva da nova empresa, Jeanne e Santoro afirmaram que a questão ainda não foi definida. Que até o momento, os esforços estão concentrados no acerto das condições do negócio.

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