Latam: relistagem e follow on de ADRs na Nyse devem trazer liquidez
Repórter Exame IN
Publicado em 11 de julho de 2024 às 18h45.
Última atualização em 11 de julho de 2024 às 18h48.
A equipe do Itaú BBA iniciou a cobertura da Latam Airlines, recomendando compra à companhia aérea e estabelecendo um preço-alvo de 17,5 pesos chilenos, um prêmio de 41% em meio à expectativa da relistagem da companhia em Nova York e aos bons números operacionais recentes. O papel ainda não voltou a ser negociado na Nyse.
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O movimento reforça a saída exitosa da companhia do Chapter 11, há quase dois anos, com "um cenário promissor impulsionado por uma avaliação atrativa, reestruturação bem-sucedida e dinâmicas positivas de demanda".
A Latam está sendo negociada a um valuation de 4,5 vezes para 2025, um desconto de 35% em relação aos níveis históricos, enquanto sua dívida líquida/EBITDA caiu para 2 vezes, comparado a cerca de 4 vezes entre 2018e 2019.
Além disso, a expectativa é de que o Ebitda por aeronave aumente 20% em 2024 em relação a 2019, refletindo uma estratégia forte de aumento de capacidade e uma projeção revisada para cima, destaca o relatório de Gabriel Rezende, Pablo Fernández, Daniel Gasparete e Luiz Capistrano.
Somado a isso, a relistagem dos recibos de ações (ADRs) em Nova York deve ser importante alavanca para o papel. Recentemente o conselho da Latam aprovou a operação, prevista para outubro e que deve trazer injeção de liquidez para o papel, especialmente porque a empresa também planeja uma oferta secundária de pelo menos US$ 200 milhões, para diminuir a fatia da Sixth Street e da Strategic Value Partners, investidores financeiros que entram na composição acionária após a recuperação judicial
"Assumindo que os acionistas financeiros mantenham uma participação de 25% (atualmente em 44%), estimamos que o free float das ações poderia aumentar em cerca de 60%", calcula o time.
A oferta secundária também deve deixar mais relevantes acionistas estratégicos, como Grupo Cueto, Delta Airlines e Qatar Airways (e que têm restrição de venda até 2026, pelo acordo do Chapter 11). Considerando o cenário em que os acionistas financeiros mantenham uma participação majoritária combinada e os antigos acionistas não participem da oferta, uma maior relevância relativa do trio poderia ser positiva, diz o banco. "Como evidenciado pela longa e bem-sucedida história da Latam antes da pandemia."
Ainda a favor da empresa, a pandemia alterou significativamente o cenário da aviação, favorecendo a Latam Airlines em seus mercados-chave. No Brasil, a empresa agora lidera o mercado com 39% do tráfego doméstico, com Azul tendo renegociado suas dívidas com credores e a Gol -- com quem tem mais overlap de rotas -- mais pressionada por seu processo de Chapter 11 iniciado neste ano. A Latam também é dominante no Chile, com 61% do mercado, e no Peru, com 63%.
No entanto, a Latam enfrenta desafios relacionados à cadeia de suprimentos, preços do petróleo e câmbio. A indústria aeroespacial continua a enfrentar gargalos, especialmente em relação à vida útil dos motores, com atrasos nas entregas de Boeing e Airbus.
Além disso, um aumento de 10% nos preços do petróleo exigiria que a Latam aumentasse a receita de passageiros em 2,5%.
Mas, embora existam desafios, a empresa parece bem equipada para enfrentá-los e continuar seu crescimento nos próximos anos, segundo o BBA.
No ano, os papéis da Latam, negociados em Santiago, acumulam alta de 31% e a empresa vale US$ 8,5 bilhões.