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Com aumento de margens, Oncoclínicas reverte prejuízo no 2º trimestre

Rede de tratamento oncológico segue mirando aquisições e rebate críticas da gestora Polo

Oncoclínicas: companhia tem 400 clínicas mapeadas para possíveis aquisições, diz o CEO (Oncoclínicas/Divulgação)

Oncoclínicas: companhia tem 400 clínicas mapeadas para possíveis aquisições, diz o CEO (Oncoclínicas/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 14 de agosto de 2023 às 17h49.

Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 18h47.

No primeiro resultado desde um follow-on que aumentou substancialmente a liquidez do papel, a Oncoclínicas reverteu o prejuízo de R$ 24 milhões e reportou lucro líquido de R$ 35 milhões no segundo trimestre.

Uma alavancagem operacional, com aumento de receita e maior disciplina de custos, ajuda a explicar o resultado, afirma o CEO Bruno Ferrari.

"Nossos ganhos expressivos são de competência e ganho operacional, o que também tem nos dado ganhos de participação de mercado. Por isso, o grupo é competitivo na atração de novos médicos e para novas joint ventures", diz Ferrari.

Os estoques ficaram mais ajustados e os prazos negociados com os fornecedores foram prolongados. Os custos, que representavam 24% da receita, passaram a 15% e levaram a margem Ebitda a saltar 5,3 pontos percentuais, para 19,7%.

Excluindo os planos de incentivo de stock options para os executivos, que têm efeito não caixa, o Ebitda mais do que dobrou, alcançando R$ 268,4 milhões.

No trimestre, a receita subiu 31%, para R$ 1,4 bilhão. Desta cifra, 60% veio do crescimento orgânico. Nos últimos anos, a companhia somou parcerias – como as joint ventures com Porto e Unimed – e aquisições, o que ajudou a aumentar a receita e trouxe mais médicos para a base: de 2,2 mil há um ano, chegou a 2,7 mil oncologistas no segundo semestre.

O número de tratamentos prestados aos pacientes aumentou 40,8% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo um total de 157,4 mil.

A empresa segue com sua estratégia de aquisições, afirma o CFO Cristiano Camargo. “No nosso pipeline tem um grande número de oportunidades, o que envolve mais aquisições de clínicas”, diz.

A empresa tem mais de 400 clínicas mapeadas. Hoje, a empresa é dona de 18% do market share com 134 clínicas e seis centros especializados, chamados de cancer centers. Considerando a ambição da companhia, cuja estratégia passa por ter unidades em cada cidade com 85 mil habitantes ou mais, pelo menos mais seis cancer centers seriam precisos

Com o custo de dívida caro e o endividamento na casa de 2,9 vezes o Ebitda, as ações da companhia viram moeda de troca. Desde o começo do ano, o papel valorizou 101%. Desde o IPO, em agosto de 2021, ainda é preciso reverter as perdas, que somam 38%.

Em junho, na época do follow-on, a Oncoclínicas foi alvo de críticas da gestora Polo, que publicou uma carta para questionar as melhorias nos números que a Oncoclínicas reportou nos últimos trimestres.

Na mira estava a forma como a empresa estava lançando os valores pagos de exclusividade aos médicos que passavam a fazer parte da companhia, uma espécie de luva.

Para a gestora, isso deveria ser lançado como custo, mas a companhia faz os lançamentos como ativo intangível. "Aparece como despesa de amortização e no meu balanço do mesmo jeito. Ao longo de cinco anos afeta meu lucro do mesmo jeito", rebate Camargo.

A ação chegou a cair forte no dia de divulgação da carta, mas de lá para cá já valorizaram 20%.

"Os direitos de exclusividade não são a mesma coisa que a remuneração dos serviços dos médicos. Os salários dos médicos sempre foram e continuam sendo registrados diretamente na linha de custos da empresa, enquanto os direitos de exclusividade são contabilizados no balanço patrimonial, de acordo com as normas contábeis aplicáveis atuais", afirmou o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) em relatório de início de cobertura do papel, para o qual recomenda compra e preço-alvo de R$ 17,50 — uma valorização de 50%.

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