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“Big Brother” das frotas, Cobli recebe aporte de US$ 35 mi do SoftBank

A startup brasileira, fundada em 2017, oferece um serviço de coleta e análise de dados que ajuda empresas a gerenciar suas frotas de caminhões e ambulâncias

Rodrigo Mourad, presidente da Cobli: com a rodada série B, a startup planeja desenvolver novos produtos e construir um ecossistema digital de soluções para logística 
 (Cobli/Divulgação)

Rodrigo Mourad, presidente da Cobli: com a rodada série B, a startup planeja desenvolver novos produtos e construir um ecossistema digital de soluções para logística (Cobli/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 21 de julho de 2021 às 05h30.

Última atualização em 21 de julho de 2021 às 11h12.

Visibilidade: essa é a primeira necessidade das empresas que buscam os serviços da startup brasileira Cobli. A companhia, fundada em 2017 pelos empreendedores Parker Treacy e Rodrigo Mourad, é um “Big Brother" para os clientes que precisam gerenciar frotas de caminhões, carros e ambulâncias pelas cidades do país. Com um dispositivo pequeno instalado nos veículos, a startup coleta dados e ajuda os gestores logísticos clientes a analisar informações sobre as rotas e a qualidade da direção dos motoristas. O preço? Uma mensalidade de pouco menos de R$ 100 por veículo monitorado.

O negócio, que já era promissor antes da pandemia, se tornou ainda mais necessário depois dela. Com as medidas de distanciamento social impulsionando o e-commerce e as alternativas de gestão remota de trabalho, a Cobli foi procurada como nunca. Ao longo de 2020, a empresa cresceu mais de 100% e tem hoje uma base de mais de 3.000 empresas clientes em 150 cidades do país.

O crescimento acelerado fez os fundadores adiantarem o plano de captar dinheiro para expandir a oferta de produtos. Nesta quarta-feira, 21, a startup anuncia ter concluído sua rodada de investimento série B, de US$ 35 milhões (R$ 175 milhões), liderada pelo SoftBank e com a participação da Qualcomm Ventures e dos antigos investidores NXTP Ventures, Fifth Wall e Valor Capital.

“A Cobli está ajudando a impulsionar a evolução do setor de transporte e logística na América Latina. Estamos animados em nos juntar e apoiar essa missão de trazer dados, insights e eficiência para as frotas em toda a região”, diz Matt Pieterse, investidor do SoftBank, em nota.

Já Michel Glezer, diretor da Qualcomm Ventures, destaca o potencial da tecnologia da empresa para aumentar a eficiência operacional e a visibilidade das frotas na região. “Estamos entusiasmados em investir na Cobli para acelerar a adoção de frotas conectadas, impulsionando ainda mais o crescimento dos setores automotivo e logístico.”

A última rodada da empresa havia sido em 2019, quando captou US$ 10 milhões. Em entrevista ao EXAME IN, Rodrigo Mourad, que preside a operação, disse que parte do capital da série A ainda está no caixa da empresa. A nova rodada aconteceu, segundo o fundador, não por necessidade, mas para alavancar uma nova estratégia de crescimento. No centro dela está o investimento em pessoas — o time, hoje com 200 funcionários, deve chegar até o final de 2022 à marca de 500. As áreas de tecnologia, produto, vendas e sucesso do cliente são as que mais devem crescer.

As contratações darão suporte a duas avenidas de crescimento da Cobli. A primeira é a expansão do produto atual, fornecendo mais dados e inteligência para os clientes. "Queremos tratar os dados, dar mais alertas e notificações, ajudando as empresas de maneira mais preditiva", diz o cofundador.

Hoje, por exemplo, a startup usa sua inteligência artificial para relacionar como a qualidade da direção impacta no gasto de combustível, informando aos gestores quando detecta um comportamento potencialmente prejudicial. A ideia é conseguir trazer cada dia mais informações como essa para a plataforma.

A empresa também planeja usar câmeras dentro e fora dos veículos para gerar mais dados para as empresas clientes. O serviço atual usa sensores como GPS, acelerômetro e temperatura para fazer as análises, mas ter imagens do motorista e da rua permitirá que a tecnologia da startup confirme a identidade de quem está no veículo ou garanta o cumprimento das normas de segurança, por exemplo. "Os testes já estão sendo conduzidos com clientes e o serviço deve ser disponibilizado em massa no início do ano que vem", diz Mourad.

A segunda avenida a ser explorada é a criação de um ecossistema voltado para logística. A Cobli percebeu que pode se associar a outras empresas para ter acesso a mais dados relevantes para os clientes. Um exemplo, que já está vigente há três meses, é a parceria com a Alelo e a Sodexo para reduzir os custos de combustível. Combinando o serviço de rotas da Cobli com a informação do preço do combustível em cada posto fornecida pelas gestoras de benefícios, os clientes da startup que usam a solução conseguiram reduzir em cerca de 5% os gastos.

Nessa mesma linha, a empresa está desenvolvendo parcerias com seguradoras para tentar diminuir os custos das apólices e criar modelos mais flexíveis com base nos dados de direção de cada veículo. O plano é começar a oferecer o serviço até o começo do ano que vem. "Consideramos também parcerias com montadoras, locadoras e empresas de software de gestão. A ideia é continuar expandindo, quando mais robusto o ecossistema, maior o valor para todo mundo que entra", afirma Mourad.

O fundador garante que pelos próximos dois anos a companhia está focada na expansão da sua operação brasileira. A final, dos cerca de 10 milhões de veículos comerciais existentes no país, a startup tem menos de 100.000 como clientes. Só em 2023, quando os projetos atuais estiverem na rua, a empresa cogita ir para outro país da América Latina. “O potencial no Brasil é infinitamente grande, temos muita coisa para fazer ainda."

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