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Portos: CLI parte para consolidação e compra terminais da Rumo por R$ 1,4 bi

Controlada da IG4 agora terá gestora Macquaire como sócia e já planeja novas aquisições e IPO

Porto de Santos: CLI assume dois dos maiores terminais de grãos e açúcar (Leandro Fonseca/Exame)

Porto de Santos: CLI assume dois dos maiores terminais de grãos e açúcar (Leandro Fonseca/Exame)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 16 de julho de 2022 às 13h27.

Última atualização em 16 de julho de 2022 às 13h27.

A CLI, uma das quatro operadoras do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) e controlada pela gestora de fundos de private equity IG4 Capital, acaba de se transformar na maior empresa independente de terminais portuários do Brasil com a compra de dois dos maiores terminais de grãos e açúcar do complexo de Santos (SP), até então detidos pela Rumo ALL. A transação foi anunciada ontem à noite por R$ 1,4 bilhão.

O negócio envolve 80% do T16 e do T19 — a fatia restante permanece com a Rumo, companhia do Grupo Cosan — e a capacidade de elevação da CLI vai aumentar de 4 milhões de toneladas para 20 milhões. Apesar de deter 25% do Tegram, a companhia da IG4 já responde hoje por 35% de todo volume movimentado no terminal maranhense.

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Os planos da CLI não param por aí. De olho ao movimento global de desverticalização do setor, a companhia já tem outros ativos na mira, conforme o EXAME IN apurou com fontes próximas. O Sul do país torna-se agora uma região naturalmente complementar para o portfólio.

Após um namoro iniciado na tentativa da IG4 de adquirir a participação da Andrade Gutierrez na CCR, de mobilidade, a gestora fundada por Paulo Mattos atraiu a Macquaire Asset Management como sócia — divisão de investimento do banco australiano Macquaire e maior casa global dedicada à infraestrutura. O fundo aportará R$ 500 milhões na CLI e se tornará dono de 50% da empresa.

O tamanho do parceiro, com quase US$ 600 bilhões em ativos globais, é a evidência do tamanho dos planos. Além do aporte de capital, o restante da transação será financiada pelos bancos BTG Pactual e Bradesco.

A trajetória da CLI lembra a da Iguá Saneamento. Adquirida pela IG4 também por meio de uma reestruturação de dívida, e que mais à frente atraiu fundos de longo prazo para a empresa. Na companhia de saneamento duas casas canadenses tornaram-se investidores, a AimCo e o CPP.

Assim como consta no projeto da Iguá, a CLI deve entrar na rota de uma oferta pública inicial (IPO) tão logo haja uma melhor no ambiente do mercado de capitais. Com os recursos da Mcquaire no caixa, a empresa alcançou um valuation de R$ 1 bilhão. A companhia será um ativo relevante para aproximação do setor de agronegócios brasileiro com investidores. Responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o agronegócio ainda é pouco representado na bolsa. Apesar de nos últimos de forte atividade em ofertas públicas diversos negócios ligados ao setor terem alcançado a B3, a presença ainda é muito desproporcional à relevância da atividade para o país.

Com a transação, ficou combinado que haverá um investimento de R$ 600 milhões nos terminais santistas nos próximos anos, para ampliar a capacidade em 20%. Após a compra pela IG4, a CLI já recebeu R$ 400 milhões em investimento para modernização e avanços na capacidade. O movimento da Rumo ALL, de desinvestimento nos terminais portuários, também é reflexo do processo de desverticalização que vem ocorrendo em todo o mundo, no qual os ativos passam a ser operados de forma independente e não mais dentro de tradings de grãos ou empresas de ferrovia e transporte marítimo. A Rumo permancerá como sócia minoritária, com 20% dos ativos vendidos, e também mantém no portfólio os terminais TXXXIX, TGG e TERMAG.

 

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